Tragédia anunciada

Os episódios em Angra dos Reis e na Ilha Grande marcaram o início de 2010 com lágrimas e dor não só para as famílias das vítimas como para toda a sociedade. E o pior é que estamos falando de uma tragédia anunciada, pois a omissão do Poder Público também nesse setor é notória. A conseqüência não poderia ser outra: mortes e desespero.

O avanço desordenado de construções em áreas de encostas e até de proteção ambiental é uma realidade que já se estende há décadas no Rio. Tudo nos leva a crer que o assunto não entra na lista de prioridades dos governantes, o que caracteriza o descaso e a irresponsabilidade com a vida alheia.

Sabemos que aquelas pessoas que de certa forma “abusam” ao levantar construções inadequadas para certas localidades, também têm a sua parcela de culpa, mas a permissividade dos órgãos públicos é inquestionável e quando o assunto vem à tona já é tarde demais, pois geralmente é através de uma tragédia. E quando não, a ocupação já está em tal proporção que a desocupação passa a ser outro problema e a questão vira uma bola de neve e uma discussão sem fim.

Fala-se muito em crimes e em violência como um todo. E o fato é que, infelizmente, no mundo inteiro e aqui no Brasil não é diferente, a vida e o ser humano estão em segundo plano. Banalizaram a vida de tal modo que tais acontecimentos parecem não chocar mais a maioria das pessoas. Falta sentimento, solidariedade, humanismo. Junto com a terra que cede morro abaixo, destruindo residências e matando pessoas, vai a vergonha de uma sociedade que ignora a vida, desrespeita a natureza e paga um preço muito alto por isso.

. Por: Marcos Espínola, advogado Criminalista [www.espinolaadvogados.com.br]