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12/12/2009 - 09:36

Ferrovias em debate

Depois de mais de duas décadas de estagnação econômica, o Brasil voltou a investir pesado em grandes obras de infraestrutura. Novas hidrelétricas, estradas e ferrovias começam a sair do papel. Décadas depois do criminoso sucateamento de nosso parque e de nossa indústria ferroviária, os trilhos surgem como alternativa fundamental para assegurar o aumento da competitividade de nossa economia, no transporte de carga e de passageiros.

A estrela do renascimento ferroviário, ao que tudo indica, será o Trem de Alta Velocidade (TAV), Com a aproximação da Copa do Mundo (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016) no Brasil, o TAV prevê a ligação entre Campinas e Rio de Janeiro, com projeções de iniciar a operação transportando 32 milhões de passageiros/ano na próxima década e atingir até 100 milhões de passageiros/ano em 2044. Há estações planejadas para atender os aeroportos internacionais de Viracopos, Guarulhos e do Galeão.

O TAV permitirá fazer a viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro em 1h33min, à velocidade média de 280 km/h. O projeto está orçado em R$ 34,6 bilhões pelo Governo Federal e sairá do papel com a participação de investidores privados.

Para debater o tema, Guarulhos promoveu há dias o seminário “Brasil nos Trilhos”, que contou com a participação do ministro Guido Mantega, representantes do Governo Federal e do Estado de São Paulo, prefeitos, professores universitários e especialistas na área de transportes. O seminário mobilizou mais de 700 pessoas e discutiu, além do TAV, dois outros projetos do Governo Estadual: o Expresso Aeroporto e o Trem de Guarulhos.

Não há dúvidas de que a perspectiva de um novo boom ferroviário é muito importante. Imagine-se o que isso representará em termos de novas indústrias, centros de operacionais, demanda por mão de obra e serviços. Mas os especialistas alertam para a necessidade de que os projetos federais e estaduais “conversem” entre si. Não é possível imaginar dois planejamentos estratégicos em transportes tocados de forma independente. Assim como não é possível imaginar projetos dessa envergadura sem o envolvimento profundo das comunidades. Veja-se o caso do TAV e do Expresso Aeroporto: será que existe espaço para duas ligações ferroviárias, por exemplo, no trecho entre São Paulo e o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos?

Pior, o Trem de Guarulhos e o Expresso Aeroporto correrão sobre os mesmos trilhos. No trem de Guarulhos, estima-se que o passageiro pagará R$ 2,50 por viagem, uma ótima opção às mais de 110 mil viagens realizadas diariamente entre as duas cidades. Uma pena que a última estação seja o Parque Cecap. Quem quiser seguir para o aeroporto, terá de fazer uso trem expresso, com saída da Estação da Luz, e tarifa de R$ 35. Será que isso é justo?

Trilhos, trens, estações, geram impacto. Positivo, é claro, mas que pode se transformar em atraso econômico, se os trilhos não forem acompanhados pelo planejamento adequado. É hora de as cidades se mobilizarem para discutir o tema. Antes que seja tarde demais.

. Por: Sebastião Almeida, prefeito de Guarulhos

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