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09/01/2010 - 09:17

Pólos autossustentáveis: modelo de ocupação urbana de qualidade

Vamos começar de onde estamos. Sem deixar o passado de lado, esquecê-lo ou desmerecê-lo. Muito pelo contrário. Os anos de 2007, 2008 e 2009 foram de inúmeras conquistas e vitórias para o setor imobiliário e para a sociedade. Conseguimos provar o quanto o segmento é importante e necessário para o desenvolvimento de uma Nação. Superamos os efeitos de uma das piores crises financeiras internacionais sem grandes abalos ou prejuízos. Fomos interlocutores diretos com o governo federal na elaboração do programa Minha Casa, Minha Vida, primeiro passo para solucionar o deficit habitacional brasileiro de 8 milhões de moradias. Mas é chegado o momento de decidir por quais caminhos o mercado imobiliário e o Secovi-SP devem seguir. Vamos planejar o futuro, com metas de longo prazo, e fortalecer a representatividade política da atividade imobiliária, com legitimidade e ética.

Pretendemos transformar o Secovi-SP em referência em desenvolvimento urbano e mercado imobiliário entre os profissionais do setor, as três esferas de governo, o mundo acadêmico e a sociedade. As inúmeras áreas de atuação da diretoria funcionam como repositórios de dados. Para transformar esse material em informação e, consequentemente, em conhecimento, vamos aperfeiçoar nossas ferramentas educacionais, como a Universidade Secovi, e ampliar nossos estudos na área econômica.

Nossa proposta é a de transformar o Sindicato em um centro de disseminação de conhecimentos e local de debate das questões relevantes do setor, em completa sinergia com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), onde presido a Comissão da Indústria Imobiliária (CII). A meta pode parecer ambiciosa, mas o Secovi-SP reúne quadro intelectual de alta competência em assuntos imobiliários. Com estudo e dedicação, seremos capazes de influenciar positivamente os governos na elaboração de políticas públicas.

Mas o fato de congregar boas cabeças do setor somente salienta a necessidade de diálogo com outros importantes pensadores do mercado imobiliário.

Manteremos a humildade e procuraremos trazer para essa iniciativa o contraditório, ou seja, reunir aqueles que pensam diferentemente de nós, e tornar os debates mais produtivos. As informações sobre as cidades e os rumos da atividade imobiliária no País têm de ser plurais, multilaterais e amplas. Não pode prevalecer a visão pura do empreendedor imobiliário, mas sim a dos cidadãos, dos brasileiros. A maior missão do Secovi-SP é conhecer as novas direções da habitação e do desenvolvimento urbano do Estado de São Paulo e, assim, oferecer soluções para o restante do Brasil.

Descobrir as preferências dos consumidores de imóveis, principalmente das famílias de baixa renda, é uma das maneiras de disseminar conhecimento e mudar paradigmas. Sabe-se que consumidores de mais alta renda têm preferências arquitetônicas leves. Mas, e a população que compõe o deficit de oito milhões de moradias? Por décadas, foram construídas moradias padronizadas, sem conforto e personalidade, que por vezes levaram à criação de guetos, como muitos que ainda existem na cidade de São Paulo. Os consumidores de baixa renda são alegres, confiantes, gostam de cores vivas. E as preferências habitacionais e a qualidade devem ser entendidas e respeitadas regionalmente nesses empreendimentos.

O Sindicato pode concentrar informações sobre as características dos imóveis procurados por esses diferentes públicos. Quais as metragens adequadas para atender o nosso cliente de baixa renda? Existe um deficit composto por pessoas que trabalham, recolhem impostos e vivenciam a dinâmica das cidades. Também há uma demanda orgânica anual aproximada de 1,5 milhão de novos consumidores de imóveis. Estes, muitas vezes utilizam-se da informalidade para obter sua moradia. Temos de compreender sua segmentação e características.

O programa Minha Casa, Minha Vida configura-se como primeiro passo de uma política habitacional perene de Estado. Entretanto, é preciso vontade política e comprometimento com o futuro para desenvolver um planejamento estratégico de longo prazo que priorize, principalmente, a destinação de recursos abundantes e permanentes para a habitação. Sugerimos pensar na visão do setor habitacional para 2022, ano simbólico dos 200 anos de Independência. Uma agenda positiva é necessária em razão da realização no Brasil da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Esses eventos são oportunidades para o País se estabelecer, definitivamente, como protagonista mundial. Vamos olhar para o futuro, mensurar a evolução dos segmentos imobiliários e de infraestrutura e, assim, criar um ambiente de desenvolvimento urbano equilibrado, favorável, sem surpresas para empresários, investidores e sociedade em geral. Metas pragmáticas e transparentes conferem a indispensável segurança aos negócios.

Como sindicato de classe, o Secovi-SP tem consciência de sua responsabilidade na representação de um setor econômico dos mais importantes e, por essa razão, preocupa-se com as políticas públicas, com visão prognóstica de um país melhor. Temos interesse em consolidar bairros, cidades, estados melhores. Condomínios bem geridos têm moradores mais conscientes de seus deveres e direitos, o que demanda qualidade empresarial. A ampliação do poder de compra da população leva as empresas a atender uma procura maior, com consequente aprimoramento da tecnologia construtiva, o que faz com que mais pessoas comprem imóveis, contribuindo com a mobilidade social. Esse ciclo virtuoso movimenta toda a economia e impulsiona a geração de empregos. O cliente passa a ser aliado do negócio e do desenvolvimento urbano equilibrado.

O Secovi-SP trabalha com planejamento, conhecimento das cidades e defende a ocupação urbana equilibrada, com melhoria de mobilidade. É essencial aproximar trabalho e moradia, criando pólos autossustentáveis, ou seja, “cidades dentro das cidades”. No Plano Diretor Estratégico atual existe a previsão para criação de áreas de intervenção urbana e de recuperação, mas as normativas legais requerem aperfeiçoamentos que somente acontecerão com a ativa participação da sociedade.

A Diagonal Leste – área urbana que se estende da Mooca até o ABC, ao longo do rio Tamanduateí -, por exemplo, está preparada para incorporar esse modelo de modernidade urbana. Seria interessante aliar os conhecimentos de arquitetos e urbanistas brasileiros e estrangeiros para chegar a um modelo factível de pólos autossustentáveis para a cidade de São Paulo. Em Pirituba será construído um grande centro cultural, e a região pode ser boa alternativa para receber um projeto-piloto. Vamos acabar com visões limitadas de desenvolvimento urbano, algumas vezes alicerçadas em interesses particulares e mesquinhos. A sociedade paulistana deve defender a cidade, com consciência de que todos têm de ceder em benefício coletivo.

. Por: João Crestana, presidente do Secovi-SP, da Comissão Nacional da Indústria Imobiliária da CBIC e reitor da Universidade Secovi

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