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13/03/2010 - 10:36

Por que investir em ações?

Especialista em mercado de capitais critica o hábito brasileiro de concentrar investimentos na renda fixa em detrimento do mercado acionário. "A vida é muito mais imprevisível do que arriscar na bolsa", afirma.

O investidor brasileiro não tem o hábito, nem a cultura, de investir no mercado de ações. Tradicionalmente, a maioria dos brasileiros investe na caderneta de poupança. O que mostra duas coisas: aversão a risco e falta de esclarecimento dos agentes financeiros sobre outras possibilidades de investimentos no mercado de capitais. "Não invisto em ações porque não entendo muito a respeito", ou, "não entendo de ações, por isso não invisto". Uma tendência de não correr risco faz com que a maioria opte por investir nos ativos de renda fixa em detrimento aos de renda variável. Os investidores norte-americanos na terceira idade, ao contrário dos brasileiros, investem suas economias em ações de empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos, o que mostra como a cultura faz diferença. São necessárias ações afirmativas de marketing no sentido de esclarecer as vantagens, desvantagens, e riscos que oferecem os mercados de ações.

O que posso fazer com meu recurso poupado? A resposta está no dilema risco versus retorno. Quanto maior retorno, maior o risco. Quanto menor o retorno, menor o risco. A maioria dos investidores brasileiros opta em investir o capital poupado em ativos de renda fixa. Porque são previsíveis seus rendimentos e menos arriscados, com retornos menores comparados aos ativos de renda variável no longo prazo. Optam pelo rendimento menor, porém, mais seguro. A previsibilidade do rendimento é o atrativo dos ativos de remuneração fixa, que permitem planejamento, fácil execução e entendimento. Uma remuneração fixada indexada à taxa de juros pode render menos, mas rende sempre. Um título de renda variável, como o próprio nome diz, é variável. Essa variação pode ser positiva ou negativa sobre o valor investido - portanto, mais arriscada, mais incerta, porém pode dar mais retorno sobre o capital investido.

As grandes instituições bancárias no Brasil, de maneira tímida, têm tentado mudar esse quadro, ao disponibilizar novos produtos financeiros. Acabam pecando por falta de capital humano capacitado nas agências bancárias para explicar esses novos produtos e também pela facilidade de vender ativos de renda fixa, produtos mais simples e culturalmente aceitos pelos clientes. Encorajam pouco o investidor brasileiro em diversificar seu portfólio de ativos financeiros. Já as instituições reguladoras do mercado de capitais estão aquém no que tange esclarecer ao público da excelente oportunidade de investir em ações no médio e longo prazos. Precisamos de iniciativas que possam no médio prazo buscar novos investidores para o mercado de capitais.

Aos investidores conservadores, façam uma reflexão sobre a possibilidade de usar parte da poupança comprando ações. Ao adquirir título de renda variável, na prática está adquirindo parte da empresa, ou seja, a menor fração de capital de uma organização. No momento, está transferindo diretamente seu recurso para a empresa, esperando participar dos resultados, isto é, os lucros distribuídos. Essa opção de investimento possibilita canalizar a poupança para investimentos produtivos, gerando mais emprego e renda no futuro. A empresa que abre o capital lança ações no mercado, capta recursos de terceiros de modo barato. Nesse caso, é diferente de um empréstimo bancário, pois não envolve o pagamento de juros. Qual o risco do investidor? O risco de uma péssima gestão e falta de transparência com os acionistas - consequentemente, uma governança corporativa ruim. Bem menos complicado de tomar decisão de qual carreira devo seguir.

Meu caro investidor, pense na possibilidade de fazer poupança de longo prazo por meio do mercado de ações. Separe a parcela de seus recursos que não farão falta no orçamento mensal e compre ações de empresas que paguem bons dividendos, tenham bons resultados e tratem muito bem seus acionistas - com transparência, seriedade e responsabilidade. Único trabalho que terá será pesquisar essas oportunidades de negócios, ou, se quiser, procurar os fundos de ações e clubes de investimentos. A vida tem um risco muito maior e é mais imprevisível do que arriscar na bolsa.

. Por: Manfred Back, professor do curso de Administração do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), de São Bernardo do Campo (SP), e especialista em mercado de capitais [.www.gerafuturo.com.br | Ouvidoria 0800 605 8888]

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