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29/01/2010 - 08:47

Análise sobre a decisão do Copom da equipe econômica do Banco Schahin

“Em linha com o consenso dos analistas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 8,75% ao ano, em sua primeira reunião de 2010. A decisão, anunciada na noite desta quarta-feira, foi tomada de maneira unânime entre os membros do Copom. O comunicado, divulgado ao término do encontro, trouxe novidades em seu conteúdo, ao eliminar a avaliação de que a taxa atual de juros é consistente com a recuperação não inflacionária da economia. Desta vez, o texto se limitou a informar que ‘o Comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária’. Ou seja, foi uma maneira de não se comprometer mais com a manutenção da taxa atual daqui em diante, abrindo a possibilidade de ajustes na política monetária no curto prazo.

As informações recentes têm apontado para um vigoroso ritmo de crescimento da demanda interna, notadamente o consumo, estimulado pela expansão do crédito, dos gastos públicos e ganhos da renda. Neste contexto, o ambiente inflacionário – que se manteve controlado ao longo dos últimos meses – já começou a dar pequenos sinais de piora, com retorno das altas de preços no atacado e aceleração no varejo. No caso dos índices aos consumidores, as variações elevadas de janeiro têm sido proporcionadas por fatores sazonais e pontuais, mas podem se tornar persistentes neste ambiente de atividade em aquecimento. Tal conjuntura justifica as expectativas do mercado de que a Selic deverá sofrer ajustes para cima nos próximos meses, a fim de evitar riscos de que a inflação e suas expectativas se descolem de maneira perigosa do centro da meta (4,5%).

Por outro lado, ainda não há consenso sobre o timing e o tamanho do ajuste que está por vir. Em nosso cenário principal, esperamos que os aumentos se iniciem na reunião de abril e levem a Selic até um máximo de 11,25%. Todavia, apontamos um viés mais ameno para esta projeção, por dois aspectos: (i) a economia mundial segue fragilizada, mantendo bem contidas as pressões inflacionárias advindas de preços internacionais e (ii) o Brasil demonstrou no período recente que tem condições de suportar uma taxa de juros bem inferior à média dos últimos anos. O complicador para este atenuante está na política fiscal, cujo caráter expansionista pode ser reforçado neste ano eleitoral.

Diante das incertezas envolvendo boa parte dos condicionantes da política monetária, se torna extremamente arriscado afirmar com convicção qual será o comportamento da Selic ao longo deste ano. Por este motivo entendemos que uma alta dos juros já na próxima reunião, em 17 de março, seria prematura. Até abril, será possível obter informações mais claras sobre a evolução das variáveis relevantes, como consumo, crédito, nível de utilização da capacidade da indústria, mercado de trabalho, índices de inflação e expectativas futuras.

De todo modo, a leitura da ata deste encontro, que será divulgada na próxima quinta-feira, será, como de costume, de grande importância para se conhecer a visão atual do Banco Central a respeito do cenário prospectivo para a inflação. A partir deste texto, poderemos avaliar com maiores subsídios os prováveis próximos passos da política monetária.”. Por: Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin

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