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14/04/2010 - 08:47

Siderúrgicas aproveitam bom momento para subir preços

São Paulo - As siderúrgicas brasileiras estão aproveitando a onda internacional de aumento de preços de aço e de matérias-primas para reajustar seus produtos, apoiadas por um mercado interno ainda forte, quadro bem diferente do visto no primeiro semestre de 2009, um dos piores na história do setor.

As usinas, que chegaram a parar seis de seus 14 alto-fornos no país na primeira metade do ano passado, acumulam alta de 60 por cento na produção de aço bruto do primeiro bimestre e elevam preços em 10 a 15 por cento neste trimestre, segundo fonte de uma das principais siderúrgicas do país. Isso ocorre após reduções acumuladas de cerca de 30 por cento no primeiro semestre de 2009 que começaram a ser revistas somente no final do ano passado, com cortes de descontos.

"O cenário está muito bom para as siderúrgicas brasileiras", afirmou o analista Pedro Galdi, da corretora SLW. "Tivemos um primeiro trimestre muito bom e, trimestre a trimestre, vamos melhorando não só por causa da economia local, mas pela retomada das exportações", acrescentou.

Um dos principais clientes da indústria siderúrgica local, o setor automotivo, bateu recordes de vendas no primeiro trimestre e projeta encerrar 2010 crescendo 8 por cento, no quarto recorde anual consecutivo.

Enquanto isso, a indústria de máquinas e equipamentos registra no primeiro bimestre alta de 21,6 por cento no faturamento e prevê expansão de 20 por cento nos investimentos, que serão voltados em grande parte para renovação de parque fabril. Já o setor de construção civil, segundo dados mais recentes disponíveis, teve em janeiro um aumento de 35,5 por cento nas vendas de imóveis na comparação com o mesmo mês de 2009 e de 7,9 por cento em relação a janeiro de 2008.

"As siderúrgicas estão recebendo novos pedidos, estão voltando a níveis pré-crise de demanda local", disse Galdi.

Não por isso, até sexta-feira passada a valorização das ações das duas maiores usinas que possuem operações próprias de minério de ferro alcança a casa dos dois dígitos. Usiminas apura alta de cerca de 25 por cento e Companhia Siderúrgica Nacional --cujas ações sofreram com a fracassada tentativa de aquisição da cimenteira portuguesa Cimpor este ano-- avança 24,2 por cento.

Já a Gerdau, cujos fornos dependem de sucata e cujo preço avançou este ano na trajetória de outros insumos como carvão e minério de ferro, teve alta mais modesta, de 9,54 por cento no mesmo período. Além da alta no preço dos insumos, a empresa está mais exposta aos fracos mercados norte-americano e europeu, que atravessam recuperação mais lenta que o Brasil.

Para a corretora Brascan, que divulgou relatório na segunda-feira assinado por Rodrigo Ferraz e Pedro Montenegro, o cenário para CSN e Usiminas é positivo também pela explosiva alta nos preços de commodities como o minério de ferro, após siderúrgicas asiáticas terem aceito no início do mês reajustes de até 90 por cento no produto vendido pela Vale.

"Por terem suas operações menos dependentes de matérias-primas de terceiros, esperamos que tanto a Usiminas como a CSN se beneficiem do cenário altamente inflacionário, conseguindo repassar aumentos de preços maiores do que a elevação de custos, apesar de esperarmos um reajuste menor no mercado interno em relação ao mercado externo", afirmam os analistas da Brascan.

Pelas contas dos analistas da corretora, a CSN tem 100 por cento de suas necessidades de minério atendidas por minas próprias, enquanto o percentual da Usiminas deve atingir 60 por cento este ano. Com isso, a corretora espera um aumento de preços de aço no Brasil de 22 por cento, que será distribuído ao longo do ano, "sendo o reajuste mais significativo presente nos resultados do terceiro trimestre".

Fim de incentivos - A analista setorial da empresa de pesquisa de mercado Lafis Cristiane Mancini também aposta em reajustes ao longo dos próximos meses nos preços do aço no país, mas enxerga um mercado doméstico consumidor de aço cauteloso após o início da retirada de incentivos concedidos pelo governo, como o fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre as vendas de veículos.

"No curto prazo, as usinas com estoque ainda não serão tão prejudicadas, mas, se nenhuma medida for tomada, a indústria siderúrgica poderá ser afetada por queda na demanda gerada pelo aumento nos preços ao consumidor final", afirmou Cristiane. "Não deveremos chegar ao extremo do setor voltar a desligar alto-forno, mas pode haver risco de redução de produção", acrescentou.

Um sinal de alerta poderia vir do setor automotivo, que apesar de ainda esperar recorde de vendas em 2010, admite queda no consumo em abril e maio, após o salto nos licenciamentos do primeiro trimestre, incentivado pelo imposto menor.

Diante disso, o banco Morgan Stanley, em relatório desta semana, prevê uma queda de 10 por cento nas vendas de automóveis em 2010, para 2,227 milhões de unidades. Para 2011 e 2012, a expectativa é de vendas de 2,272 e 2,385 milhões, respectivamente.

Por enquanto, o Instituto Aço Brasil (IABr) projeta uma produção de aço no país este ano em 33,1 milhões de toneladas, crescimento de 24,2 por cento sobre o fraco 2009.| Alberto Alerigi Jr./Reuters.

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