BNDES: lucro de R$ 6,7 bilhões, 26,8% de aumento em 2009

O banco de fomento espera que os bancos privados aumentem os empréstimos para empresas em 2010.

O Sistema BNDES (Banco do Desenvolvimento Econômico e Social), registrou lucro de R$ 6,7 bilhões no exercício de 2009, o que significou um aumento de 26,8% em relação aos R$ 5,3 bilhões de 2008. Contribuíram para o desempenho do ano passado três fatores positivos: o resultado com intermediação financeira, os dividendos declarados por investimentos da BNDESPAR e a reversão de provisão para contingências civis.

Em entrevista coleitva no dia 18 de fevereiro (quinta-feira) o presidente do BNDES, Luciano Coutinho disse que principal impacto positivo sobre o lucro foi o resultado bruto da intermediação financeira, que passou de R$ 3,9 bilhões em 2008 para R$ 5,8 bilhões em 2009, fruto do expressivo crescimento das carteiras de operação de crédito e de títulos e valores mobiliários. A expansão dos financiamentos foi possível devido às recentes captações junto ao Tesouro Nacional ao longo de 2009, que totalizaram R$ 105 bilhões. Com isso, o maior volume de operações compensou a redução dos spreads cobrados pelo BNDES em seus financiamentos.

“Outro fator positivo foi a reversão, em 2009, de provisão cível decorrente de decisão de segunda instância favorável ao BNDES. Com isso, valores que haviam sido provisionados como perdas puderam ser contabilizados como resultado positivo”, lembrou.

Já o resultado bruto com alienação de investimentos apresentou redução, passando de R$ 4,6 bilhões em 2008 para R$ 1,2 bilhão em 2009, em consequência da paralisação dos esforços de venda de ações no primeiro semestre de 2009 em função do ambiente de mercado desfavorável, só retomados no segundo semestre.

“Também merece destaque a provisão para risco de crédito, que totalizou uma despesa de R$ 6 milhões em dezembro de 2009. Já em 2008, o BNDES havia registrado uma receita com reversão de R$ 445 milhões. O aumento da provisão foi decorrente da desaceleração da atividade econômica ao longo do ano e do rebaixamento da classificação de risco de alguns clientes, sem, no entanto, afetar a alta qualidade da carteira de crédito do BNDES e seu baixo nível de inadimplência”, frisou o executivo.

“Além disso, o BNDES sempre adotou postura conservadora no provisionamento para risco de crédito, de tal modo que as renegociações vinham gerando reversões de provisão e recuperações de crédito em anos recentes. Tal fato ainda ocorreu em 2008, mas não tende a se repetir nos próximos anos, dado o esgotamento do estoque de créditos passíveis de renegociação”, continuou.

Posição financeira – “O patrimônio líquido totalizou R$ 27,6 bilhões, correspondendo a um patrimônio de referência de R$ 54 bilhões, superior aos R$ 42,5 bilhões obtidos em 31 de dezembro de 2008. O patrimônio de referência é a base utilizada pelo Banco Central para estabelecer limites prudenciais que devem ser seguidos por todas as instituições financeiras. Quanto maior for o patrimônio de referência do BNDES, maior sua capacidade de conceder crédito”, informou Coutinho.

Em 2009, o BNDES apresentou índice de adequação de capital, conhecido como Índice de Basiléia, de 17,5%, um indicador confortável em relação aos 11% exigidos pelo Banco Central. O índice de exposição ao setor público fechou em 25,2%, bem inferior ao limite de 45% definido pela legislação bancária.

Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 386,6 bilhões no ano de 2009, representando crescimento de 39,4% em relação ao exercício de 2008. A rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido médio alcançou 25,47% em dezembro de 2009 (23,95% em dezembro de 2008).

“Os créditos inadimplentes totalizaram 0,20% da carteira total, com destaque para a boa qualidade da carteira de financiamentos. Do conjunto dos créditos do Sistema BNDES, 97,7% são classificados entre os níveis de risco AA e C. Nos bancos privados, esta proporção é de 90,1%, e nos bancos públicos, de 92,3%”, explicou o presidente.

“Em relação à BNDESPAR, o valor de mercado da carteira de investimentos em 31 de dezembro de 2009 somou R$ 92,9 bilhões, representando 174,7% do seu valor contábil. A cifra é superior em 148,9% à registrada nos nove primeiros meses de 2009 e de 109,6% em relação a 2008, o que demonstra a recuperação progressiva do mercado acionário”, disse.

“O BNDES teve importante papel na rápida recuperação da atividade econômica ao viabilizar desembolsos da ordem de R$ 137 bilhões para os setores produtivos. As liberações foram destinadas, predominantemente, a projetos de longo prazo, que aumentarão a capacidade de oferta da economia brasileira e de serviços de infraestrutura a custos compatíveis com a competitividade da economia brasileira.

O BNDES conseguiu atingir um desempenho financeiro compatível às suas atividades de banco de desenvolvimento, alcançando uma carteira de crédito de R$ 280 bilhões. Com isso, sua participação na oferta total de crédito da economia subiu de 17% para 20% entre o final de 2008 e o final de 2009”, concluiu Luciano Coutinho.