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29/01/2010 - 09:47

Previsões para 2010

Sinais positivos, em vários setores produtivos, indicam que o pior da crise econômica que assolou o mundo desde setembro de 2008 parece ter ficado para trás. O Brasil não foge à regra e também começa a dar sinais de melhora. Uma pergunta tem sido feita freqüentemente: já saímos da crise?

A resposta a esta pergunta depende do ponto de referência. Se considerarmos apenas o ápice do problema, já estamos chegando a uma situação muito próxima a anterior a crise. Se, no entanto, olharmos atentamente as informações macroeconômicas, os indicadores não são tão bons assim.

Podemos dizer que ainda temos muito pela frente para poder afirmar que não estamos em crise.

Vejamos: .A carga tributária muito alta e sem a devida contrapartida.

.Tanto inibe novos investimentos produtivos visando exportação de bens quanto reduz a competitividade de empresas já instaladas.

.Despesas e custeio do Governo Federal em níveis muito elevados.

.Nossas exportações são muito baixas. Representam apenas 12% do PIB nacional segundo dados do Banco Central. Somos apenas o .24º pais em termos de exportações. Nosso volume representa pouco mais de 1% do comércio mundial. Antes da crise a Alemanha sozinha representava cerca de 9%.

.Os investimentos públicos federais, com o PAC, são quase inexistentes. Representam menos de 1% do PIB segundo o TCU.

Os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento são muito baixos, representam 0,9% do PIB, segundo a OCDE, e apresentam uma tendência de queda. Não apenas os valores são baixos, mas a relação centros de pesquisas-empresa privadas também precisa ser aperfeiçoada. Só para ter uma base de comparação, a média dos países desenvolvidos é 2,4% do PIB. A China vem aumentando sistematicamente os investimentos em P&D e, seguindo neste ritmo, até 2020 deverá ultrapassar a barreira de 2,6% do PIB.

Investimentos externos visam, em sua maioria, oferecer produtos e serviços destinados ao mercado interno. Os quase 190 milhões de habitantes formam um mercado consumidor considerável.

Nossas análises comprovam a afirmação de Porter de que fatores baseados em recursos naturais não necessariamente geram vantagem competitiva. Podemos observar que é a escassez que impulsiona soluções criativas, estas sim precursoras de inovação e de vantagem competitiva sustentável. O Brasil, por exemplo, não teria desenvolvido tecnologia de extração de petróleo em grandes profundidades se este recurso estivesse disponível mais facilmente como no Oriente Médio. Assim, seria prudente o Brasil melhor direcionar os esforços de exportação para produtos de maior valor agregado. A atual produtividade dos setores de agrobusiness e mineração poderiam ser mais bem aproveitadas nas produções de alimentos processados, ferro e aço. Num passo seguinte, estes setores, tendo atingido níveis de competitividade internacionais, poderiam ser as bases (indústrias correlatas e de apoio) para outros produtos de ainda maior valor agregado.

No território brasileiro, ainda não conseguimos identificar clusters. Nos diversos casos analisados, faltam elementos importantes da cadeia produtiva. Por outro lado, incentivos e apoio do governo poderiam transformar estes pólos produtores em clusters de fato, cuja formação alavancaria a criação de novos negócios, permitindo tanto o aumento da complementaridade quanto da integração. Esta alavancagem teria como um efeito colateral positivo a geração de empregos mais especializados. Estes elementos, associados ao aumento da concorrência na cadeia produtiva, fomentam incrementos no grau de exigência dos compradores que, por sua vez, propiciam um aumento na rivalidade e competição que impulsionam a inovação. Um círculo virtuoso.

Apesar da atual crise mundial, possuímos as bases para o ciclo de crescimento: elevados níveis de reserva internacional, superávits na balança comercial desde 2001, inflação baixa e sob controle, redução no desemprego, setores privados com melhores resultados, menores níveis de endividamento e mais recursos para investir.

Contudo, a indústria brasileira está ameaçada “por cima” por países produtores que têm alto potencial de inovação e criação de produtos e serviços (em especial membros do OCDE) e “por baixo” pela concorrência de produtores que atualmente remuneram salários de valores baixos (como China e Índia). De acordo com o Banco Mundial, a expectativa é de que, em alguns anos, a China, num esforço para mudar seu atual posicionamento (reforçado também pelas reformas agrárias e trabalhistas), deverá superar o investimento médio dos países membros da OCDE que é hoje 2,4% do PIB. A mesma fonte informou que os investimentos brasileiros em P&D estão retrocedendo. O Brasil pode ser um pólo de pesquisas em biotecnologia, genética, manejo sustentável, gestão de ecossistemas, etc.

O ano de 2010 será, portanto um ano desafiador, uma vez que somente através de ações amplas será possível posicionar o Brasil no rumo de um crescimento sadio e sustentável.

. Por: Eduardo Schumann, Consultor e Interim Manager, com mais de 24 anos de experiência profissional e MBA Executivo Internacional pela FIA/USP. Especialista em projetos de posicionamento competitivo, planejamento estratégico, gestão organizacional, reestruturações, otimização/reengenharia de processos e remuneração executiva. É também autor de vários cases e artigos, além de palestrante em diversos fóruns de negócios e comitês. Desenvolveu mais de 100 projetos, no Brasil e no Exterior (Argentina, Chile, Espanha, México, Portugal, Venezuela), com grande sucesso na geração de receitas e/ou redução de custos, além de contribuir com a melhoria na eficácia organizacional e a sustentabilidade das empresas.

Alguns clientes: Alcoa, Aracruz, Aunde, BellSouth, BHP Billiton, Brascan, Comgás, Dannemann, Demarest & Almeida, Essilor, Lobo & de Rizzo, Ficap, Hering, Karsten, Lafarge, Microlite, Nike, Nokia Siemens, Orsa/Jari, Petroflex, QAD, Reckitt & Benckiser, Roche, Samsung, StoraEnso, Tozzini Freire, Trench Rossi & Watanabe, Veirano, VCP/Votorantim e Yamana. | Contato: [email protected] | www.EduardoSchumann.com.br

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