Brasil-Teerã, via Caracas

A aprovação pelo nosso Congresso da entrada da Venezuela no Mercosul aponta para diversas oportunidades comerciais e estratégicas pouco divulgadas. Evidentemente que ainda resta o crivo pelo Paraguai para a efetiva participação dos venezuelanos nesse bloco, mas algumas medidas provavelmente já devem estar sendo analisadas.

No ramo da indústria bélica, uma das maiores do mundo, o Brasil pode se preparar para uma retomada de posição ocupada de maneira importante no passado. Nossa indústria de defesa possui uma capacidade de mobilização destacada, além de compatível quadro de disponibilidade de plantas industriais para fabricação de artefatos de guerra.

Atualmente, vimos que da América Central para baixo há uma crescente atuação para atualização do poder de defesa, além dos já divulgados e controversos acordos, como o firmado entre Colômbia e Estados Unidos.

Para o Brasil, eventualmente, deve-se considerar que a visita do presidente do Irã na região poderia ter suscitado oportunidades comerciais entre os países na venda de armas e artefatos bélicos.

Até mesmo uma eventual rota de exportação brasileira já estaria montada, com o aproveitamento de um voo, modelo Airbus, operado pela empresa venezuelana Conviasa, com capacidade para 290 passageiros, que liga as capitais Caracas-Damasco-Teerã duas vezes por mês. Apesar de o avião raramente estar com a capacidade de passageiros completa, operando sem rentabilidade nesse segmento, a ocupação do espaço destinado a cargas poderá valer a pena a operação.

Com os acordos em andamento e com a entrada da Venezuela no Mercosul, o Brasil terá revitalizada uma parte de sua indústria de defesa, dotada de altíssima tecnologia e capacidade de fabricação, que, porém, necessita de um maior incremento na exploração de novos e antigos mercados, garantindo posição de destaque e rentabilidade.

. Por: Antonio Carlos Porto Araujo é consultor de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan | E-mail: [email protected].