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04/03/2010 - 08:14

Dez questões sobre pedra nos rins - litíase urinária


A litíase urinária ou cálculo renal, mais conhecida pelas pessoas como “pedras nos rins”, é um problema de saúde muito comum entre a população. Isto ocorre por que a urina contém, naturalmente, diversas substâncias que podem se aglomerar e formar uma pedra, como cálcio, ácido úrico, fosfato, etc. O surgimento das pedras é provocado por vários fatores relacionados à alimentação, mal funcionamento do sistema urinário ou a predisposição genética.

“Entre 10 e 15% da população mundial (OMS) pode apresentar, em algum momento da vida, pelo menos um episódio de cólica nefrética, que é quando a pedra sai do rim e passa pelos ureteres em direção à bexiga, causando uma forte dor em cólica. A migração da pedra dentro do ureter causa dor de forte intensidade que, geralmente, obriga a pessoa a procurar o pronto-socorro”, esclarece Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028), doutor em Urologia, especialista em cirurgia robótica em urologia, Membro da Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, Endourological Society e integrante do corpo clínico dos Hospitais Albert Einstein e São Luiz.

Quem sofre de ‘pedras nos rins’ pode apresentar um quadro de sintomas variável que se relaciona diretamente com o tamanho e a localização do cálculo. “É possível fazer o diagnóstico tanto nos episódios de cólica renal, como durante exames de rotina através de ultrassonografia e tomografias computadorizadas”.

Na entrevista a seguir, o especialista detalha mais sobre o assunto. Acompanhe: 1- Quais os sintomas da litíase urinária? . A cólica nefrética é causada pela migração do cálculo formado dentro do ureter. É uma dor em cólica muito forte que começa na região da coluna lombar (nas costas) e vai migrando em direção à raiz da coxa. É um tipo de dor muito intensa e tem uma característica importante: o paciente com cólica renal não consegue ficar parado, não havendo posição de melhora. Além da dor, a passagem do cálculo pelo ureter provoca sangramentos e a urina sai avermelhada. Também é comum sentirem náuseas e vômitos.

2-Como se desenvolve e qual o tamanho médio de um cálculo? . Os principais fatores que influenciam no aparecimento de cálculo são baixo volume de urina, excesso de eliminação de cálcio na urina, diminuição da eliminação de citrato na urina e fatores dietéticos, como baixa ingestão de líquidos, tipo de líquido ingerido, alta ingestão de cloreto de sódio e de proteínas além de ingestão baixa de cálcio.

3-Existem alguns sintomas prévios que podem fazer com que seja indicado que a pessoa procure um urologista? . Se uma pessoa sentir dor lombar, tiver casos de infecção urinária de repetição, notar a presença de sedimentos/areia na urina e ou eliminação de pedras e, eventualmente, presença de sangue na urina deve procurar o quanto antes um urologista para avaliação.

4- Quem é propenso a desenvolver pedra nos rins? Por que os homens sofrem mais com a doença? Existe uma idade média na qual a pedra nos rins possa aparecer? . Em geral, o cálculo renal é mais freqüente em homens do que em mulheres, numa proporção de 3:1, atingindo frequentemente pessoas dos 25 aos 35 anos, e é mais comum em brancos do que nas outras raças. Fatores ambientais, como a dieta, também influenciam na formação dos cálculos.

5- Que tipo de alimentação pode influenciar no aparecimento deste problema? Existe alguma dieta que possa evitar a formação de cálculos? . Tomar bastante água é fundamental para evitar a formação de cálculos. Cerca de 50% das pessoas com história de cálculo urinam menos de 2 litros por dia. Aumentar a diurese para 4 litros por dia diminui em muito o risco de formação de uma pedra. Deve-se tomar muita água, chá e suco de frutas cítricas (laranja, limão e acerola), que são ricas em citrato. Alguns estudos mostram que as pessoas que mudam seus hábitos de vida em relação à ingestão de água e dieta conseguem evitar a formação de novas pedras comparadas com as pessoas que mantiveram o mesmo hábito.

Embora pareça confuso, é preciso manter uma dieta rica em cálcio para evitar a formação de cálculos, mesmo que a maior parte dos cálculos seja de oxalato de cálcio. É que o cálcio da dieta se liga na luz do intestino com o oxalato. O oxalato de cálcio formado não é absorvido pelo intestino e é eliminado na evacuação. Uma dieta pobre em cálcio faz com que o oxalato fique livre. Na forma livre, ele é absorvido pelo intestino, vai para o sangue e acaba eliminado pela urina. Na urina, o oxalato se combina com o cálcio formando as pedras.

