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Empresas brasileiras precisam se preocupar com a saúde dos profissionais viajantes, alerta especialista

Em palestra realizada dia 14 de novembro de 2006, durante o Congresso Paulista de Médicos do Trabalho, o médico Jessé Alves, membro do Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto Emílio Ribas, alerta para a importância de as empresas brasileiras criarem programas de proteção à saúde aos profissionais que viajam e trabalham no Exterior – fato crescente devido à globalização. Medida reduziria custos com faltas, eventuais complicações, medicamentos e remoções.

Os médicos do trabalho têm o papel de sensibilizar os empresários sobre a necessidade de as corporações criarem programas, com a consultoria de especialistas em Medicina do Viajante, para proteger os profissionais que viajam a trabalho no Exterior. É o que defendeu hoje (terça-feira, dia 14) o médico Jessé Alves, membro do Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e responsável pelo check up do viajante do Fleury Centro de Medicina Diagnóstica, durante mesa-redonda do Congresso Paulista de Medicina do Trabalho, promovido pela Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT) e pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo.

“Só agora as empresas estão começando a tomar medidas para proteger a saúde dos profissionais que viajam e trabalham no Exterior, embora o número de viagens internacionais a trabalho venha aumentando a cada dia”, afirma o especialista. Em 2005, mais de 3,8 milhões de brasileiros viajaram ao Exterior, conforme dados do Ministério do Turismo. Em razão da globalização, cresce a cada ano a presença de empresas brasileiras no Exterior, incluindo países da África e da Ásia. Hoje, viajar e trabalhar no Exterior já não é uma atividade exclusiva dos executivos. Empresas do setor petroleiro e construção mantêm um grande contingente de profissionais de campo, alguns trabalhando em locais onde as condições de higiene e saúde estão longe das ideais.

As viagens a trabalho no território nacional também merecem atenção. Pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), sob encomenda do Ministério do Turismo e da Embratur, revelou que no primeiro semestre de 2006 de cada 10 brasileiros, quatro realizaram viagens domésticas.

“A vacinação é importante porque evita doenças infecciosas que, se afetarem o trabalhador, geram custos para as empresas com perdas de dias de trabalho, eventuais complicações, medicamentos, remoção para outros locais”, disse Jessé Alves, durante a mesa redonda promovida pela Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo francês Sanofi-Aventis.

A médica Isabela Ballalai, presidente da filial do Rio de Janeiro da SBIM – Sociedade Brasileira de Imunizações, acredita que esta proteção deve ser estendida também aos trabalhadores, responsáveis pelo serviço receptivo de estrangeiros, como taxistas, motoristas de ônibus, guias turísticos, funcionários de aeroportos, portos, hotéis e restaurantes para evitar que os brasileiros sejam contaminados por doenças transmissíveis. “O sarampo está controlado no Brasil, mas existe em países como Alemanha e Inglaterra. Se uma pessoa infectada chegar ao País, pode trazer a doença de novo”, observou a médica.

Ao falar sobre o tema “Influenza e o Trabalhador”, o médico Luiz Jacintho da Silva, professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da Unicamp, afirmou que os profissionais viajantes devem ser vacinados contra gripe, independentemente do subtipo do vírus Influenza (causador a doença) que esteja circulando no hemisfério onde o trabalhador vai visitar.

Como o vírus Influenza é mutante, todos os anos a rede de vigilância ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS) monitora as cepas (subtipos) que circulam nos hemisférios norte e sul. A partir desses dados, os laboratórios produzem as vacinas. Coincidentemente, as cepas que circularam nos dois hemisférios este ano foram as mesmas. Entretanto, há anos em que as cepas e, conseqüentemente as vacinas, são diferentes.

Hoje, no Brasil, não existe disponibilidade de as pessoas adquirirem as vacinas do hemisfério norte. Por isso devem, pelo menos, tomar as indicadas para o hemisfério sul. “Assim estarão parcialmente protegidos contra a gripe”, pondera o professor da Unicamp que também é Membro da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria Estado da Saúde de São Paulo.

Além de tomar vacinas, o trabalhador viajante deve tomar medidas para evitar doenças, como a diarréia, que afeta 70% dos viajantes. A diarréia pode ser provocada por vários agentes como bactérias, vírus e protozoários. Para não sofrer este desconforto, o viajante deve beber apenas líquidos engarrafados industrialmente, nunca tomar nada com gelo, usar copos e canudos, evitar alimentos condimentados, crus ou mal cozidos, comer frutas e legumes bem lavados.

Para cada destino, uma vacina diferente - Existem dois tipos de vacinas para os viajantes: as obrigatórias e as recomendadas. As obrigatórias são exigidas pelas autoridades sanitárias antes da viagem como é o caso vacina contra febre amarela (para quem viaja para países da região amazônica) e contra meningite meningocócica (para quem vai até a Arábia Saudita). O trabalhador que viaja pelo Brasil deve se prevenir contra a febre amarela se seu destino forem também os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

Embora não obrigatórias, as vacinas recomendadas têm por objetivo proteger a saúde do trabalhador. As mais comuns são contra hepatite A e B, febre tifóide, tétano, poliomielite, sarampo, encefalite japonesa, raiva. É importante destacar que essas doenças não ocorrem apenas em países em desenvolvimento. O sarampo, considerado erradicado no Brasil, foi registrado na Alemanha (antes da Copa do Mundo) e no Reino Unido. Além de afetar países asiáticos como Indonésia, China, Índia, a encefalite japonesa ocorre no norte da Austrália.

