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25/05/2007 - 09:25

É hora de agir

O Brasil tem caminhado a passos lentos no processo de desenvolvimento econômico, mesmo com o ambiente favorável da economia mundial. Iniciativas isoladas nos deixam em um estágio muito aquém do necessário. Ao contrário de China e Índia, que tem galgado com maestria posições no ranking do crescimento, perdemos o rumo. Agora, com o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento -, o governo propõe uma estratégia na tentativa de acertar o passo e recuperar o tempo perdido.

Mas o cenário não é dos melhores - os juros continuam altos, grande parte dos investimentos são especulativos e vivemos uma bolha de prosperidade que pode estourar a qualquer momento. Diante de tudo isso, o que fazer? Continuar esperando e torcendo para que desta vez o governo acerte? Não. Existem muitas iniciativas ao alcance da mão e que não dependem de incentivos federais para serem postas em prática. É neste ponto que entram em cena imensas oportunidades para a expansão do cooperativismo. Problemas existem, mas também existem soluções.

É hora de agir e colocar em prática as boas idéias; elas podem estar no campo, na cidade, na preservação do meio ambiente, na melhoria da educação, na ampliação da oferta de moradias, na geração de postos de trabalho, enfim em qualquer situação onde a união de forças, ou melhor, a cooperação, resulte na geração de renda e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Diz o ditado que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Este é o momento de arregaçar as mangas, sem esperar que tudo caia do céu, sob as bençãos do governo federal.

É com este intuito que a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) está mobilizando prefeitos de todo o Estado a conhecerem o potencial do cooperativismo para alavancar as economias locais. O objetivo é aproveitar as potencialidades de cada município e, por meio de cooperativas, organizar a massa de pessoas excluídas do mercado formal de trabalho. Às administrações municipais cabe o papel de mobilizar, estimular, apontar oportunidades. À Ocesp, a tarefa de acompanhar passo a passo a implantação de negócios, baseados nos princípios seculares do movimento cooperativo.

A mobilização promovida pela Ocesp se dará com a realização do evento Ação com Prefeitos – Cooperativismo e Desenvolvimento Municipal, programado para o próximo dia 28 de maio. Será o momento em que a organização apresentará às prefeituras um instrumento para levar a inclusão aos excluídos e de formalizar a informalidade. Serão apresentados casos de cooperativas de catadores de lixo, de pedreiros, de jovens restauradores e de artesãos que valorizam a cultura regional. São casos reais de gente que apostou no cooperativismo e agora colhe os frutos.

No campo, diante do avanço de novas tecnologias e da predominância da cana-de-açúcar sobre outras culturas, é de fundamental importância o apoio dos prefeitos à formação de cooperativas de pequenos produtores rurais. Somente assim será possível conciliar os benefícios do desenvolvimento e das inevitáveis mudanças no modelo agrícola com a sobrevivência dos que dependem de capital e apoio para manter seu espaço de atuação. Do Governo Federal se espera a criação de um seguro rural que, de fato, garanta a renda do produtor, de linhas de financiamentos com juros mais baixos e regras mais definidas para a renegociação das dívidas. Nessa luta está empenhado o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A Ocesp propõe a organização de cooperativas como saída para que pequenos e médios produtores aumentem a escala e possam fazer frente a um cenário de maior competitividade. Está em jogo a sobrevivência da agricultura familiar.

De acordo com pesquisa realizada pela FEA/USP-Ribeirão Preto, municípios que têm cooperativas apresentam um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) superior aos demais. Enquanto numa cidade sem cooperativa a média do IDH é de 0,66, com uma ou mais cooperativas o indicador sobe para 0,70. Esta diferença pode ser explicada porque os resultados gerados pelos empreendimentos cooperativos ficam na região. A cooperativa é distribuidora de renda. Com mais recursos circulando no município, a economia local se fortalece e as pessoas da comunidade - sejam elas cooperadas ou não - ganham mais qualidade de vida. O estímulo a negócios locais, além de contribuir para o desenvolvimento, é um importante instrumento de retenção de talentos, evitando que muitos jovens abandonem suas cidades por falta de perspectivas.

Aos prefeitos, como líderes em suas comunidades, e à Ocesp, como entidade agregadora de apoio e formação, cabem a missão de agir, de apontar novos caminhos, de ajudar os empreendedores no pontapé inicial. Juntos, devemos ser um celeiro de idéias, para garantir a todos uma fonte de renda e uma vida digna. Essa é a essência da cooperação e do cooperativismo.

. Por: Edivaldo Del Grande é presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)

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