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28/01/2010 - 08:23

Vale adquire ativos de fertilizantes, negócio de US$ 3,8 bilhões


Mina de rocha fosfática

Compra de 100% dos ativos da BPI, que detém portfólio de ativos de fertilizantes no Brasil composto por: (a) minas de rocha fosfática e plantas de processamento de fosfatados; (b) participação direta e indireta de 42,3% no capital total da Fertilizantes Fosfatados S.A. – Fosfertil (Fosfertil) – companhia listada na BM&F Bovespa – correspondendo a 53,8% das ações ordinárias e 36,4% das ações preferenciais. A transação não envolve negócios de varejo e/ou distribuição de fertilizantes.

Rio de Janeiro – A Vale S.A. (Vale) informa que celebrou contrato de compra e venda de ações, através de sua subsidiária Mineração Naque S.A., com a Bunge Fertilizantes S.A. e a Bunge Brasil Holdings B.V. para adquirir 100% das ações da Bunge Participações e Investimentos S.A. (BPI), uma empresa com ativos e participações em empresas de fertilizantes no Brasil, controlada pela Bunge Ltd. (Bunge), companhia listada na New York Stock Exchange (NYSE).

A transação - A Vale concordou em pagar US$ 3,8 bilhões, em dinheiro, para adquirir 100% dos ativos da BPI, que detém portfólio de ativos de fertilizantes no Brasil composto por: (a) minas de rocha fosfática e plantas de processamento de fosfatados; (b) participação direta e indireta de 42,3% no capital total da Fertilizantes Fosfatados S.A. – Fosfertil (Fosfertil) – companhia listada na BM&F Bovespa – correspondendo a 53,8% das ações ordinárias e 36,4% das ações preferenciais. A transação não envolve negócios de varejo e/ou distribuição de fertilizantes.

De acordo a transação, US$ 1,65 bilhão será pago pelos ativos de rocha fosfática e fosfatados da BPI, e o valor restante de US$ 2,15 bilhões se refere às ações detidas diretamente e indiretamente pela BPI na Fosfertil.

Segundo a Vale, a transação está sujeita às condições precedentes usuais, como algumas aprovações de órgãos governamentais competentes. Uma vez que tais condições sejam satisfeitas e a transação concluída, a Vale lançará uma oferta pública obrigatória para comprar as ações ordinárias detidas pelos acionistas minoritários da Fosfertil por 100% do preço por ação atribuível às ações da Fosfertil.

A Vale realizará estudos com respeito à combinação dos ativos e empresas adquiridos, bem como outros ativos de fertilizantes já possuídos pela Vale no mundo. Neste estágio, não há indicação que nos permita afirmar que tais análises possam conduzir à reorganização corporativa. Tão logo tais estudos sejam concluídos e decisões sejam tomadas, a Vale as tornará publicas.

"Esta operação é de fundamental importância para a consolidação da estratégia da Vale em focar o Brasil como o grande mercado para sua produção de fosfatados, tendo em vista o potencial das minas locais, bem como o crescimento associados aos projetos desenvolvidos no exterior, como Bayóvar e, no futuro, Evate, todos com produção prioritariamente destinada ao mercado brasileiro. Estamos felizes porque a aquisição destes ativos, combinada com os vários projetos de potássio que envolvem depósitos de alta qualidade nas principais geografias do mundo facilita e engrandece estratégia de rápido crescimento da Vale, viabilizando a criação de um novo líder global na indústria de fertilizantes”, comentou o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli

Os ativos - A BPI é a segunda maior produtora de fertilizantes fosfatados no Brasil, fornecendo 14,2% do consumo total do País e possuindo duas minas de rocha fosfática, uma em Araxá no estado de Minas Gerais e a outra em Cajati, no estado de São Paulo. Essas operações produziram um total de 1,6 Mt de rocha fosfática em 2008. De acordo com as nossas estimativas, a BPI possui reservas provadas e prováveis de 339 Mt@8,4% de P2O5.1

Além das operações de mineração, os ativos englobam quatro plantas de processamento para a produção de fertilizantes fosfatados localizadas em: (a) Araxá, no estado de Minas Gerais; (b) Cajati, no estado de São Paulo; (c) Cubatão, no estado de São Paulo; (d) Guará, no estado de São Paulo.