6- Quem foi submetido a cirurgia bariátrica, pode ter mais facilidade a desenvolver o cálculo renal? Por quê? . Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, em geral, possuem quase duas vezes mais risco de ter pedra nos rins e de sofrer de deficiência de cálcio e de vitamina D no organismo. Durante cinco anos, pesquisadores da Johns Hopkins University avaliaram 4.639 pacientes que fizeram a cirurgia e compararam com número idêntico de obesos que não se submeteram à redução de estômago. Neste estudo - publicado no Journal of Urology, 2009 - observou-se que 7,65% daqueles que fizeram a cirurgia foram diagnosticados com pedra nos rins, enquanto apenas 4,63% das pessoas do grupo de controle tiveram o problema. Era claro que existia um aumento no número de casos, mas os especialistas não tinham como afirmar que existia essa relação antes destes dados.

7- Quais as complicações que podem ocorrer no organismo se a doença não for tratada? . Em alguns casos, os cálculos muitos grandes podem se formar na saída dos ureteres do rim, uma região chamada de pelve renal. Esse tipo de cálculo pode levar à insuficiência renal, porque eles vão crescendo lentamente e, como são muito grandes, não migram pelo ureter e acabam impedindo a saída da urina. Geralmente, eles não causam dor e, por isso, muitas vezes o diagnóstico deixa de ser feito. Cálculos menores, além do quadro doloroso, quando forem obstrutivos podem levar a um quadro de infecção dos rins se a urina permanecer em estase/parada por um tempo prolongado.

8- Quais os tipos de tratamentos mais eficazes para combater o cálculo? . A parte mais importante do tratamento do cálculo renal é aumentar a ingestão diária de água. Uma pessoa deve beber de 2,5 a 3 litros de água por dia. Em lugares muito secos, é fundamental manter uma ingestão de água elevada para a prevenção dos cálculos. Além da água, vários tipos de chás são benéficos, entretanto o chá mate é rico em oxalato e deve ser evitado. O vinho tinto parece ter um efeito protetor na formação de cálculos.

O tratamento depende da causa. Há medicamentos que são utilizados para diminuir a excreção de cálcio na urina como os diuréticos tiazídicos. Em relação ao oxalato, a conduta será diminuir a ingestão dos alimentos ricos nesta substância. Outra forma de prevenir os cálculos de oxalato é aumentar o cálcio da dieta, como já comentamos. A falta de citrato pode ser tratada pela reposição diária de cápsulas de citrato de potássio ou bicarbonato de potássio. Cada caso deve ser analisado por um urologista que indicará o melhor tratamento.

Quando o cálculo impacta no ureter é indicado tratamento endoscópico. Isso, em geral, acontece com cálculos acima de 0,5 cm. Nesse caso, a conduta é passar um endoscópio pela uretra, bexiga e entrar no ureter para se destruir a pedra por meio de laser. Atenção: um cálculo preso no ureter obstrui a passagem da urina e, depois de algum tempo, o rim pode parar de funcionar.

Para casos de pedras na região da pelve renal, a litotripsia é um tratamento que pode ser utilizado nesse caso. É um procedimento que bombardeia a região do rim com ondas de choque com o objetivo de implodir a pedra. Esse procedimento só tem indicação em alguns tipos de cálculo.

9- Quem já expeliu a pedra, pode desenvolver um novo cálculo? Por que isso acontece? Existe alguma estatística de quantas pessoas sofrem com o problema no Brasil e do mundo? . Depois que uma pessoa tem um episódio de litíase (aproximadamente 10% da população mundial), ela tem 15% de chance de ter um novo episódio no ano seguinte, de 35 a 40% de chance de um novo episódio em 5 anos e de 60 a 70% de um novo episódio em 10 anos. Cerca de 30% dos pacientes precisarão de algum tipo de internação em pronto-socorro ou enfermaria por causa do cálculo; e cerca de 15% necessitarão de algum procedimento cirúrgico ou endoscópico para retirar o cálculo. (Campbells – Urology 2009).

10- A atividade física em excesso, sem reposição adequada de líquidos, pode favorecer o aparecimento do cálculo renal? . Durante a perda intensa de líquidos o metabolismo se altera. A possibilidade de formação de cálculos é um dos principais incentivos para que os pacientes se mantenham hidratados em treinos extenuantes. Os atletas devem se hidratar adequadamente a fim de manter o fluxo renal adequado, bebendo bastante água, o que contribui na prevenção do aparecimento das pedras.

Perfil.: Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028) - Médico urologista e especialista em cirurgia robótica em urologia. Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo e com doutorado pela Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Oskar Kaufmann é membro da Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, Endourological Society e acaba de retornar ao Brasil, após o período de um ano de pós-doutorado em Endourologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica pela Universidade da Califórnia – Irvine. Além de integrar o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital São Luiz e do Hospital do Homem, Dr. Kaufmann possui mais de 30 trabalhos publicados em veículos científicos nacionais e internacionais. | Equipe Prestigerp

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