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26/02/2010 - 10:26

Além da crise financeira: vulnerabilidades relacionadas ao rápido crescimento das microfinanças

Washington -De acordo com a CGAP, um grupo de microfinanciamento com base no Banco Mundial, os recentes problemas de reembolso em quatro mercados de microfinanças em rápida expansão não são causados pela crise financeira e sim pelo modo como as microfinanças operam nos mercados de crescimento rápido. Os autores examinam os recentes problemas de reembolso em quatro mercados diferentes de microfinanciamento com expansão acelerada -- Nicarágua, Bósnia e Herzegovina, Marrocos, e Paquistão -- e conclui que os problemas observados estão intimamente relacionados às fases de crescimento experimentadas por esses países entre 2004 e 2008.

Os autores debatem que a causa dos problemas nesses países não é a crise financeira, já que em nível global as microfinanças têm atravessado a crise relativamente bem, dando aos observadores a confiança de que emergirão mais fortes da crise.

O relatório, Crescimento e Vulnerabilidades nas Microfinanças (http://www.cgap.org/p/site/c/template.rc/1.9.42393), destaca três pontos fracos no centro da crise de reembolsos nesses países: concentração excessiva de empréstimos pelas instituições de microfinanças e múltiplos empréstimos de seus clientes, sobrecarga na capacidade dos back-offices nessas instituições e a perda da disciplina de crédito enquanto as instituições buscavam um crescimento rápido.

"A experiência mostra que as microfinanças podem manter a qualidade do patrimônio e gerar retornos impressionantes, tanto em termos de lucros para os investidores como em melhorias na vida das pessoas", diz o co-autor Xavier Reille, da CGAP. "Entretanto, alguns países mostram sinais de estresse e nos lembram que existe a necessidade de um foco mais forte no crescimento sustentado e no compromisso com a qualidade do patrimônio."

Nos últimos dez anos, as microfinanças cresceram mundialmente a um ritmo impressionante, fornecendo acesso a serviços financeiros para milhões de cidadãos de baixa renda. Esse crescimento foi motivado por instituições ambiciosas e incentivado pela abundância de crédito. Os investidores locais e estrangeiros têm grande interesse em apoiar o crescimento do setor. "Na próxima década, devemos nos concentrar no crescimento sustentável, com atenção especial aos serviços ao cliente e à qualidade do patrimônio", diz Reille.

A CGAP propõe três aprimoramentos que podem incentivar a próxima fase de expansão dos microfinanciamentos: um equilíbrio maior entre o crescimento e a qualidade dos serviços aos clientes nas instituições de microfinanças, a expansão no número e no uso dos departamentos de informação de crédito e melhores informações do mercado, permitindo que os administradores tomem decisões mais precisas sobre como ampliar seus serviços de forma mais eficiente.

Os autores descobriram que em cada um desses quatro países, as instituições de microfinanças seguiram umas às outras em localidades específicas, ao invés de distribuir seus serviços de modo mais uniforme. A grande concentração de empréstimos e a competição trouxeram alguns benefícios para os clientes, mas ao mesmo tempo, aumentaram os riscos dos mutuários em dívidas maiores, oriundas de mais fontes, mudando seus incentivos de pagamento.

Na busca de novos clientes e do crescimento patrimonial, muitas instituições nesses quatro países não puderam manter a qualidade e eficiência de seus funcionários, o foco da administração intermediária, ou a adequação dos controles internos.

Em terceiro, a própria disciplina de crédito foi prejudicada. As instituições passaram a correr mais riscos para obter novos clientes, e expandiram suas ofertas de produtos sem as adaptações apropriadas ou o fortalecimento de controles internos.

Os quatro países examinados no relatório oferecem lições para um setor mais amplo, que permanece razoavelmente forte, segundo os autores. Eles questionam se países em rápido desenvolvimento, como a Índia, onde o crescimento patrimonial ultrapassou significativamente o de outros países, acabariam notando um aumento dessas mesmas vulnerabilidades. "As instituições microfinanceiras precisarão adaptar seus controles internos e melhorar a compreensão dos seus clientes e mercados", diz Xavier Reille. "Os departamentos de informações de crédito são bons aliados para esse propósito, ajudando as instituições a evitarem mercados muito saturados e a identificarem oportunidades sensatas de crescimento, oferecendo um tipo de mapeamento do acesso financeiro que pode orientar a futura expansão."

Os autores destacam que as recomendações do documento não são soluções mágicas para todos os problemas possíveis e futuros das microfinanças, mas que, consideradas em conjunto, podem ajudar o setor a evitar os erros do passado.

Perfil - CGAP (The Consultative Group to Assist the Poor) é o principal recurso mundial para o avanço das microfinanças. A CGAP oferece às instituições financeiras, governos e investidores informações objetivas, opiniões de especialistas e soluções inovadoras para ampliar de forma eficiente o acesso ao crédito para pessoas de baixa renda no mundo todo. [www.cgap.org] PR Newswire

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