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08/04/2010 - 07:43

Alta no custo da cesta chega a 10,49%

Todas as 17 capitais brasileiras onde o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica registraram, em março, alta no preço dos gêneros alimentícios essenciais. Os aumentos foram muito expressivos em cidades como São Paulo (10,49%), Recife (9,74%), João Pessoa (9,49%) e Brasília (9,00%).

As menores variações foram verificadas em Natal - (2,91%), Fortaleza (3,13%), Manaus (3,31%) e Vitória (3,33%). Ainda que em seis localidades as elevações para o custo da cesta tenham superado a de Porto Alegre (7,80%), a capital gaúcha continuou a registrar o maior valor para os produtos básicos (R$ 257,07), agora, porém, com um total bem mais próximo do apurado para São Paulo (R$ 253,74). O terceiro maior custo ocorreu no Rio de Janeiro (R$ 240,22).

Os menores valores foram anotados em Aracaju (R$ 181,70) e Fortaleza (R$ 182,43). Com base no custo da cesta observado em Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em março, o menor salário pago no país deveria ficar em R$ 2.159,65, o que corresponde a 4,23 vezes o mínimo vigente de R$ 510,00. Em fevereiro, o mínimo era estimado em R$ 2.003,30, ou 3,92 vezes o piso em vigor. Já em março de 2009, o mínimo necessário ficava em R$ 2.005,57, o que representava 4,31 vezes o piso de então (R$ 465,00).

Variações acumuladas - Também no acumulado dos três primeiros meses deste ano, o custo da cesta básica subiu em todas as 17 cidades pesquisadas. As maiores variações acumuladas foram anotadas em Recife (17,92%), João Pessoa (15,04%), Salvador (13,96%), Rio de Janeiro (12,59%) e São Paulo (11,20%). Os menores aumentos foram verificados em Fortaleza (3,09%), Belo Horizonte (4,86%) e Belém (5,58%).

Em comparação com março de 2009, somente em Goiânia a variação acumulada é negativa (-1,10%) e em Fortaleza, o aumento fica apenas em 1,80%. As elevações mais expressivas foram apuradas em Recife (15,12%), São Paulo (14,35%) e João Pessoa (12,35%).

Cesta x salário mínimo - A forte alta no custo da cesta básica fez crescer também o total de horas que o trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir para adquirir a cesta básica. Em março a jornada necessária chegou a 94 horas e 38 minutos na média das 17 capitais pesquisadas, enquanto em fevereiro eram necessárias 88 horas e 52 minutos. Em março de 2009, o tempo de trabalho necessário correspondia a 96 horas e 12 minutos.

O mesmo comportamento é detectado quando se leva em consideração o percentual do salário mínimo líquido (após o desconto da parcela correspondente à Previdência) comprometido com a aquisição dos produtos básicos. Em março, 46,75% do valor líquido recebido pelo trabalhador era destinado à compra da mesma cesta que em fevereiro demandava 43,91% de seus vencimentos. Em comparação com março de 2009, o percentual comprometido atualmente ainda é levemente menor, já que a compra da cesta demandava 47,53% do rendimento líquido.

Comportamento dos preços - A maioria dos produtos da cesta básica teve aumento em seus preços, tanto no mês como no período anual, em grande parte das capitais pesquisadas. Este comportamento ainda é reflexo da longa temporada chuvosa que causou atraso no plantio e redução da área de cultivo.

O principal responsável pela alta do custo da cesta em março foi o tomate, cujo preço subiu em todas as capitais. Os aumentos mais expressivos foram anotados em Curitiba (75,39%), São Paulo (73,13%), João Pessoa (67,78%) e Rio de Janeiro (64,31%). Três capitais tiveram taxas inferiores a 20%: Vitória (17,07%), Fortaleza (16,20%) e Manaus (12,56%). Em doze meses também foram apuradas altas extraordinárias, que chegaram a 117,10%, no Rio de Janeiro; 109,72%, em João Pessoa; 99,31%, em Recife e (17,18%), Manaus (14,22%) e Goiânia (0,45%). Além do preço elevado, o tomate está com baixa qualidade. As condições climáticas adversas desorganizaram a produção, e tornaram necessário o replantio nas principais regiões produtoras. Após este procedimento são necessários cerca de três meses para a colheita. Assim, no momento a oferta é pequena e o preço teve alta.

