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14/04/2010 - 10:45

Do caprino ao biocombustível


Por terem uma alimentação peculiar, os caprinos da raça moxotó foram escolhidos para um dos mais promissores estudos de biocombustível

Brasília -Você sabe o que os caprinos – bodes e cabras – têm em comum com o combustível que você abastece o carro? Pode parecer estranho, mas ao contrário do que se pode imaginar, esses animais representam um grande potencial para a indústria do biocombustível. Quer saber como? A Embrapa Agroenergia (Brasília/DF) em parceria com a Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral/CE), a Universidade Católica de Brasília (UCB) e a Universidade de Brasília (UnB), estão desenvolvendo pesquisas para a produção de enzimas a partir do rúmen de caprinos.

O projeto Metagenoma, como é chamado o estudo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), começou em março de 2008, e já é considerado um dos melhores indicadores de que o futuro dos biocombustíveis de 2ª geração está cada vez mais perto. Com o desenvolvimento dessas tecnologias, o Brasil dará um salto na produção de etanol. O etanol de 2ª poderá ser produzido a partir de qualquer matéria-prima que tenha em sua composição material lignocelulósico. A pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Betânia Quirino, responsável pelo trabalho explica que qualquer planta possui celulose na sua composição e a celulose é um polímero de glicose que pode ser fermentado para produzir etanol. “O foco da nossa pesquisa é encontrar enzimas que consigam degradar essa matéria-prima para então utilizar o método tradicional de fermentação usando levedura. Com a pesquisa, poderemos também usar o bagaço de cana e outras plantas que possuam celulose para produzir etanol”, salienta Betânia.

O começo - Á primeira vista, é difícil imaginar o que as cabras da raça moxotó têm a ver com a produção de etanol. Mas, para um grupo de pesquisadores dessas instituições, os animais são fundamentais a um dos mais promissores estudos na área de produção de biocombustíveis.

O início de tudo está no rúmen dos caprinos, ou seja, a primeira parte do estômago dos ruminantes. Dentro do rúmen, existem vários tipos de bactérias que ajudam na digestão do pasto. O alimento é atacado pelas enzimas das bactérias, que fazem a “quebra” das fibras, em unidades de glicose que pode ser fermentada e convertida em etanol. Identificar e caracterizar essas enzimas são os grandes desafios desse trabalho, salienta Quirino. “Em dois anos, já conseguimos identificar quatro tipos de enzimas”, diz.

Pesquisadora da Embrapa Agroenergia seleciona enzimas do rúmen de caprinos para produzir etanol de 2ª geração

As pesquisas estão sendo desenvolvidas no laboratório da UCB e os resultados têm animado a equipe de pesquisadores, professores e estudantes de mestrado e doutorado. Mas, se os laboratórios e os equipamentos de alta tecnologia estão em Brasília, é do sertão nordestino que vem a matéria-prima, a origem da inspiração da equipe.

“Escolhemos os caprinos da raça moxotó, espécie nativa brasileira, que fazem parte dessa unidade de conservação pelo fato deles terem uma alimentação peculiar e única que é a vegetação do semi-árido nordestino”, ressalta a mestranda, Isabel Cunha. Além disso, a identificação de enzimas nestes animais é inédita, pois a maioria dos trabalhos em outros países é com bovinos.

Cristine Barreto, professora da UCB, explica que a primeira fase do estudo foi descrever a diversidade dos microorganismos. “Descobrimos, através da metagenômica, que conhecemos no máximo 20% da diversidade bacteriana presente no rúmen desses animais”. Isso significa, constata Cristine, que existe ainda muito a ser explorado em termos de buscas de novas enzimas. Isabel complementa. “Para explorarmos o potencial dessa diversidade microbiana fizemos a coleta do rúmen de caprinos na Embrapa e com material total do rúmen. Extraímos o DNA para gerar uma biblioteca metagenômica e fazer uma exploração de novas enzimas com o intuito de aplicar em indústrias sulcroalcooleiras”.

Na safra de 2008/2009, o Brasil produziu 24,3 bilhões de litros de etanol, sendo 83% destinados ao mercado interno. Segundo a ANP, em 2009, foram comercializados no País 22,82 bilhões de litros de etanol, um aumento de 16% em relação ao ano anterior. Atualmente, o álcool comercializado nos postos de gasolina vem do caldo de cana-de-açúcar. Os avanços tecnológicos que serão gerados por essa e outras pesquisas deverão contribuir para que o Brasil mantenha sua liderança no mercado mundial, pois o etanol poderá ser produzido a partir de outras matérias-primas.

Para explicar a produção de enzimas a partir do rúmen dos caprinos, a Embrapa Agroenergia contou com a parceria da Embrapa Informação Tecnológica, que produziu um vídeo que está no site da Embrapa Agroenergia www.cnpae.embrapa.br | http://twitter.com/cnpae

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