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05/02/2010 - 08:42

Tecnologia, emprego e comércio exterior


Todos sabem quais são os benefícios da tecnologia, mas, às vezes, é necessário dedicar alguns minutos para refletir sobre o tema. Hoje, poucas pessoas poderiam viver sem computador, carro, e, sobretudo, celular. Contudo, basta citar uma das maiores maravilhas do mundo moderno, o container, e mostrar um velho slide com estivadores carregando sacos de café nas costas, num passado já distante, para ouvir comentários, como: “era nas costas, mas havia emprego”.

É importante lembrar que este equipamento é o pai da globalização visível que existe no planeta, pois sua excelência, o container, possibilitou que o mundo avançasse da maneira que ocorreu, transformando, em meio século, uma corrente de comércio exterior de US$235 bilhões, em 1960, em uma de US$ 34,7 trilhões, em 2008.

Com essas cifras, não é possível aceitar que essa unidade de carga, assim como qualquer outra tecnologia, tenha provocado desemprego, apenas porque não há mais milhares de trabalhadores avulsos percorrendo o cais, desde o armazém até o navio, com sacos de café nas costas. Mas como esse é um comentário recorrente, é preciso abordá-lo devidamente.

A tecnologia, ao contrário do que pensam muitas pessoas, aumenta o emprego. Quanto mais tecnologia, mais emprego. O fato de uma nova tecnologia causar, de imediato, desemprego num determinado setor, não significa que aumente o desemprego na economia, pois ele ocorre apenas em uma atividade, como no caso dos trabalhadores avulsos carregando os sacos nas costas. Só que, ao se criar o container e, principalmente, padronizá-lo, permite-se uma evolução geral no setor.

Navios especiais para o transporte dessa unidade de carga começaram a ser construídos, bem como equipamentos para movimentar as cargas. Portos foram sendo adaptados aos novos equipamentos e navios. Os próprios containers começaram a ser produzidos aos milhares e, hoje, são milhões de unidades. Foram movimentados em 2008, cerca de 600 milhões de TEU - Twenty feet or equivalent unit (unidades de 6,1 metros de comprimento).

Equipamentos frigoríficos para as unidades reefer foram construídos. Computadores são utilizados para controle do comércio exterior, movimentação de carga e correlatos. Programas para movimentação de carga com essas unidades são continuamente criados e aperfeiçoados.

Cada vez mais trabalhadores precisam ser recrutados para trabalhar nos portos, devido ao fantástico aumento no volume de comércio exterior. Também nas empresas produtoras, exportadoras e importadoras, já que um grande volume de transações pressupõe, obviamente, mais empregos.

É possível ver quantos operadores logísticos existem em face dos valores e quantidade de carga movimentados, atualmente. E os despachantes envolvidos com a carga. E a quantidade de navios, operadores, comandantes, tripulação, etc. Além da construção de navios e sua manutenção. Mais os rebocadores e práticos, para apoio à navegação, etc.

E deve-se colocar nesse pacote, tudo aquilo que se possa imaginar que surgiu ou foi incrementado com a criação dessa unidade pelo nosso herói, Mr. Malcom McLean.

Não é difícil, ao menos à maioria das pessoas, concluir que é preciso continuar evoluindo e criando mais tecnologia.

Assim, é necessário pensar, antes de criticar a perda de alguns poucos empregos num determinado setor – poucos em relação ao total, quantos são constantemente criados por causa da tecnologia.

. Por: Samir Keedi, economista, mestre em administração, consultor e professor da Aduaneiras em assuntos de Comércio Exterior.

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