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26/03/2010 - 11:00

América Latina pode crescer em bioenergia sem comprometer a produção de alimentos, o meio ambiente e a biodiversidade

A América Latina, que já ocupa posição de destaque na produção de biocombustíveis (etanol no Brasil e biodiesel na Argentina), pode ampliar significativamente sua participação no setor sem prejudicar a oferta de alimentos, o meio ambiente e a biodiversidade. Esta foi a principal conclusão da Convenção Latino-Americana do Global Sustainable Bioenergy Project (GSB), realizada de 23 a 25 de março na sede da FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Terceira das cinco reuniões internacionais agendadas pelo GSB para este ano, a Convenção Latino-Americana vinha sendo intensamente aguardada em função da importância do Brasil no cenário mundial da energia renovável. E o encontro de São Paulo atendeu à expectativa. O GSB possui agora mais fundamentos para compor uma espécie de painel global sobre sustentabilidade energética, à semelhança dos existentes sobre mudanças climáticas e biodiversidade.

Articulação internacional de cientistas do setor energético, o GSB já havia se reunido, antes de São Paulo, na Europa (Holanda) e África (África do Sul). E voltará a se encontrar, ainda em 2010, na Ásia (Malásia) e América do Norte (Estados Unidos). As cinco rodadas, cada qual com foco em um continente, fornecerão subsídios para que o grupo possa discutir se é fisicamente possível oferecer ao mundo grandes quantidades de energia de biomassa preservando a produção de alimentos e os habitats naturais (Fase 2); e, a partir daí, definir um plano consistente para a transição do atual modelo não sustentável para um novo modelo sustent&aacu te;vel (Fase 3).

Os combustíveis de origem fóssil (petróleo, carvão etc.), por serem não renováveis (portanto, fadados ao esgotamento) e altamente impactantes (constituindo um dos principais fatores do aquecimento global), precisam ser progressivamente substituídos, de forma responsável, mas sem adiamentos. E os biocombustíveis (etanol de cana-de-açúcar e outros) são amplamente considerados como a principal alternativa. Com base em estudos preliminares, os líderes do GSB acreditam que a biomassa poderá suprir 30% da demanda internacional de energia para a mobilidade nos próximos 50 anos. O principal objetivo das três fases de discussão é demonstrar tal suposição de maneira conclusiva.

O papel estratégico do Brasil - O papel estratégico do Brasil nessa transição é, hoje, mundialmente percebido. E as apresentações feitas na Convenção Latino-Americana fundamentaram com números essa percepção. Líder global na produção de etanol de cana-de-açúcar, o país poderá substituir, com esse combustível renovável e relativamente limpo, 5% ou mais da gasolina consumida em todo o planeta até 2025.

A meta, perfeitamente viável, demandará investimentos anuais de 5 bilhões de dólares, em agricultura, indústria e logística, segundo dados apresentados durante a Convenção, mas proporcionará, em contrapartida, um aumento de 31 bilhões de dólares/ano no valor das exportações.

O ganho ambiental está suficientemente demonstrado. A EPA, Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental, que vinha apresentando restrições ao etanol de cana-de-açúcar brasileiro, reconheceu que, em relação à gasolina, ele é capaz de reduzir em 61% as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Mas existe também um ganho social que veio à luz no encontro de São Paulo. Um ciclo de expansão como o previsto fará com que o setor sucroalcooleiro seja capaz de absorver 5,3 milhões de trabalhadores.

O segmento, informou Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP, já apresenta o maior percentual de formalidade da agricultura brasileira: 81,4% dos trabalhadores com carteira assinada – número que sobe a 89,6% na região Sudeste e a 94,5% no estado de São Paulo.

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