Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

13/01/2010 - 10:41

Custo da cesta básica tem redução em 2009

Apenas em uma das 17 capitais onde o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, o custo dos alimentos essenciais subiu em 2009. A alta foi registrada em Belém, onde os gêneros alimentícios de primeira necessidade tiveram aumento de 2,65%. As maiores retrações no custo da cesta ocorreram em João Pessoa (-14,92%), Natal (-12,57%) e Aracaju (-12,47%), enquanto a menor foi verificada em Vitória (-3,71%).

Em dezembro de 2009, três capitais apresentaram alta: Brasília (2,77%), Aracaju (0,78%) e Belém (0,37%). Nas demais cidades pesquisadas, o preço da cesta caiu em dezembro, com variações que se situaram entre -1,39%, em Manaus e -8,63%, em Salvador.

Apesar do recuo de 6,69% no custo dos gêneros essenciais registrado em dezembro, em Porto Alegre, a capital gaúcha continuou a registrar o maior custo para os gêneros alimentícios essenciais (R$ 237,58), o que representa uma redução de 6,78%, em relação a dezembro de 2008. A segunda capital mais cara foi São Paulo (R$ 228,19), vindo a seguir Brasília, com o custo de R$ 222,22, para os produtos de primeira necessidade. Os menores preços para o conjunto de gêneros alimentícios essenciais foram registrados em Aracaju (R$ 169,18), João Pessoa (R$ 170,63) e Recife (R$ 171,31).

Com base no custo apurado para a cesta de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em dezembro, o menor salário pago deveria ser R$ 1.995,91, o que corresponde a 4,29 vezes o mínimo em vigor, de R$ 465,00. Em novembro, o mínimo necessário era bem maior, equivalendo a R$ 2.139,06, ou seja, 4,60 vezes o mínimo vigente. Em dezembro de 2008, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.141,08, o que representava 5,16 vezes o mínimo de então (R$ 415,00).

Cesta x salário mínimo - A predominância da queda nos preços dos produtos básicos em todas as cidades pesquisadas, tanto no comportamento mensal como no ano de 2009, fez com que o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica, na média das 17 localidades pesquisadas pelo DIEESE, fosse, em dezembro último, menor que em novembro e que em dezembro de 2008. Assim, para comprar uma cesta de produtos alimentícios no último mês de 2009, o trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir uma jornada de 95 horas e 20 minutos, inferior às 98 horas e 58 minutos exigidas em novembro e às 115 horas e 44 minutos necessárias em dezembro de 2008.

Também na comparação entre o custo da cesta e o salário mínimo líquido - após o desconto equivalente à Previdência Social - comportamento semelhante é observado. A mesma compra que em dezembro último comprometia 47,10% do salário mínimo, em novembro requisitava 48,89% do piso líquido e em dezembro de 2008 demandava um percentual bem maior, de 57,18% do valor recebido pelo trabalhador remunerado pelo menor salário vigente no país.

Comportamento dos preços - Entre dezembro de 2008 e 2009, os produtos alimentícios de mais importância do ponto de vista da população – como arroz e feijão – ficaram mais baratos em todas as 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE. No caso do arroz, as taxas mais expressivas ocorreram em Aracaju (-30,14%), Belém (-22,30%) e Vitória (-20,59%), enquanto as menores foram anotadas em Manaus (-1,42%) e Porto Alegre (-4,17%). Com relação ao feijão, as reduções foram bem acentuadas, variando entre -50,48%, em Goiânia e -26,69%, em Natal. Os dois produtos foram beneficiados pelas chuvas e foram cultivados em todo o ano, uma vez que em várias regiões do país, praticamente não ocorreu estiagem.

Também a carne – item de maior contribuição no custo da cesta – teve queda generalizada em seus preços, com apenas uma alta, verificada em João Pessoa (4,57%). Entre as 16 capitais onde o produto ficou mais barato, destacaram-se Florianópolis (-15,92%), Goiânia (-12,98%), Rio de Janeiro (-11,49%) e Vitória (-10,48%). A diminuição da exportação devido à crise financeira internacional possibilitou maior oferta para o consumo interno e o clima chuvoso deixou as pastagens em boas condições, tornando a engorda do gado mais barata. Atualmente, o produto está em período de safra.

O tomate também teve seu preço reduzido nos últimos 12 meses em 16 capitais, 14 das quais com queda superior a 10%. As reduções mais significativas foram verificadas em João Pessoa (-54,84%), Aracaju (-53,46%), Natal (-52,42%) e Recife (-47.96%). São Paulo (-1,05%) e Brasília (-2,77%) apresentaram pequena retração, enquanto a única alta ocorreu em Belém (15,22%).

O preço do pão, produto com o segundo maior peso na cesta básica, diminuiu em 10 cidades, em especial em João Pessoa (-12,64%), Fortaleza (-12,09%) e Natal (-10,26%). A melhora nas relações comerciais com países exportadores de trigo, matéria-prima na produção do pão - principalmente a Argentina - além dos estoques estratégicos mantidos pelos moinhos permitiram a redução do preço deste item. A farinha de trigo teve queda em todas as nove capitais do Centro-Sul do país onde seu preço é acompanhado. As retrações foram bastante expressivas, variando de -13,75%, em Brasília, a -25,00%, em Curitiba.