A Fosfertil é uma produtora brasileira de rocha fosfática e de fertilizantes fosfatados (P) – fosfato monoamônio (MAP), fosfato diamônio (DAP), superfosfato triplo (TSP) e superfosfato simples (SSP)- e fertilizantes à base de nitrogênio (N) - nitrato de amônio e uréia.

A empresa é a maior produtora de P e N no Brasil, representando respectivamente, 22,0% e 23,4%, do consumo total do País.

A Fosfertil opera três minas de rocha fosfática: Catalão, no estado de Goiás, Tapira e Passos, ambas localizadas no estado de Minas Gerais. A capacidade nominal total de produção é de 3,4 Mtpa de rocha fosfática. De acordo com nossas estimativas, a Fosfertil possui reservas provadas e prováveis de 1,189 bilhão de toneladas métricas @8,4% de P2O5.

As operações estão localizadas em áreas em que se concentram 45% da produção brasileira de grãos e 40% do consumo de fertilizantes.

Atualmente, a Fosfertil está desenvolvendo o Salitre, um projeto greenfield, localizado em Patrocínio, estado de Minas Gerais, com capacidade de produção estimada preliminarmente em 2,0 Mtpa de rocha fosfática.

Os produtos à base de fósforo – MAP, DAP, TSP and SSP – são produzidos nas plantas de Uberaba, estado de Minas Gerais, Catalão, estado de Goiás, e Cubatão, no estado de São Paulo. A Fosfertil produz uréia em Araucária, estado do Paraná, e nitrato de amônio em Cubatão.

A Fosfertil tem apresentado excelente desempenho financeiro, com elevadas margens e retornos sobre ativos. Em 2008, sua receita bruta alcançou US$ 2,1 bilhões, enquanto o EBITDA atingiu US$ 761 milhões e o lucro líquido US$ 436 milhões. Dado o forte impacto da recessão econômica global, seu desempenho sofreu deterioração temporária nos nove primeiros meses de 2009, quando registrou receita bruta de US$ 987 milhões, EBITDA negativo de US$ 69 milhões e lucro líquido negativo de US$ 36 milhões.

A Fosfertil possui um balanço bastante sólido: em 30 de setembro de 2009, a dívida total era de US$ 66,6 milhões e a posição de caixa de US$ 121,5 milhões, implicando em uma posição de dívida líquida negativa de US$ 54,9 milhões.

Fundamentos do mercado de fertilizantes - A demanda por fertilizantes possui significativo potencial de crescimento, ancorada em fundamentos de mercado similares aos da demanda global por minerais, metais e energia. O crescimento da renda per capita de economias emergentes tende a provocar mudanças nos hábitos alimentares, o 1 Mt= milhões de toneladas métricas. A produção de fertilizantes fosfatados compreende a mineração de rocha fosfática e sua transformação através de processo químico em ácido fosfórico (P2O5), que é o principal insumo para a produção de fertilizantes MAP, DAP e TSP. que contribui para o aumento do consumo de proteínas e, em última instância, para expandir o consumo de fertilizantes.

Em uma perspectiva de longo prazo, as economias emergentes tendem a crescer mais rapidamente que as economias desenvolvidas, o que leva sua renda per capita a convergir para os níveis das economias desenvolvidas, tendência secular determinada pelo comportamento dos retornos sobre os investimentos em capital humano e físico e produtividade total dos fatores. A convergência tem acontecido e deve continuar a se verificar no futuro, liderada pela revolução nas economias emergentes e gerada pelas centenas de milhões de pessoas que estão ascendendo à classe média.

Recentemente, a produção de biocombustíveis iniciou processo de forte crescimento, passando a se constituir em alternativa efetiva para diminuir a dependência global a fontes energéticas causadoras de mudanças climáticas. Dado que as lavouras para a produção de biocombustíveis – milho, cana de açúcar e palma - necessitam da aplicação mais intensiva de fertilizantes, eles passaram também a influenciar a demanda global por nutrientes.

Neste contexto, o Brasil possui papel extremamente relevante dada a magnitude de sua agricultura– colocando-se entre os maiores produtores e exportadores mundiais de soja, milho, suco de laranja, café, cana de açúcar, algodão, carnes, fumo e etanol, entre outros produtos – e seu potencial de expansão.

