Exame para prático aprova primeira mulher no Brasil

O mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher vai ficar marcado na história da praticagem brasileira. Foi no dia 22 de março (segunda-feira), às 13h02, horário de Brasília, que a primeira mulher no país foi aprovada em um exame de habilitação para prático.

A praticante Débora de Queiroz Gadêlha Klajman, 28 anos, foi considerada apta nos limites do porto do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, a bordo do navio de bandeira liberiana San Alessio. O teste consistiu numa manobra de desatracação sob o olhar atento de uma banca examinadora, composta pelo capitão dos portos, o ajudante da capitania e dois práticos da praticagem do Rio Grande.

“Apesar do nervosismo e da ansiedade, felizmente deu tudo certo. O porto do Rio Grande é um dos que oferecem maior grau de dificuldade, desde o embarque do prático até o manejo das condições meteorológicas de ventos fortes e correntes acentuadas”, relatou a primeira prática.

Débora Klajman é carioca, graduada em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com mestrado em História da Ciência e Epistemologia na Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), também na UFRJ. Em 2009, ela foi uma das sete mulheres no Brasil aprovadas nas provas teórica e oral para a função de praticante de prático, uma espécie de estágio obrigatório para quem deseja se tornar prático. Então, durante o último ano, a meta foi acompanhar o mínimo de seiscentas manobras para se preparar para o grande desafio final.

“Para prestar as primeiras provas, que foram as teóricas, eu estudei durante quase um ano em regime autodidata. E as partes de língua inglesa e de engenharia naval eram as que mais preocupavam os candidatos. No meu caso, o fato de ter freqüentado curso de inglês por sete anos e ter uma boa base em matemática acho que acabou me favorecendo, porque a bibliografia de engenharia naval era toda em inglês e repleta de cálculo puro e derivada”, revelou ela.

O resultado formal do exame de ontem deverá ser encaminhado pelo presidente da banca examinadora para a Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, através de ata acompanhada da Ordem de Serviço da Capitania dos Portos, a fim de que tão logo seja expedida a primeira carta de habilitação feminina para prático. | Por: Conselho Nacional de Praticagem (Conapra)