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30/05/2007 - 07:28

Consumo de vestuário pode estar crescendo na 'entressafra' do setor

Empresas e gestores dos Arranjos Produtivos Locais de Têxtil e Confecção percebem tendência de crescimento do consumo de vestuário no País, os Pólos de confecções e de moda não páram de crescer, agregando cada vez mais empresas e empreendimentos em várias regiões.

Brasília - O mercado interno brasileiro é surpreendente. Algumas empresas dos pólos de confecção e moda do País mantiveram a produção de peças no início deste ano, enfrentando o período mais difícil de vendas com pouca ou nenhuma preocupação. O primeiro trimestre é a entressafra do setor, quando o comércio ainda está vendendo as coleções primavera-verão e aguardando as temperaturas baixarem, para investir nas peças outono-inverno.

Não há estatísticas a respeito, mas gestores de projetos do Sebrae voltados à cadeia produtiva têxtil e de confecção de vestuário, que trabalham nos Arranjos Produtivos Locais (APL) Têxtil e Confecção de diferentes regiões, consideram que pode estar havendo sinais de crescimento do consumo de roupas e acessórios no País.

"Com a renda do brasileiro aumentando, o consumo também aumenta. Pode-se dizer que existe uma tendência de crescimento da demanda por vestuário", afirma Fernando Pimentel, superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit). Ele, porém, ressalta que a concorrência no setor é total. Além de disputar com os competitivos produtos asiáticos, o setor está convivendo com a paixão nacional por equipamentos eletroeletrônicos e de informática.

"Esses setores tinham demanda reprimida e estão crescendo muito, depois de desonerados pelo governo", justifica Pimentel. No momento de optar entre adquirir computador ou roupas, há muita gente que prefere se inserir no mundo digital. E com toda razão, concorda o superintendente da Abit.

Para Auxiliadora Salles, gestora dos projetos de confecções do Sebrae no Rio Grande do Norte, o que está acontecendo pode ter motivos comportamentais, independente da fase positiva da economia nacional. "Hoje, o brasileiro gosta mais de comprar roupas. Tem gosto por se apresentar melhor", diz ela. A vaidade em alta seria a explicação para a tendência de crescimento do consumo de roupas e acessórios no País.

O setor têxtil e de confecção de vestuário continua enfrentando enormes desafios, mas dá mostras de otimismo. A forte concorrência dos produtos asiáticos, especialmente das roupas e acessórios 'made in China', prossegue assustando os empresários dessa cadeia produtiva em todo o território nacional. Somando-se à febre de consumo de celulares e, mais recentemente, de computadores, o setor deveria estar bastante cauteloso. O brasileiro estaria consumindo mais peças de vestuário? Parece que sim.

Para o superintendente da Abit, Fernando Pimentel, os bons números da economia brasileira aquecem os negócios de todos os setores.

"Esse é o padrão de desenvolvimento ideal, ou seja, aquele que faz toda a economia mais robusta", explica. "Com a renda do brasileiro aumentando, o consumo também aumenta", ressalta Pimentel. Mas é cedo para dizer que o setor está vivendo um 'boom'. "Mas pode-se dizer que existe uma tendência de crescimento da demanda por vestuário", acrescenta.

Nesse momento, a um mês do início do inverno, lojistas conjugam peças leves e mais pesadas. As mudanças climáticas podem favorecer os negócios, mas nem sempre é assim. "O inverno vende menos do que o verão", explica Jorge Rincón, coordenador nacional da carteira de projetos têxtil e confecção do Sebrae Nacional. Fora das lojas, as indústrias e confecções investem nas tendências e coleções para a primavera-verão 2007/2008.

Enfim, essa fase intermediária não costuma ser o momento ideal para mostrar otimismo. "Observamos que tudo que é produzido é consumido no País, em termos de vestuário. Às vezes temos a impressão de que a demanda do mercado interno é maior do que o setor é capaz de fornecer", comenta Rincón.

Arranjos produtivos crescem - Os APL Têxtil e Confecção e os pólos de moda não páram de crescer, agregando cada vez mais empresas e empreendimentos em várias regiões, segundo o coordenador do Sebrae Nacional. A procura por mão-de-obra qualificada nesses arranjos, especialmente de profissionais especializados em modelagem e manutenção de equipamentos, também aponta certa insatisfação e anseio de crescimento dos empresários que comandam pequenas indústrias e confecções, acrescenta.

No APL de Confecção de Natal e Região Metropolitana, as indústrias que produzem moda feminina venderam em torno de 20% a mais nos últimos três meses. "Algumas não tinham ponto de venda e abriram lojas", conta Auxiliadora Salles, gestora do Projeto Confecções do Sebrae/RN. Outras indústrias de vestuário feminino estão vendendo para grandes lojas e de multimarcas.

Em Natal, há quatro grandes shopping centers, onde se encontram roupas e acessórios produzidos por empresas locais. O quinto será inaugurado no final deste ano. Seis outros pequenos shopping centers também vendem as peças feitas na região metropolitana. A Rua Afonso Pena, no bairro Petrópolis, é o 'embrião' do comércio mais fino, voltado à classe média alta, que está sendo montado nos moldes da Rua Oscar Freire, da capital paulista. "É sinal de que o segmento de roupas femininas vai bem", avalia Auxiliadora.

No APL de Vestuário de Londrina (PR), a produção está se mantendo, depois de um susto no primeiro trimestre. "Parece que os lojistas retiveram as coleções primavera-verão e quase não compraram outono-inverno", explica Joel Franzin, gestor do projeto têxtil e confecção do Sebrae no Paraná. As vendas tiveram uma forte queda, mas foram recuperadas em abril e maio. "Em menos de dois meses, a produção voltou ao normal", complementa. Quatrocentas indústrias de dez municípios geram cerca de 16 mil empregos diretos e indiretos na região.

Nos momentos de pico de produção, é comum faltar costureiras, modelistas e técnicos em manutenção de máquinas. "A solução é ter ação contínua de capacitação de mão-de-obra", diz Joel. Quando os empresários percebem o valor das capacitações oferecidas pelas instituições parceiras dos APL, não faltam bons profissionais para serem contratados. Essa é a grande vantagem de participar de um arranjo: a solução para os problemas comuns das empresas é encontrada mais rapidamente, com apoio dos parceiros.

No APL Têxtil e Confecção do Vale do Itajaí (SC), setenta empresas distribuídas em quatro cidades mantiveram os empregos e passaram pelo primeiro trimestre sem demissões. "O mercado está absorvendo bem nossos produtos", avalia Alcides Cláudio Sgrott Filho, gestor do projeto têxtil e confecção do Sebrae em Criciúma (SC). A procura por novos mercados e a agregação de design e valor às peças, fazem com que as empresas vendam mais, segundo ele.

A produção de vestuário está aumentando no Vale do Itajaí. Entre 28 de maio de 1º de junho, é realizada a Rodada de Negócios Primavera-Verão 2007/2008. A expectativa é de que serão vendidos R$ 15 milhões, enquanto, no mesmo período no ano passado, o total foi de R$ 12 milhões.

A falta de boas costureiras é a queixa nesse pólo. Uma profissional de costura ganha entre R$ 650 e R$ 1.200, na região, de acordo com Alcides. "Mão-de-obra qualificada tem muito valor aqui", diz ele. Modelistas não faltam, pois as universidades estão constantemente formando profissionais para o pólo.| Vanessa Brito/Sebrae Nacional

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