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05/03/2010 - 10:20

O que as marcas e a propaganda precisam saber sobre a mulher contemporânea?


Quando questionadas sobre qual é a principal característica do homem ideal, uma parcela considerável de mulheres vai responder à queima-roupa que é a capacidade de fazê-las rir. Se esse é um trunfo essencial para a conquista, por que ao abordar as consumidoras as marcas deixam de fora o bom humor? E que tipo de humor é valorizado pela mulher contemporânea? Uma outra questão pertinente é por que as marcas optam por descrevê-la como um ser múltiplo – a supermulher. Não que eu esteja duvidando da capacidade feminina de desempenhar inúmeros papéis, mas questiono se é por essa característica que gostariam de ser retratadas. Em uma verdadeira cruzada para por à prova esse conhecimento empírico, analisei uma série de pesquisas comportamentais, conduzidas pela Voltage com mulheres com idade entre 20 anos e 40 anos, das classes A, B e C.

As pesquisas mostram que no imaginário contemporâneo feminino, a conquista da realização pessoal é decorrente de uma vida profissional, familiar e sexual prazerosa, ou seja, um projeto difícil de se concretizar. A decisão de não abrir mão dos papéis “convencionais” – mãe e administradora do lar perfeita – criou um padrão emergente caracterizado pela ampliação das responsabilidades femininas. Os constantes questionamentos familiares, que colocam em xeque a atuação da mulher nos diferentes papéis, são fatores de estresse e desgaste para as mães-profissionais. Ou seja, para a mulher contemporânea o padrão de excelência é tão inatingível que o rótulo de supermulher soa falso, algo distante da realidade.

A análise do significado da maternidade na vida da mulher contemporânea; os desafios, os desejos, as preocupações cotidianas e a relação com as marcas nos fornecem elementos significativos para entender a mulher contemporânea. Quando passamos a entender o modo feminino singular de se relacionar com as marcas – levando em consideração os critérios racionais e emocionais para a escolha dos produtos – concluímos que há discrepância entre a mulher real e a retratada pela publicidade. Parece redundante, mas tornar-se mãe constitui uma nova condição ôntica que, na percepção feminina, transforma completamente a vida e o perfil de consumo. Ser mãe implica em um senso de responsabilidade instintivo; a responsabilidade pelo hoje e amanhã dos filhos. Os sonhos e preocupações passam a ser ligados à família e aos filhos.

Uma tendência identificada nas pesquisas da Voltage é que as mulheres têm buscado adaptar as atividades profissionais à rotina familiar com horários e atribuições profissionais mais flexíveis; essas mulheres têm buscado o que acreditam ser a essência da feminilidade por meio da convivência mais estreita com os filhos. Há, inclusive, as que optaram por se dedicar integralmente aos filhos durante determinado período, e que transformaram as casas em suas próprias empresas. Nelas é fácil identificar o passado corporativo, pois usam termos como “gerenciamento” e “metas” para falar sobre a lida cotidiana. Entre as que continuam em dupla jornada, a reclamação recorrente é a falta de tempo para cuidados pessoais: manicure, depilação, academia etc. Hoje, essas atividades são “encaixadas” no horário do almoço.

No tocante aos cuidados com a alimentação, a escolha da mulher contemporânea abarca os alimentos funcionais – produtos com benefícios nutricionais. Os produtos enriquecidos ganham status de auxiliar no desenvolvimento das crianças. Embora o consumo de orgânicos não seja cotidiano, esses alimentos são os mais admirados pelas consumidoras-mães por tudo que representam. Em suma, a maternidade altera drasticamente a alimentação e as escolhas de consumo. A mulher passa a ter refeições similares às dos filhos; uma forma de “dar exemplo” às crianças. Em contrapartida, se dá ao luxo de consumir itens que não considera adequados para os filhos como refrigerantes e doces.

As linhas light e diet, impróprias para crianças, entram na dieta feminina como instrumento para manter a forma, em um momento que o tempo para exercícios é escasso. Nesse universo, entre as marcas mais citadas estão Nestlé, Parmalat, Sadia, Batavo e Danone. A preferência do marido e dos filhos passa a fazer parte do dia a dia dessa consumidora. Na hora da compra, prioriza alimentos que parecem saudáveis, gostosos e com embalagens capazes de atrair as crianças. A data de validade e a procedência dos produtos passam a integrar o cotidiano, assim como conceitos gordura trans e calorias. A decepção com determinadas marcas leva muitas mulheres a um rompimento definitivo, sem piedade.

Como são mais intuitivas e detalhistas, a emoção detectada em campanhas faz com que lembrem mais de determinadas marcas. Entretanto, na visão da mulher contemporânea, a seriedade que impera nas abordagens das marcas pode ceder lugar ao humor elegante. Lembra da história do namorado bem-humorado? Pois é aqui que o conceito se encaixa.

. Por: Paulo Al-Assal - Fundador e diretor-geral da Voltage – agência de tendências e insights aplicáveis ao negócio, pioneira no Brasil na pesquisa e mapeamento do comportamento humano –, Paulo Al-Assal é formado em Administração de Empresas e Economia pela Colorado State University, possui pós-graduação em Marketing (Colorado State University) e em Marketing de Entretenimento e Branding (New York University). O executivo atuou no mercado financeiro nos bancos Itamarati, Sudameris e Credibanco, além de ser sócio-fundador da Impact Sports Marketing, agência de marketing esportivo. Al-Assal liderou projetos para empresas como Unilever, Nivea, Carrefour, Pão de Açucar, Tetra Pak, ABN AMRO Bank, Kraft Foods, GM, Wal Mart, Red Bull, Philips, Africa, Telefonica, Grupo Estado, Banco Real, Coca Cola, entre outras. Como parte do aperfeiçoamento profissional, é um estudioso das disciplinas psicologia, sociologia, antropologia e filosofia. | www.voltage.com.br

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