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16/12/2009 - 10:56

Aposentadoria e qualidade de vida

Ter uma vida tranquila, com saúde e com algum dinheiro de sobra para realizar desejos acumulados durante décadas dedicadas intensamente ao trabalho. Esse é o sonho – se não de todos – da grande maioria dos trabalhadores, assim que chega a tão esperada aposentadoria. Muitas vezes, porém, ao se ter o primeiro contato com o dinheiro a receber da Previdência Social, a realidade que se apresenta é completamente diferente. Os gastos superam os proventos, obrigando inúmeros aposentados a continuar a dura rotina da labuta.

A realidade se torna ainda mais dura ao se ter consciência de que os ganhos não são para luxos como viagens ao exterior, excursões pelo Brasil, pescarias com amigos ou outras formas de merecido lazer. Para pais de família, na maioria dos casos, continuam os gastos com estudos dos filhos e netos, planos de saúde, ambos cada vez mais caros, além dos gastos para manter o sustento do lar. A qualidade de vida tão almejada dá lugar, então, a uma frustrante percepção. Se antes o suor no trabalho tinha um objetivo final, justamente a aposentadoria, nessa nova fase o trabalho torna-se ainda mais pesado, com menos energias para enfrentá-lo e, pior, com poucos sonhos.

O trabalhador brasileiro tem notado que a contribuição à Previdência, por si só, não é mais garantia de tranquilidade financeira na aposentadoria. A informação de que a expectativa de vida no Brasil tem aumentado ano após ano, por conta dos avanços da medicina e da tecnologia, dá peso maior à seguinte equação: mais vida, pouca aposentadoria, mais trabalho. Em dez anos, a expectativa cresceu 3,3 anos. Atualmente, é de 72,86 anos, de acordo com a última Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tal cenário tem causado uma mudança no comportamento dos jovens em começo de carreira e mesmo no dos não tão jovens assim. Ambos têm buscado alternativas para não depender exclusivamente do INSS. A Previdência Privada é uma das soluções, assim como o investimento, desde cedo, na poupança e também em outros tipos de fundos. A tranqüilidade do futuro está diretamente ligada a tais iniciativas.

Quando se fala em qualidade de vida na terceira idade, duas vertentes são essenciais: a saúde física e emocional e a independência financeira. Não se aproveita os benefícios financeiros da aposentadoria sem saúde, bem como, mesmo com saúde plena, não se consegue aproveitar bem o tempo, realizando sonhos de viagens e outros tantos ligados ao lazer e ao bem-estar, sem que haja verba suficiente.

Para aproveitar intensamente a liberdade conquistada com a aposentadoria é preciso pensá-la precocemente. Cuidar da saúde física e financeira é tarefa a ser executada desde cedo. A medicina já dá condições de “manter” uma pessoa viva através de aparelhos, mas a longevidade com qualidade é de responsabilidade individual.

Adotar hábitos saudáveis, realizar um acompanhamento médico periódico no decorrer dos anos são algumas medidas que certamente trarão uma velhice harmoniosa. A mesma atenção merece o bolso. Para isso, não há grandes fórmulas. A preocupação em poupar, ainda quando se está em atividade, é a chave para aquela aposentadoria tão sonhada e merecida.

Em relação à recomposição do valor das aposentadorias, vários projetos tramitam no Congresso, entre eles o que prevê um reajuste anual mais próximo do reajuste do salário mínimo para os que têm benefícios acima do piso (correção pela inflação, mais a metade do percentual de crescimento do PIB); o que prevê a recomposição dos valores dos benefícios em número de salários mínimos recebidos no ato da aposentadoria; o que prevê o fim do fator previdenciário, o tão odiado redutor aplicado sobre o valor da aposentadoria levando-se em conta o período entre a idade na hora de pedido do benefício e a expectativa de vida do IBGE; e o que prevê a introdução da fórmula 85/95, a primeira para mulheres e a segunda para homens. O governo só aceita o fim do fator previdenciário se essa fórmula for aprovada (a soma do tempo de contribuição com a idade deve atingir 85 ou 95).

Até o momento da conclusão desse artigo, nenhum projeto estava aprovado, nem mesmo havia sido anunciado pelo governo Lula o percentual de reajuste das aposentadorias em 2010. A promessa é de um reajuste já, e sem aguardar aprovação de projetos, na fórmula “inflação mais metade da expansão do PIB”, algo próximo a 6%. Que os aposentados não cheguem ao novo ano com mais um pesadelo. Boas Festas.

. Por: Milton Dallari, conselheiro da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp e diretor de administração e finanças do Sebrae-SP.

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