Os produtos com predomínio de alta em 2009 não têm tanto peso na composição da cesta, com exceção do leite.

O açúcar teve aumento em todas as capitais, sendo que em 16 delas a alta foi superior a 20%. Apenas em Belo Horizonte a elevação foi mais contida (8,90%). A maior variação ocorreu em Goiânia, com 89,61%. Três outras cidades tiveram aumento superior a 60%: Belém (67,18%), Salvador (65,49%) e Manaus (64,08%). O preço do açúcar no mercado internacional está favorável à exportação e com isso, a oferta interna diminui. A isto soma-se o fato de o preço praticado no país ser determinado pelo internacional.

O leite teve alta nos últimos 12 meses em 14 capitais, em consequência da elevação ocorrida no final de 2008 e início de 2009. Os maiores aumentos foram apurados em Vitória (23,17%), Recife (22,89%), Natal (22,16%) e João Pessoa (20,12%). No momento, é grande a oferta do produto e seu preço deve continuar em queda, como já ocorreu no último mês.

O preço do óleo de soja aumentou em 10 cidades, lideradas por Recife (8,12%), Aracaju (7,73%) e Belém (5,86%). Das sete localidades em que houve queda, as mais significativas verificaram-se em Belo Horizonte (-5,84%), Goiânia (-5,46%) e São Paulo (-5,36%). A relativa melhora na crise financeira aqueceu a demanda por soja e vários países voltaram ao mercado, especialmente a China, causando a elevação tanto no comércio internacional quanto no país.

A batata ficou mais cara em todas as nove capitais do Centro/Sul onde seu preço é acompanhado. As taxas foram bastante expressivas, variando de 27,13%, em Goiânia a 84,38%, em Brasília. Após forte alta ocorrida ao longo do ano, o produto tende a ter queda, o que já ocorreu no último mês.

Os preços em dezembro - A redução mensal do custo da cesta básica em 14 das 17 capitais foi efeito da queda generalizada dos produtos, na maioria das cidades, no mês de dezembro. Apenas o óleo de soja e a farinha de mandioca - pesquisada apenas nas oito capitais do Norte/Nordeste - aumentaram em maior número de cidades, com respectivamente, 12 e seis. O preço do óleo de soja caiu em cinco cidades, caso de Goiânia (-6,64%) e Florianópolis (-1,20%). Os aumentos foram mais acentuados em Manaus (7,06%), João Pessoa (4,75%) e Fortaleza (4,29%). A farinha de mandioca teve as taxas mais elevadas em Manaus (4,12%), Recife (3,67%) e Aracaju (3,17%). Houve estabilidade em Natal e pequeno recuo (-0,52%) em João Pessoa.

Todos os demais alimentos ficaram mais baratos na maioria das regiões. Leite, com queda em 15 localidades: tomate, em 14 e arroz, em 13 foram os principais destaques.

A redução no preço do leite foi mais intensa, em dezembro, em Salvador (-9,36%), Florianópolis (-6,37%) e Goiânia (-5,78%). Foi anotada alta apenas em Aracaju (1,86%) e estabilidade no Rio de Janeiro.

O tomate teve queda em 14 cidades, com taxas significativas na maioria delas: Salvador (-41,11%), Florianópolis (-33,53%), Porto Alegre (-31,99%) e Rio de Janeiro (-28,07%). Em Belém e Aracaju os preços ficaram estáveis e houve pequena elevação em Brasília (1,23%).

O arroz agulhinha barateou em 13 capitais, particularmente em Salvador (-8,60%) e Florianópolis (-2,66%). Não houve alteração em Porto Alegre, e ocorreram aumentos em Fortaleza (1,05%), Brasília (1,65%) e Curitiba (1,80%).

Feijão, pão e café registraram queda em 12 cidades. No caso do feijão, as principais retrações ocorreram em Goiânia (-9,57%), Manaus (-5,51%), Rio de Janeiro (-4,94%) e Vitória (-4,70%). Houve altas em Recife (5,33%), Aracaju (1,01%), Belém (0,92%) e Florianópolis (0,80%) e em Fortaleza os preços ficaram inalterados.

As taxas apuradas para o pão foram relativamente pequenas, com destaque para Curitiba (-1,56%), Florianópolis (-1,54%), Recife (-1,26%) e Porto Alegre (-1,03%). Em Belém e João Pessoa as variações foram nulas e em três cidades foram apuradas elevações: Aracaju (1,74%), Vitória (1,49%) e Brasília (1,22%).

Para o café, as cidades que apresentaram as reduções mais significativas foram Goiânia (-6,35%), Belo Horizonte (-2,33%) e Brasília (-2,13%). Em Aracaju, o preço não se alterou e houve alta em quatro cidades: Natal (2,55%), Florianópolis (0,82%), Recife (0,73%) e Belém (0,29%).

