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15/05/2007 - 10:05

Dedini anuncia avanço na fabricação de álcool de celulose

São Paulo - A empresa brasileira Dedini anunciou na segunda-feira ter encontrado uma forma de produzir etanol em escala industrial a partir de restos vegetais, o que pode revolucionar o setor por ampliar a produção de combustíveis sem prejuízo de culturas alimentícias, como o milho ou a cana para açúcar.

A Dedini, importante fabricante de equipamentos para usinas de açúcar e álcool, disse ter desenvolvido uma tecnologia de produção economicamente viável com base no material celulósico.

"É competitivo com o petróleo a partir de 42 dólares por barril", disse o vice-presidente de operações da Dedini, José Luiz Olivério, durante um seminário na Fiesp, em São Paulo.

O avanço da tecnologia para a produção de etanol de celulose pode enfraquecer os argumentos de críticos, como o cubano Fidel Castro ou o venezuelano Hugo Chávez, para quem a ênfase mundial da atualidade em biocombustíveis vai pressionar o fornecimento de alimentos e agravar a fome no mundo.

A Dedini tem relações comerciais com todas as 357 usinas brasileiras de açúcar e álcool. A Usina São Luiz, que pertence à empresa e fica no Estado de São Paulo, começou a produzir em 2002 etanol de material celulósico extraído do bagaço da cana, a um custo de cerca de 40 centavos de dólar por litro. Mas os custos de produção caíram desde então, graças a melhorias tecnológicas, e agora o produto sai a menos de 27 centavos de dólar por litro, segundo Olivério.

O Brasil tem o mercado de biocombustíveis mais avançado do mundo, com 30 anos de experiência desde o Proalcool. Especialistas dizem que as melhores usinas brasileiras conseguem produzir álcool combustível a partir de cana a 18 centavos de dólar por litro, ou até menos.

O bagaço normalmente é queimado para alimentar os geradores das próprias usinas, ou então o excesso é vendido como matéria-prima para ração.

Muitas usinas chegaram a instalar antiquadas fornalhas para queimar o excesso de bagaço, pois do contrário elas teriam de arcar com os custos do despejo do material.

"Isso poderá ampliar a produção de etanol de uma usina em 30 por cento sem que se plante um só pé de cana adicional", disse Olivério.

Segundo ele, a tecnologia se baseia em um banho químico com ácido que quebra as fibras protetoras de lignina na cana, permitindo que um tipo de célula de açúcar seja retirada.

"Esse tipo de método com ácido inibe a fermentação do xarope que sai dos açúcares do bagaço, então as usinas terão de descobrir como superar isso," alertou o professor Carlos Rossel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mas Olivério disse que isso não é um problema, já que o sistema usa um ácido muito diluído para liberar o açúcar do bagaço da cana.

Muitos pesquisadores da área acreditam que as enzimas, ou proteínas naturais que aceleram o rompimento das fibras de lignina, serão usadas na futura produção de etanol de celulose.

Mas Rossel e a professora Elba Bom, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apontaram dois desafios: reduzir o custo exorbitante da produção industrial de enzimas e diminuir o tempo necessário para que as enzimas atuem na lignina.

Bom disse que sua equipe de pesquisa vem desenvolvendo métodos para deixar o bagaço triturado ao relento, numa espécie de compostagem, permitindo a ação de enzimas naturais que, numa fase de pré-tratamento, amolecem a lignina contida no açúcar. Mas isso exige até uma semana.

"Já identificamos as melhores misturas de enzimas, o desafio é reduzir os custos de produção, que atualmente são o dobro ou triplo do etanol convencional", disse Bom. "Nosso alvo é 1,5 vez o custo do etanol padrão." | Por: Reese Ewing/Reuters

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