Resseguros: Banco do Brasil vai garantir a expansão do IRB

A compra do controle do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Re) pelo Banco do Brasil é a aposta da resseguradora para manter a liderança do mercado brasileiro e expandir para outros países. A afirmação foi feita no dia 3 de março (quarta-feira), pelo presidente do IRB, Eduardo Nakano, durante mesa-redonda sobre o setor de resseguros organizada pela Câmara de Comércio França-Brasil, no Rio de Janeiro. Nakao confirmou que a operação de aquisição deverá ser concluída ainda este ano, ampliando as oportunidades de negócios do IRB.

– Num futuro próximo, o IRB vai ser uma empresa do conglomerado Banco do Brasil. Aí sim, vamos ter resseguradora, seguradora, banco de investimento, banco comercial e um rol de produtos a oferecer à clientela – destacou.

De acordo com o executivo, a internacionalização do IRB, que hoje detém 78% do mercado, faz parte de um plano de expansão de três anos. Nakao citou Argentina, Colômbia, Venezuela e México como mercados que podem ser explorados. A consolidação da liderança no mercado nacional, no entanto, é prioridade da empresa, que até abril de 2008 detinha o monopólio no setor.

Com a abertura do mercado e a entrada de outras quatro resseguradoras locais, o IRB fechou 2008 com 82% do mercado, mas perdeu quatro pontos percentuais de fatia no ano passado, ficando com 78%. O lucro líquido da empresa de R$ 307 milhões, em 2009, aumentou 2,67% em comparação a 2008, um incremento modesto levando em conta que o mercado de resseguros cresceu 17,9%.

– A preferência que algumas empresas têm pelo IRB ajudou a manter o market share – ressaltou Nakao, que pretende começar a atuar em países vizinhos até o fim de 2011.

Para analistas, o IRB precisa melhorar sua gestão tecnológica e investir na capacitação de seu quadro de profissionais, ou continuará perdendo mercado e dificilmente terá capacidade de competir com empresas internacionais.

– A tendência é o IRB perder mercado, porque é difícil competir com essas resseguradoras internacionais, que têm muito dinheiro e anos de mercado – explica o advogado especializado no setor de seguros, Ilan Goldberg. – Mas a expansão é possível, desde que a empresa faça a sua parte, que passa pela profissionalização de sua equipe.

Para Ilan, a fusão com o BB é positiva, mas o ideal seria a privatização do IRB, proposta que foi levantada no final da década de 90, mas acabou sendo substituída pela lei que determinou a abertura do mercado de resseguros no país, cerca de nove anos depois.

– O papel do Estado é garantir o mais importante para a população: saúde, educação. Não deveria se meter numa atividade econômica tão especializada. O ideal é que vendesse sua parte, e que uma agência reguladora independente fiscalizasse o setor – criticou Goldberg, referindo-se à Superintendência de Seguros Privados (Susep), ligada ao governo, e sem real autonomia.

Mercado nacional não suporta riscos, mas avança - A expectativa para o mercado de seguros e resseguros no Brasil é de expansão anual de cerca de 10%, em ritmo constante, pelos próximos seis anos. A exploração do pré-sal, construções de grandes empreendimentos como a usina hidrelétrica de Belo Monte e eventos internacionais, como Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos no Rio em 2016, devem ajudar a manter o setor aquecido.

Segundo o presidente do IRB, Eduardo Nakao, no entanto, o mercado nacional no momento não tem capacidade de suportar todos estes riscos projetados. Por isso, a empresa já procura resseguradoras internacionais, ainda não registradas no Brasil, que possam firmar parceria para aumentar a capacidade do IRB. O mercado nacional também deve ser ampliado, com a inclusão de novas resseguradoras locais.

– Podemos, num futuro próximo, chamar ao mercado brasileiro essas empresas que atuam em outros países. E cadastrá-las – explicou o executivo, que espera crescimento a taxas superiores ao PIB nacional. | Adriana Diniz/JB