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06/03/2010 - 09:39

Mulheres que brilham

Ela está no topo. Trocou o altar pela poeira da estrada. Já conhece todas as trilhas. Sabe arriscar. É prudente quando precisa.

Tem brilho próprio, como certas estrelas. Até hoje, mulher feita, é que nem com os meninos na infância: a mesma lei: homem não chora. Mulher chora, mas ninguém vê, ninguém ouve.

As mulheres são tantas! São várias. São múltiplas. A mulher dos nossos dias “não está no gibi”.

“Mulher é desdobrável”, escreveu a poeta mineira Adélia Prado. E ela sabe o que diz. Conhece a lida de uma mulher que “brilha diferente”. Ela está na capa colorida das revistas; na contracapa do recesso do lar; está no elenco das novelas; no meio da orquestra, tocando a própria; está no plantão dos hospitais, das delegacias, das redações dos jornais e da TV; está no vídeo, está cobrindo uma guerra. Nos palanques da política, nos meandros da ciência. Em toda parte ela está. Não me canso de vê-la na minha paisagem.

Desdobrável... lá vai ela, moça, a desfolhar o tempo recolhendo a roupa, preparando a comida bem cedinho para levar pro trabalho e deixar outra metade com os filhos. Trabalha em casa de família. Deixou tudo brilhando. Duas horas de trânsito pra ir, mais duas pra voltar... E é assim que os anos avançam e quando a gente vê, ela conseguiu educar os meninos, garantiu o futuro deles.

O destino da filha já será diferente. Domina o computador. Sabe escrever. É uma brasileira cheia de sonhos. Dá duro 10 horas por dia. Engrossa a fila da tripla jornada de trabalho: o filho, o marido, a vida lá fora.

Ser mulher é desdobrar fibra por fibra o coração. Coração de mãe, filha de Deus. No rosto ela trás as marcas do mundo. É urbana. É caseira.

A maior conquista do esporte, no século XX, é a mulher. Se ela começou a lutar pela igualdade de direitos na porta da fábrica, foi mesmo nas pistas, nas quadras e nos ginásios que continuou a luta da autoestima. Da alma olímpica, capaz de competir, irmamente, valendo-se das forças do corpo e do espírito.

Mulher.

Os homens te sonhavam santa. Santa, a desfiar preces na solidão dos templos. E, no entanto, estás ali, assumida, na ponta dos pés a correr ao encontro de ti mesma.

Os homens te cantavam flor, não mais que pétalas, como se tua vida não fosse espinhos também.

E, no entanto, aí estás, criatura de Deus, assombrando o mundo com a poesia dos teus músculos.

Mulher!

Pelo triunfo que te eterniza, pela bravura que te faz mais bela, louvada, sempre serás, assim na terra como no céu.

. Por: Armando Nogueira/J.Cocco.

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