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14/04/2010 - 10:43

Irresponsabilidade governamental se soma às chuvas no rastro de morte e desespero

As mortes das mais de 200 pessoas vítimas de enchentes e desmoronamentos no Estado do Rio de Janeiro, nos “poleiros da morte”, como define o jornalista Ruy Castro, eliminam, também, todos os discursos bem intencionados dos governantes locais, estaduais e federais quando voltarem suas atenções para a Nação brasileira nas eleições que se aproximam.

Cada morte é resultado da inoperância administrativa dos governantes que só sobem os morros, pisam barro, sujam os ternos e camisas sociais de poeira nas épocas das eleições, com promessas irrelevantes para os eleitores que continuarão a contar suas vítimas nos próximos temporais.

É preciso, portanto, que enterremos junto com as vítimas fatais os discursos e as promessas e adotemos ações que protejam vidas antes das próximas chuvas. As sugestões são várias e estão devidamente equacionadas nos escaninhos governamentais.

Vão desde a transferência imediata dos moradores das regiões de risco até o monitoramento pelas respectivas defesas civis municipais e estaduais das vidas que poderemos perder amanhã, nas próximas chuvas.

São famílias inteiras encapsuladas em moradias precárias, abandonadas à própria morte, diante da indiferença continuada das autoridades que recebem nossos impostos para constitucionalmente protegê-las. Nosso basta deve se seguir com a adoção de investimentos governamentais em moradias que garantam a dignidade das famílias em ambientes socialmente adequados à proteção da vida.

Cansamos de ver apenas os trabalhadores mais humildes, os desempregados, as famílias sem ocupação certa condenados aos poleiros da morte. Cansamos da indiferença burocrática das autoridades que expõem os cidadãos de nosso país, nas mais diferentes cidades brasileiras, pois São Paulo também é um exemplo de indiferença, morrendo a cada temporada de chuvas.

Se essa indiferença dos políticos e governantes se mantiver, o Brasil terá, além dos índices pluviométricos que medem a intensidade das tempestades, os indicadores do número de mortos a cada chuva mais forte.

Vamos reverter essa situação com uma ação direta junto às comunidades carentes. Elas já estão devidamente mapeadas. Basta buscar os focos que combinam grande concentração de pobreza e de indiferença do poder público. Lá estão as beiradas de represas indevidamente ocupadas. Os morros e até os lixões, como é o caso de Niterói.

Lá estão também milhares de eleitores, cidadãos brasileiros pagadores de impostos, que merecem muito mais do que a consternação das autoridades de plantão quando lamentam as mortes de seus familiares nos temporais que se repetirão, como todos nós estamos cansados de saber. É preciso adotar políticas públicas que redesenhem as cidades na perspectiva da construção de uma cidade verdadeiramente humana.

E que levarão de novo suas vítimas, pois com a mesma frequência com que chegam as chuvas se mantém a irresponsabilidade dos governantes. Sejam eles prefeitos, governadores e, até mesmo, os órgãos executivos do governo federal.

Eis, portanto, o grito de indignação da União Geral dos Trabalhadores (UGT) que esperamos que sensibilize as autoridades públicas no exercício de seus cargos. Pois é possível investir na vida em vez de apostar na irresponsabilidade e indiferença governamentais, que matam. Basta querer.

. Por: Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores.

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