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19/01/2010 - 10:59

Osmar Stuker e os números que atravessam os anos


Professor vê necessidade de unificação da linguagem contábil em todos os países .

Quando perguntam sobre as passagens que mais lhe marcaram na vida acadêmica, Osmar Stuker lembra de um aluno relapso, totalmente desligado do ambiente acadêmico. O seu desinteresse e as atitudes anticonvencionais dificilmente o levariam a subir no palco na cerimônia de formatura. No entanto, o rumo dessa história mudou e com o passar do tempo ele se transformou em um dos principais alunos de Ciências Contábeis da ULBRA Canoas. No dia, antes da colação de grau, de maneira inusitada, a mãe do rapaz visitou o professor.

Ela veio agradecer à Universidade pela educação dada ao filho. “O pai tinha um escritório de contabilidade e disse que ia largar tudo na mão dele. O peso da responsabilidade o assustou e ele passou a se interessar mais pelas matérias. Nossa tarefa foi dar-lhe apoio”, comenta o coordenador do curso de Ciências Contábeis. Essa é apenas uma de inúmeras histórias vividas ao longo de 34 anos como docente da ULBRA. Hoje ele se diz realizado com a profissão que escolheu.

Isso porque ao sair do lugarejo de Xiniquá, zona rural do município de São Pedro do Sul, para estudar e morar no internato (hoje essa modalidade de moradia não existe mais) do Colégio Concórdia em Porto Alegre, nem pensava no que queria ser na vida. Era o ano de 1957 e, assim como vários de sua geração, saiu jovem do interior em busca de melhores oportunidades na capital. “Naquela época, quem quisesse se dar bem no mercado deveria ter o curso de datilografia e ter um diploma de curso superior. Na época, a contabilidade era a preferida, pois permitia trabalhar e estudar”, ressalta. Ali começava a sua longa relação com a profissão.

De lá para cá trabalhou como contador em empresas e também no serviço público (passou no concurso para auditor do Tribunal de Contas do Estado no início da década de noventa). O amor pelo giz e quadro negro começou a florescer em 1973, quando fora contratado para lecionar no curso Técnico em Contabilidade do Colégio Cristo Redentor, em Canoas. Foi um trampolim para a docência na faculdade que recém surgia no município. Osmar se orgulha de ser professor da primeira turma de Ciências Contábeis da ULBRA, que se formou em 1978. “Amassei barro com a sola do sapato onde hoje é esse enorme campus de Canoas”, comenta.

COntabilidade Internacional - De lá para cá, o ensino e o perfil do aluno de Ciências Contábeis mudaram bastante. A globalização e o mercado cada vez mais competitivo são apontados por ele como transformadores da profissão. “Temos que pensar em uma contabilidade internacional, na qual as leis e metodologias sejam parecidas em todos os países. Hoje você elabora um balanço que aqui no Brasil tem um resultado e nos EUA outro bem diferente”, diz. Osmar e os professores da ULBRA criaram disciplinas voltadas à contabilidade internacional que já são aplicadas no campus Canoas.

Mas, para o professor, a unificação também deve ocorrer “dentro da nossa aldeia”. De acordo com Osmar, atualmente existem regras distintas para a contabilidade em órgãos públicos e na iniciativa privada brasileira. “A lei que rege a contabilidade pública é muito boa, no entanto estudos estão sendo realizados para a unificação dos sistemas da contabilidade geral e contabilidade pública. Isso deve ocorrer em a partir de 2012”, destaca.

Mulheres na linha de frente - Quanto ao aluno, Osmar se diz desapontado com a falta de engajamento. A impaciência, segundo ele, não permite que o estudante possa extrair tudo o que professores e a universidade têm a oferecer. Além disso, a proliferação de faculdades com qualidade duvidosa despeja a cada semestre dezenas de bacharéis com qualificação inferior, nivelando por baixo a profissão. “Acredito que isso não é exclusividade das Ciências Contábeis. Diversas graduações devem passar por problemas semelhantes”, ressalta.

A participação feminina também tem crescido de maneira substancial, de acordo com o professor. “Considerando os alunos que colaram grau nos últimos quatro anos temos 62% de mulheres e 38% de homens. Antigamente era o contrário. Hoje, a mulher está muito mais interessada em estudar, principalmente para fazer carreira e na área contábil e em especial para ingressar no serviço público”, afirma. Osmar Stuker está feliz com o resultado de anos de dedicação às Ciências Contábeis. E nem precisa mais uma mãe vir agradecer.

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