O preço do leite teve aumento em 13 capitais em março, com destaque para Florianópolis (12,42%), Rio de Janeiro (10,38%) e Goiânia (8,97%). Em Manaus e Aracaju não houve alteração de preço, enquanto em Fortaleza (-0,57%) e Natal (-2,26%) o produto barateou. Também em comparação com março de 2009, 13 localidades registraram elevação, em especial, Rio de Janeiro (15,84%), Curitiba (14,90%), Porto Alegre (12,08%), 3Manaus (11,65%), São Paulo (11,28%) e Florianópolis (11,04%). Quatro cidades apresentaram redução: Brasília (-3,27%), Salvador (-3,45%), Recife (-4,67%) e Natal (-6,49%). No primeiro trimestre de 2009 foi incluído na pesquisa o leite integral, uma vez que o leite tipo C praticamente desapareceu, o que resultou em aumento no preço. Após um longo período com queda no preço do feijão, em março o quadro se alterou e 12 capitais registraram alta. João Pessoa (25,70%), Salvador (18,95%), Recife (16,31%) e São Paulo (13,53%) apresentaram os maiores aumentos. Em outras cinco localidades houve retração, a exemplo do que ocorreu em Porto Alegre (-3,49%) e Florianópolis (-3,58%). Nos últimos 12 meses, as reduções ainda predominam, tendo sido apuradas em 16 capitais. As mais significativas ocorreram em Florianópolis (-41,96%), Rio de Janeiro (-41,15%), Vitória (-38,32%), Curitiba (-33,03%) e Brasília (-32,92%).

Em Recife não houve alteração e em João Pessoa a retração foi de 0,99%. O feijão novo tem entrado no mercado com preço mais elevado e pressionado o produto de safras anteriores, que assim também têm subido. O preço do açúcar aumentou em 12 capitais, particularmente em Brasília (28,57%), Fortaleza (22,16%), Aracaju (12,38%) e São Paulo (10,65%). Os preços recuaram em cinco regiões, com as maiores taxas negativas verificadas em Belo Horizonte (-7,43%) e Manaus (-3,76%). Todas as 17 capitais apresentaram alta no período anual, variando entre 28,13%, em Manaus a 72,66%, em Recife. A colheita da cana está na entressafra. Além disso, o aumento da demanda do mercado internacional também influencia na elevação do produto. A carne ficou mais cara em 11 capitais, com destaque para Curitiba (4,61%), Florianópolis (4,32%), Aracaju (3,67%) e Brasília (3,22%). As retrações mais significativas ocorreram em Vitória (-3,90%), Manaus (-1,68%) e Belo Horizonte (-1,05%). Nos últimos 12 meses foram observadas elevações em 13 cidades, especialmente em Aracaju (13,04%), Recife (5,07%), São Paulo (4,77%), Curitiba (4,71%) e Florianópolis (4,60%). Quatro localidades registraram queda: Goiânia (-5,77%), Manaus (-3,92%), Fortaleza (-1,35%) e João Pessoa (-0,39%). A carne é o produto de maior peso na cesta básica e deve a ligeira alta tanto ao maior volume exportado quanto ao confinamento do gado, que assim tem maior custo, ainda que os preços do milho, produto básico da ração animal, estejam em queda.

