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17/05/2007 - 10:14

TV Pública sem trololó


Há certas providências que custam a desabrochar, no Brasil. Estamos discutindo o sim ou não da implementação de uma TV pública, que hoje passou a ser prioridade do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Na sua última entrevista foi direto ao assunto: “Quero que exista uma TV pública, juntando a Radiobrás e a TV Educativa do Rio de Janeiro. Que isso venha sem mais trololó.”

O presidente deu o sinal de que haverá recursos para montar uma boa rede, em que a maior exigência será a qualidade. “Nada de chapa branca. O povo não suportaria.”. Ao sermos recebidos na Rede NHK, em Tóquio, no que talvez seja a maior rede do mundo em termos educativos, soubemos que o sistema começou há 82 anos como rádio. Na verdade, é semipública, pois os cidadãos pagam taxas de 14 dólares por mês para assistir à TV terrestre e 25 dólares quando assistem às imagens via satélite. O Governo não precisa ajudar as emissoras, que têm da população um nível de satisfação da ordem de 70%. Isso não impede que 10% tenham desistido de pagar. A razão? Um dos mistérios orientais.

O Japão tem 127 milhões de habitantes. Pois a Rede NHK opera com 11.600 funcionários, para administrar 13 canais domésticos analógicos e digitais. Até 2011 será tudo digital, cuja imagem é mesmo muito superior (alta definição). Vimos experimentos que demonstram isso (BS – Hivision). Perguntamos se eles ainda distribuem material de apoio impresso. A resposta é negativa. A NHK produz para desenvolver atividades nas escolas. Exemplo: um professor de Ciências descobriu uma forma de ensinar mais adequadamente tudo sobre ofídios. Ele ganha um espaço para mostrar aos demais o caminho aberto. Não há o emprego de educação à distância como a entendemos, ou seja, dando cursos. Isso é papel da escola, todas elas de tempo integral, e com grandes incentivos à tarefa dos professores.

Esses subsídios são úteis para saber como aplicar à realidade brasileira, totalmente diferente. Aqui no Brasil caminha-se para uma televisão educativa laica, sem atuação político-partidária, explorando temas sobre os quais há controvérsias, como energia nuclear, células-tronco, biodiesel, etanol, defesa do meio ambiente, etc.

A exigência oficial é que seja uma TV democrática, que respeite as religiões e as opções políticas de cada um, com debate permanente sobre as grandes questões nacionais. “A sociedade necessita de uma boa rede pública de televisão.”

Não se sabe ainda se ela virá por intermédio de medida provisória ou de mensagem enviada ao Congresso Nacional, onde hoje o Governo tem maioria. Antes é preciso levantar os seus custos, que não serão pequenos, pois pensa-se também na produção de programas brasileiros para o público infantil, hoje massacrado por filmes importados e de grande violência, o que não se coaduna com a nossa cultura. Eles podem ser bastante educativos, sem serem excessivamente didáticos.

. Por: Arnaldo Niskier, professor emérito da Eceme e Membro da Academia Brasileira de Letras. ([email protected])

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