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16/05/2007 - 08:48

Lula quer um sucessor da base aliada para 2010


Brasília – Em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expôs pela primeira vez seu projeto político: eleger como sucessor, em 2010, um candidato da base aliada, não necessariamente do PT, e atrair a oposição para o diálogo.

"Eu quero fazer o sucessor para que dê continuidade às coisas que estamos fazendo", disse Lula, ressalvando que há diferença "entre querer e conseguir."

Lula rejeitou mais uma vez a hipótese de disputar um terceiro mandato em 2010, caso a Constituição venha a ser alterada, e defendeu o fim da reeleição, com o restabelecimento do mandato de cinco anos para os chefes do Executivo.

"Não serei candidato em 2010 porque a lei não permite e acho imprudente alguém apresentar qualquer mudança", afirmou, acrescentando que orientou a base do governo no Congresso a não criar emendas constitucionais neste sentido.

Lula respondeu às perguntas sobre sua sucessão (três, num total de 15) tendo o cuidado de não mencionar nomes de possíveis candidatos. Dos 11 partidos aliados, pelo menos três - PT, PSB e PMDB -- planejam indicar o sucessor.

"O candidato que sair da base deve ser discutido entre todos os partidos. Defendo que o candidato deve ser tirado do consenso da base, não precisa ser do PT", afirmou Lula.

Para alcançar esse objetivo, além de manter a base unida, o presidente calcula que terá de chegar ao ano das eleições com o governo bem avaliado e com força política para subir nos palanques de seu candidato.

"Duro é ser presidente e ninguém te chamar para o palanque", afirmou, numa referência indireta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que não transferiu votos ao tucano José Serra, em 2002, e foi isolado por Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB em 2006.

Lula acredita que conseguirá terminar o segundo mandato "em condições muito mais favoráveis" do que em 2006, do ponto de vista econômico, social e político, o que facilitaria o desafio de eleger o sucessor. "Muita gente vai engolir o que disse do governo", afirmou, ao comentar a adesão de ex-adversários, como Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional, e Roberto Mangabeira Unger, futuro chefe da Secretaria de Ações de Longo Prazo.

Política "sem ódio" - Ao longo da entrevista, Lula falou mais sobre a oposição do que sobre a base aliada, acenando com a abertura para o diálogo e lembrando que também ele teria reformulado idéias ao passar de oposição a governo.

Lula disse que sempre teve "boas relações com o PSDB", mas rejeitou a hipótese, levantada por uma repórter, de apoiar a candidatura presidencial do governador Aécio Neves.

"Vou continuar conversando. Agora, a partir daí a gente dizer que o candidato pode ser do PSDB, eu só posso te dizer o seguinte: a base do governo terá candidato. Quem vai ser, eu não sei", respondeu.

"Eu acho que muita coisa vai acontecer no Brasil para melhor, acho que PFL vai deixar de ser tão nervoso", apostou.

"Essa é a proposta que eu tenho para os companheiros da situação e da oposição (...) Vamos aproveitar esse momento em que o ódio não predomina na política brasileira para fazer o Brasil melhorar ainda mais", afirmou.

Mesmo acenando com o diálogo, Lula lançou novas farpas para Fernando Henrique Cardoso, ao negar que pensa em disputar as eleições presidenciais de 2014.

"Eu não trabalho com a hipótese de voltar à presidência. Só cinco minutos de insanidade me permitiriam ficar discutindo oito anos pra frente", afirmou.

"Um ex-presidente da República tem de ser conselheiro dele mesmo, não pode ficar dando palpite", acrescentou. Fernando Henrique escreve artigos para os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.

"Se for chamado a alguma coisa, tem de dizer o que ele pensa, mas ele precisa parar. Depois que você chegou aqui é o máximo; você se recolhe, vai cuidar da família, cuidar dos netos, vai fazer conferência..."

Cargos e votos - Ao responder sobre as pressões e insatisfações em sua base, pela nomeação política de cargos do segundo escalão, Lula disse que não vai trocar cargos por votos no Congresso.

"Não tem nomeação por conta de votação; quem quiser votar contra (o governo) atrás de nomeação de cargo, pode votar contra", desafiou.

Na última quinta-feira, Lula chamou os cinco ministros do PMDB para dizer, segundo fonte do Planalto, que compete a eles manter a lealdade das bancadas do partido, caso queiram permanecer no governo de coalizão.

"Uma coalizão é diferente de distribuir cargos. Coalizão é para construir um projeto de país e não para construir uma votação (no Congresso)", disse Lula na entrevista. | Por: Ricardo Amaral/Reuters.

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