O arroz teve seu preço elevado em 11 capitais, em março, e queda em 15 no período de um ano. Cinco cidades do Norte/Nordeste registraram os maiores aumentos no preço do produto: Aracaju (8,15%), Natal (3,63%), Belém (3,38%), Recife (3,34%) e Salvador (3,06%). As seis localidades onde houve recuo em março são todas do Centro/Sul do país, com destaque para Belo Horizonte (-3,40%), Porto Alegre (-5,42%) e Rio de Janeiro (-6,67%). Comparado a março de 2009, o arroz ficou mais barato em 15 regiões, notadamente, Aracaju (-18,92%), Belém (-13,09%), Fortaleza (-8,19%) e Florianópolis (-8,16%). A safra colhida atende ao mercado interno, mas há movimentos de produtores para aumentar os estoques esperando a recuperação dos preços.

A batata, cujo preço é pesquisado nas nove capitais do Centro-Sul do país, teve aumento em sete localidades, os mais elevados verificados em Brasília (50,24%), Goiânia (45,68%) e Vitória (23,48%). Houve retração em Porto Alegre (-2,42%) e Florianópolis (-6,97%). Todas as nove cidades tiveram aumento em 12 meses. Apenas em Goiânia a alta foi modesta (5,43%). Nas demais, as variações foram superiores a 30%, chegando a 91,46%, em Brasília; 61,36%, em Belo Horizonte e 60,53%, em Vitória. A batata foi muito prejudicada pelas chuvas, que deixaram encharcadas as áreas de plantio.

O óleo de soja destacou-se por ser um dos poucos itens com predomínio de queda em seus preços. Em março, 14 das 17 capitais registraram recuo que se situaram entre -0,35%, apurado em Fortaleza e -5,36%, em Florianópolis. Em Goiânia (1,40%), Salvador (1,27%) e Recife (1,13%) ocorreram elevações. Em comparação com março de 2009, 15 cidades apresentaram retração, as mais significativas apuradas em Florianópolis (-10,18%), Goiânia (-9,54%) e Belo Horizonte (-8,95%). As elevações foram anotadas em Fortaleza (2,86%) e Belém (0,75%).

São Paulo - Em março, São Paulo voltou a ser a capital com o segundo maior valor para a cesta básica entre as 17 capitais acompanhadas pelo DIEESE. O conjunto de 13 produtos alimentícios essenciais custou R$ 253,74, refletindo uma elevação de 10,49%, a maior entre todas as localidades pesquisadas. O aumento foi motivado, principalmente, pela alta de 73,13% no preço do tomate. Entre janeiro e março, a cesta básica subiu 11,20%, na capital paulista e em 12 meses a alta chega a 14,35%.

Além do tomate, também subiram: batata (13,64%), feijão carioquinha (13,53%), açúcar refinado (10,65%), leite in natura integral (4,83%), banana nanica (3,90%), manteiga (3,52%), farinha de trigo (2,31%), pão francês (1,15%) e carne (0,55%).Três itens 5registraram recuo: óleo de soja (-3,45%), arroz agulhinha tipo 1 (-2,83%) e café em pó (-0,94%).

Em comparação com março de 2009, foram apuradas expressivas elevações para produtos como açúcar (68,31%), tomate (57,82%) e batata (43,98%). Também subiram os preços do leite (11,28%), pão (11,17%), banana (10,97%), manteiga (10,00%) e carne (4,77%). Cinco itens ficaram mais baratos: feijão (-15,77%), farinha de trigo (-8,28%), óleo de soja (-7,82%), café (-4,41%) e arroz (-2,37%).

O trabalhador paulistano remunerado pelo salário mínimo (R$ 510,00) necessitou despender 109 horas e 27 minutos para comprar os alimentos básicos, uma jornada maior que a exigida em fevereiro (99 horas e 04 minutos) e superior também à de igual mês em 2009, que correspondia a 104 horas e 59 minutos. Resultado semelhante é observado quando é feita a comparação entre o custo da cesta alimentar e o salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social. Em março último, a cesta comprometia 54,08% do mínimo líquido, porcentagem maior que os 48,94% necessários em fevereiro e os 51,87%, de março do ano passado.| www.dieesed.org.br

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