O Brasil é o quinto maior consumidor mundial de fertilizantes, com 6,3% do consumo mundial, e um dos maiores importadores de fosfatados (2º), potássio (2º), uréia (3º) e ácido fosfórico (5º). As importações representam parcela substancial do consumo brasileiro de N (80%), P (53%) e K (92%).

A agricultura brasileira possui considerável potencial de crescimento, dado a disponibilidade de uma das maiores reservas de água doce do mundo e ampla área para a expansão das suas fronteiras agrícolas, aproximadamente 106 milhões de hectares, representando 13% do território nacional. Por outro lado, seu solo é carente em nutrientes, o que requer emprego mais intensivo de fertilizantes. Contudo, a aplicação de fertilizantes ainda é baixa, principalmente nas regiões Centro Oeste, Nordeste e Norte.2

Junto com a Ásia emergente, o Brasil é um das principais fontes potenciais para expansão de demanda por nutrientes agrícolas no longo prazo. Esperamos que o consumo de fertilizantes no Brasil cresça mais rápido do que no resto do mundo nos próximos dez anos, influenciado não só pelo aumento das culturas voltadas para exportação, mas também daquelas mais orientadas para o consumo doméstico, como arroz, feijão e batata, e pela maior utilização de nutrientes por área plantada. Nos próximos dez anos esse fator deve influenciar o aumento da participação do Brasil no consumo mundial de fertilizantes à base de P de 9% para 13,5%, e à base de potássio de 14% para 18%.

O racional estratégico - Esta aquisição está em linha com a estratégia de nos transformarmos em líder global na indústria de fertilizantes. A construção de uma plataforma de criação de valor com ativos de classe mundial está sendo viabilizada pela combinação de aquisições e crescimento orgânico.

De acordo com estimativas do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, apenas 36% das fazendas brasileiras utilizam algum tipo de fertilizante. No Centro Oeste, uma região agrícola muito rica, essa proporção é de 28%.

A Vale tem operado com êxito uma mina de potássio no Brasil - Taquari-Vassouras - desde o início dos anos noventa e é possuidora de um atrativo portfólio de projetos. No potássio, que possui mercado mais globalizado, temos os projetos Carnalita I, II e III, no Brasil, Rio Colorado e Neuquén, na Argentina, e Regina, no Canadá. Em fosfato, que tem um mercado transoceânico menor, temos Bayóvar I e II, no Peru, e Evate, em Moçambique.3

Estima-se que Bayóvar I, situado no departamento de Piura, Peru, está no primeiro decil da curva de custo da indústria global, com capacidade de produção projetada de 3,9 Mt de rocha fosfática e conclusão prevista para o 2S10.

Este ano, estamos começando a construção do projeto Rio Colorado, que em sua primeira fase terá capacidade nominal de produção de 2,4 Mtpa de potássio (cloreto de potássio, KCl). O capex total estimado deste projeto é de US$ 4,1 bilhões e o início da produção está previsto para o 2S13.

O desenvolvimento de nossos projetos e a aquisição do portfólio de ativos de fertilizantes permitirão que a Vale se torne num dos principais produtores de fertilizantes do mundo nos próximos sete anos, com uma produção estimada de 3,3 Mt de ácido fosfórico e 10,7 Mt de potássio.

A criação de valor para o acionista - O atendimento à contínua expansão da demanda por minerais, metais e fertilizantes exigirá a consideráveis investimentos na construção de nova capacidade. Limitações de natureza geológica e institucional tendem a contribuir para um ajuste lento do mercado o que deve gerar a necessidade de investir em fontes de custo mais elevado e menor qualidade. A Vale está bem posicionada para se beneficiar do fortalecimento dos fundamentos de longo prazo do mercado de fertilizantes, dado seus ativos de classe mundial e baixo custo, reservas significativas e múltiplas opções de crescimento devido ao nosso portófilo de projetos de alta qualidade.

Dada a qualidade dos ativos a serem adquiridos e dos bons fundamentos de mercado, esperamos que esta transação produza retornos acima do nosso custo médio ponderado do capital, criando significativo valor para os nossos acionistas. [* 3 O mercado transoceânico corresponde a 90% do consumo global de potássio. Para os nutrientes à base de P é estimado em 32%].

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