O fato de se alimentar em restaurantes de luxo também não impede que o profissional, que viaja dentro e fora do Brasil, seja contaminado por doenças como hepatite A . Com transmissão fecal-oral, essa inflamação no fígado pode ser transmitida por um trabalhador doente que manipule alimentos servidos no cardápio.

Profissionais de campo devem estar atentos contra o tétano, a febre tifóide e raiva se forem trabalhar em países da África e da Ásia. O agente transmissor do tétano, o bacilo Clostridium tetani, não se encontra apenas em pregos enferrujados, mas também na terra, areia, espinhos de plantas, fezes e poeira. Ele entra no corpo por uma ferida aberta, atacando o sistema nervoso central.

Já a febre tifóide é provocada por um tipo de salmonela, a bactéria Salmonella typhi. Transmitida por água e alimentos contaminados, provoca febre prolongada, alterações intestinais, aumento de vísceras como o fígado e o baço. Se não tratada, pode causar confusão mental progressiva e até a morte.

Os profissionais que vão trabalhar na África e do sul e sudeste da Ásia, próximo a aldeias onde vivem muitos cachorros, morcegos e macacos devem se prevenir contra a raiva, doença provocada por um vírus, transmitido pela mordida de um animal infectado. Os primeiros sintomas (como febre, mal-estar, dor de cabeça, falta de apetite) são seguidos de crises nervosas, insônia, depressão, paralisia e aversão a líquidos. A esses profissionais recomenda a vacinação profilática pré-exposição, que é feita em três doses.

Mesmo quem já foi vacinado na infância contra poliomielite deve tomar um cuidado redobrado se for trabalhar na África e na Ásia. Uma dose de reforço é recomendada se passados dez anos da dose inicial.

O trabalhador que for permanecer em locais com alta incidência de hepatite B (região Amazônica, África e Ásia) deve se prevenir contra esta doença, considerada a mais perigosa das hepatites virais. Nesses locais mais de 50% dos casos resultam de contatos sexuais. Entretanto o contágio pode ocorrer por objetos cortantes - como alicates de unha, lâminas usadas por barbeiros, tatuagens, piercings - e até o uso compartilhado de escovas de dente.

O rol de vacinas a ser tomado pelo viajante depende do destino. Em São Paulo, o Instituto Emílio Ribas mantém um serviço de orientação aos viajantes. As consultas devem ser marcadas pelo telefone 11 3896-1400. No Rio de Janeiro, trabalho semelhante é realizado pelo Cives – Centro de Informação em Saúde para Viajantes da UFRJ, cujas consultas são agendas por meio do endereço eletrônico [email protected].

Em 2007, a SBIM vai criar o Comitê de Saúde de Viajante, que terá entre suas atribuições criar publicações médica e um hotsite, a ser hospedado no site www.sbim.org.br, com informações para profissionais de saúde e público leigo.

Doenças evitadas com vacinas - O calendário oficial de vacinas no Brasil inclui a maioria das vacinas indicadas para os viajantes - sarampo, caxumba, rubéola, difteria, tétano, coqueluche, tuberculose, poliomielite, hepatite B, Haemophilus influenzae tipo b - Hib. Entretanto certas particularidades devem ser observadas: · Sarampo, caxumba e rubéola - Muitas pessoas chegaram à fase adulta sem terem sido imunizadas porque há 20 anos não existiam vacinas contra essas doenças. Por isso se recomenda a vacinação de jovens e adultos.

Difteria-tétano - Os adultos devem ficar atentos se receberam o esquema completo de vacinas, inclusive, a dose de reforço dupla Adulto (dT), necessária a cada 10 anos.

· Febre-amarela – A vacina está disponível nos postos de saúde e deve ser tomada 10 dias antes da viagem. É necessário dose de reforço a cada 10 anos.

· Meningite meningocócica – Os peregrinos a Meca e Medina precisam tomar a vacina, conforme as leis da Arábia Saudita. A imunização é indicada para aqueles que se dirigem ainda para a região sub-saárica da África, conhecida como "cinturão da meningite"

· Varicela (catapora) - A vacina pode ser administrada a partir de 12 meses de idade. É recomendada a pessoas que nunca contraíram a doença em qualquer viagem e localidade.

· Gripe (influenza) - Quando a viagem acontecer durante a temporada de gripe (em geral do final do outono ao início da primavera do país de destino), o turista deve se imunizar contra o vírus, junto com a vacina contra pneumococo.

· Raiva - A vacinação profilática pré-exposição contra raiva é indicada para países da África e do sul e sudeste da Ásia onde a raiva canina ou em morcegos é comum e a profilaxia pós-contato muitas vezes é de difícil obtenção e má qualidade. Exploradores, guias e praticantes de ecoturismo devem ser vacinados, porque o vírus é disseminado por animais selvagens. O morcego é o principal portador do vírus da raiva e pode transmiti-lo por mordidas ou pelas fezes.

· Hepatite A - Por se tratar de uma doença transmitida via alimentos e água contaminada, recomenda-se a vacinação, principalmente para locais com saneamento básico precário. Quanto maior a idade em que essa doença é adquirida, maior é a gravidade do quadro.

· Febre Tifóide - A vacina é indicada para quem viaja a países em desenvolvimento da Ásia, África e América do Sul.

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