Brasília 50 Anos no CCBB

No ano em que Brasília celebra seu cinquentenário, uma iniciativa do Centro Cultural Banco do Brasil promete recuperar um pouco da história, das personagens e dos temas que têm marcado esta trajetória e caracterizado o diálogo da cidade com o cinema. É a mostra Brasilia 50 Anos , inteiramente composta de filmes identificados com a capital brasileira. São ficções e documentários que revelam como o nosso cinema tem retratado a cidade, ao longo destes 50 anos. Na programação, filmes assinados por alguns dos maiores diretores brasileiros de todos os tempos. Brasilia 50 Anos acontece no Cinema do CCBB, de 13 a 30 de abril, com duas sessões diárias nos dias úteis e três nos finais de semana. Ingressos a R$ 4,00 e R$ 2,00.

A programação contempla diversos gêneros e diferentes períodos históricos. Também acolhe visões contraditórias da cidade. No total, serão exibidos 17 filmes realizados a partir da década de 60 - momento da construção da cidade - e até os dias de hoje, mostrando a pluralidade de olhares sobre Brasília. Sob curadoria de Daniel Obeid e Leonardo Mecchi, estão filmes de veteranos como Vladimir Carvalho, João Batista de Andrade e Nelson Pereira, e produções marcadas pelo toque da nova geração de cineastas, como José Eduardo Belmonte e Maria Augusta Ramos.

No primeiro dia de exibição, 13 de abril, um debate sobre a relação entre nosso cinema e a capital federal reunirá o cineasta José Eduardo Belmonte e o editor do jornal Correio Braziliense, Carlos Marcelo, com mediação de Daniel Obeid, um dos curadores da mostra. A entrada é franca.

Cidade cinematográfica - Seja no âmbito documental ou como cenário para histórias de ficção, a cidade de Brasília e seus habitantes estiveram presentes no imaginário de diversos realizadores desde a época de sua construção. Na mostra Brrasilia 50 Anos será possível observar uma seleção da diversidade desses olhares, indo de uma obra revolucionária como o último filme de Glauber Rocha, A Idade da Terra (1980), à chanchada Um Candango na Belacap, filme que Roberto Farias rodou em 1961 e que traz os saudosos Ankito e Grande Otelo.

Dentre os documentários estão obras-primas como Conterrâneos Velhos de Guerra (1990), de Vladimir Carvalho, que mostra a construção de Brasília sob a ótica dos trabalhadores braçais que ergueram a cidade. O papel dos candangos – e seu cotidiano marcado por tragédias – também é a base de um documentário bem mais recente, O Romance do Vaqueiro Voador (2007), de Manfredo Caldas.

A juventude brasiliense tem sido mirada com atenção pelos realizadores, de O Sonho não Acabou (1982), de Sérgio Resende, à visão contemporânea de José Eduardo Belmonte em A Concepção, de 2005. A mostra inclui ainda o cinema intuitivo de Afonso Brazza, com Tortura Selvagem (2000), a alegoria de Nelson Pereira dos Santos em Brasília 18% (2006), a chanchada de Watson Macedo em Samba em Brasília (1960) e muito mais. Uma seleção das dezenas de filmes identificados com a capital brasileira, com as mais variadas propostas estéticas e visões sobre a cidade, olhares internos e externos, nesse meio século de história.

Através de Brasilia 50 Anos os espectadores poderão assistir pela primeira vez ou rever algumas dessas obras, entrando em contato com as múltiplas atmosferas de Brasília. Imagens da cidade, dos candangos e da elite brasiliense, as desigualdades sociais, a geografia física e humana, os monumentos emblemáticos da República Brasileira, os personagens ficcionais e enredos bem construídos, tudo isso neste ano em que a capital brasileira celebra seus 50 anos.

O CCBB também realiza, de 6 a 11 de abril, uma mostra de curtas-metragens em homenagem aos 50 anos de Brasília. É Brasília Ano 10, que apresenta um apanhado de obras realizadas na cidade entre 2006 e 2009, como reconhecimento do aumento da produção de filmes a partir do formato clássico de experimentação. As obras, divididas em sessões temáticas, colocam em relevo uma característica que as une: seja o meio de realização, em filmes que tiveram origem em escolas ou universidades de cinema e os primeiros trabalhos de alguns diretores; seja um elemento estético, tal qual o cinema lírico e o cinema experimental; ou ainda o elemento narrativo, quando utiliza as ruas e personagens de Brasília em suas histórias.

.[ Brasília 50 Anos, de 13 a 30 de abril de 2010, das 18h30 e 20h30; sábados e domingos, também às 15h30, no Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília | Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00 | Informações: (61) 3310-7081].