Onze capitais apresentaram recuo no preço da banana, os principais apurados em Recife (-13,70%), Goiânia (-9,95%) e Belo Horizonte (-6,67%). Em São Paulo houve estabilidade. Foram verificados aumentos em cinco cidades, especialmente em Brasília (14,77%) e Vitória (3,25%).

A carne bovina, produto de maior contribuição no custo da cesta, barateou em 10 capitais. As maiores reduções foram observadas em Goiânia (-7,78%), Rio de Janeiro (-4,67%) e Florianópolis (-1,92%). Em Manaus, os preços permaneceram estáveis e foram anotadas moderadas elevações em outras seis regiões, como por exemplo, Aracaju (1,84%), Belém (1,24%) e Salvador (1,07%).

O preço da manteiga teve redução em 10 localidades, com a maior taxa apurada em Salvador (-7,59%) seguida por Goiânia (-3,86%) e Manaus (-2,55%). Em sete capitais o preço subiu, entre as quais aparecem Brasília (5,58%) e Florianópolis (3,54%).

A batata e a farinha de trigo, produtos cujos preços são pesquisados nas nove cidades do Centro/Sul, tiveram redução em quase todas elas, a batata em oito e a farinha de trigo em sete. A batata apresentou quedas significativas em Florianópolis (-26,39%), Porto Alegre (-21,49%) e Curitiba (-17,51%). Apenas em Brasília (18,59%) houve forte alta. No caso da farinha de trigo, houve retração, em especial, em Vitória (-6,19%) Goiânia (-5,38%) e Porto Alegre (-4,62%). Por outro lado, em Brasília (3,56%) e Belo Horizonte (0,67%), o produto ficou mais caro.

O açúcar ficou mais barato em oito capitais e mais caro em sete, sem predominância nítida no número delas. As maiores reduções foram apuradas em Salvador (-12,21%), Recife (-5,23%) e Porto Alegre (-4,04%). Dentre as localidades com aumento destacaram-se Brasília (9,95%) e São Paulo (3,19%), enquanto em Fortaleza e Belo Horizonte a variação foi nula.

São Paulo - Na capital paulista, os gêneros alimentícios essenciais apresentaram em dezembro último, o segundo maior valor dentre as 17 capitais onde o DIEESE realiza, regularmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, com R$ 228,19. Este valor é 2,89% menor que o apurado em novembro e 4,72% inferior ao exigido em igual mês, em 2008.

Dos 13 produtos que compõem a cesta básica pesquisada em São Paulo, apenas três subiram em dezembro: açúcar refinado (3,19%), óleo de soja (2,07%) e carne bovina de primeira (0,08%). O preço da banana nanica manteve-se estabilizado. Os preços dos outros nove itens caíram: tomate (-15,52%); batata (-8,30%), feijão carioquinha (-2,82%); leite in natura integral (-2,42%); manteiga (-1,21%); farinha de trigo (-1,10%); arroz agulhinha tipo 1 (-1,05%); café em pó (-0,78%) e pão francês (-0,49%).

Apenas três itens registraram alta em seus preços quando comparados com dezembro de 2008. Elevações expressivas ocorreram para o açúcar (50,39%) e para a batata (47,77%) e menos intensa para o leite (5,89%). Dentre os produtos que registraram queda, as maiores foram verificadas para o feijão (-42,17%), o café (-17,66%) e farinha de trigo (16,98%). As retrações foram menores para a manteiga (-9,56%), a banana (-7,39%), o arroz (-7,35%), óleo de soja (-5,36%), carne bovina (-4,98%), pão francês (-3,96%), e tomate (-1,05%).

Para adquirir o conjunto de bens de primeira necessidade, o trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo necessitou cumprir, em dezembro de 2009, uma jornada de 107 horas e 58 minutos, ligeiramente menor que a necessária em novembro, que correspondia a 111 horas e 11 minutos. Em relação a dezembro de 2008 a redução é maior, pois naquele mês o comprometimento chegava a 126 horas e 58 minutos.

Também quando se considera o valor do salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social – verifica-se a mesma correlação. No último mês de dezembro, a relação entre o custo da cesta e o salário mínimo líquido correspondia a 53,34%, enquanto o de novembro chegava a 54,93% e em dezembro de 2008, atingia 61,16%.

Os preços dos alimentos na capital paulista no último ano – em conjunto com política de recuperação do salário mínimo - fizeram com que o comprometimento do salário mínimo com a compra da cesta básica tivesse forte redução em 2009. Na média do ano passado, a jornada de trabalho necessária para a compra da cesta básica chegava a 109 horas e 53 minutos, a menor desde 1970 (106 horas e 11 minutos). O percentual do salário mínimo comprometido com a compra correspondeu, em 2009, a 49,47%. Em 2008, eram comprometidos, com a mesma aquisição, 57,68% do salário mínimo e a jornada necessária correspondia a 126 horas e 54 minutos (Tabela 2). www.dieese.org.br

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira