Encontro nacional de ecogastronomia debate biodiversidade alimentar

Movimento Slow Food reúne chefs, produtores e pesquisadores brasileiros para reuniões sobre educação alimentar, intercâmbio de sabores e estímulo ao consumo sustentável.

De 19 a 22 de março, Brasília sedia a segunda edição do Terra Madre Brasil – Encontro Nacional de Ecogastronomia –, promovido pelo Slow Food, no Complexo Cultural da Funarte. O evento conta com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), da Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural (SID) do Ministério da Cultura (MC) e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Chefs de cozinha, pesquisadores, acadêmicos, agricultores, pescadores, criadores e produtores artesanais do setor agroalimentar sentam à mesa para discutir temas como biodiversidade alimentar e preservação de tradições culinárias. Entre os destaques desta edição estão a participação de jovens cozinheiros, universitários e produtores, e a presença do fundador e presidente do movimento, o jornalista italiano Carlo Petrini.

A reunião é o ponto de encontro para articular a rede Terra Madre, formada por membros de diferentes categorias de produção e consumo de alimentos. Este ano, cerca de 550 participantes de todo o país irão compartilhar projetos bem sucedidos, amparados pela Fundação Slow Food para Biodiversidade; discutir questões como “Alimentação escolar e agricultura familiar” e a “Formação do consumidor consciente”; trocar experiências com o Laboratório do Gosto, que apresentará sabores da Mata Atlântica, da Amazônia e do Cerrado; além de encontros com líderes dos núcleos de convivialidade das cinco regiões do Brasil, que promovem atividades para a educação alimentar.

O público terá a oportunidade de conhecer mais sobre o Slow Food – associação internacional centrada na defesa da biodiversidade agrícola e gastronômica, presente há dez anos no país. Estão programadas atividades focadas no conceito de co-produtor que, segundo Carlo Petrini, é o comensal que conhece a origem dos produtos, as técnicas de produção e os produtores. Entre as atrações, o Terra Madre apresenta a Feira de Produtos da Agricultura Familiar com excelência culinária, projeção de filmes sobre alimentação e manifestações artísticas de grupos populares. A proposta é apresentar a filosofia do movimento, baseada no slogan “bom, limpo e justo”, que define que o alimento precisa ser “saboroso, livre de agrotóxicos e comercializado a preços justos”. [www.terramadre.slowfoodbrasil.com].

O que é Slow Food? Associação internacional sem fins lucrativos fundada pelo jornalista Carlo Petrini, na Itália, em 1989. Em 20 anos de atuação, a filosofia “bom, limpo e justo” está presente em cerca de 153 países com mais de 100 mil membros. Baseado no conceito de ecogastromia, o Slow Food defende a valorização das tradições culinárias, o fortalecimento dos mercados locais, o consumo como parte da cadeia produtiva alimentar, a origem dos alimentos, o sabor e o prazer à mesa.

O Brasil participa há dez anos do movimento com, aproximadamente, mil associados, que são organizados em grupos regionais chamado convivium. Estes núcleos realizam atividades como degustações, programas culturais, workshops de educação do gosto e visitas a produtores, além do engajamento em projetos ecogastronômicos. Trata-se de estabelecer o elo entre o campo e a mesa, o homem rural e o comensal urbano. [www.slowfoodbrasil.com].

Rede global Terra Madre - A rede global Terra Madre foi lançada em 2004 para articular agricultores, produtores artesanais, acadêmicos, chefs, jovens e consumidores. A proposta é discutir sistemas de produção alimentar e reforçar a economia local. A cada dois anos, a rede se encontra em Turim, na Itália, para um rico intercâmbio cultural e alimentar. A comida é o tema central para refletir sobre temas atuais como mudanças climáticas, sustentabilidade e energia limpa. Além da edição bienal, são realizados encontros nacionais, como o Terra Madre Brasil. O próximo encontro internacional acontece entre 21 e 25 de outubro de 2010.

Encontro nacional de ecogastronomia apresenta alimentos nativos ameaçados de extinção - A relação contemporânea com a alimentação restabelece o elo entre o campo e a mesa, aproximando quem produz e quem consome alimentos. Entre os dias 19 e 22 de março, Brasília reúne uma amostra de como essa rede está atuando no Brasil, por meio do movimento Slow Food. A segunda edição do Terra Madre Brasil – encontro nacional de ecogastronomia - irá conectar cerca de 550 participantes para troca de experiências no setor agroalimentar.

Destaque para as Fortalezas do Gosto, projeto da Fundação Slow Food para Biodiversidade, que tem por objetivo potencializar gastronomicamente e comercialmente alimentos ameaçados de extinção. É o caso da Fortaleza do Umbu, formada pela Cooperativa Agrofamiliar de Canudos, Uauá e Curuçá (Coopercuc), municípios do sertão baiano, que totaliza cerca de 300 produtores e coletores, atendendo mais de 230 famílias em 16 comunidades.

Desde 2004, a Coopercuc conta com o apoio da Fundação, que incluiu o umbu na lista de Fortalezas. O umbuzeiro, base da economia local, estava sob ameaça, devido o aumento da produção de caprinos. O estímulo do Slow Food ampliou a comercialização das geléias, doces e compotas. Hoje, os produtos são exportados para países como França, Áustria, Alemanha e Espanha com os selos FLO Fair Trade e Certificação Orgânica.

“O apoio veio em boa hora boa hora e nos permitiu crescer com nossos parceiros”, diz Jussara Dantas, líder da Fortaleza do Umbu, que irá apresentar os frutos da Coopercuc no Terra Madre Brasil. Entre as ações da Fundação Slow Food está a divulgação em mais de 80 países, além de viabilizar a participação em feiras internacionais como o encontro bienal Terra Madre, em Turim, na Itália.

O encontro da rede Terra Madre é destinado aos membros do movimento Slow Food e convidados. Para o público, estão programadas atividades focadas no conceito de co-produtor que, segundo Carlo Petrini, é o comensal que reconhece a origem dos produtos, cujas escolhas de consumo contribuem ao futuro da produção agrícola. Entre as atrações, o Terra Madre apresenta a Feira de Produtos da Agricultura Familiar com excelência culinária. Para mais informações, acesse terramadre.slowfoodbrasil.com.

O Brasil participa há dez anos do movimento com, aproximadamente, mil associados, que são organizados em grupos regionais chamados convivium. Hoje, existem 23 grupos distribuídos em todo o país, sendo o de São Paulo o mais numeroso. Oito alimentos fazem parte da Fortaleza do Gosto (Aratu, Pinhão da Serra Catarinense, Arroz Vermelho, Guaraná Nativo Sateré Mawé, Palmito Juçara, Castanha de Baru e Néctar de Abelhas Nativas e Umbu). | www.malaguetacomunicacao.com.br