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20/04/2010 - 09:57

Mercado Financeiro: Perspectivas da Semana

De acordo com analistas do Banco Schahim, assinado pelo economista da instituição, Silvio Campos Neto, após um período onde predominou o ambiente mais favorável, os mercados internacionais partiram para a realização de lucros ao final da última semana, em meio a resultados corporativos abaixo das expectativas nos EUA, recrudescimento dos temores acerca das dívidas de países europeus e à eclosão de um novo problema no setor financeiro norte-americano, envolvendo a denúncia de fraude por parte do órgão regulador do país sobre o banco Goldman Sachs.

Esta questão terá desdobramentos nos próximos dias, dado que a Securities and Exchange Commission (SEC) informou que irá investigar operações semelhantes realizadas por outras instituições. Países europeus também já demonstraram intenção de seguir o mesmo caminho. A alegação da SEC é que o banco vendeu papéis atrelados a hipotecas de alto risco, sem informar que um fundo de hedge que apostava na queda das hipotecas teria participado da elaboração do produto vendido aos investidores. Mesmo que não gere efeitos práticos, tal denúncia adiciona um elemento negativo nos mercados.

A continuidade da melhora do cenário econômico poderia contribuir para restringir qualquer nova onda pessimista à frente. Dados recentes seguem sinalizando para a recuperação nos EUA, embora a reversão definitiva no mercado de trabalho ainda seja um desafio. Ainda assim, a retomada em ritmo moderado parece mais provável, conforme indicado em declarações recentes do Federal Reserve.

Ainda no exterior, a China permanece no centro das atenções, com a divulgação do impressionante crescimento de 11,9% no 1º trimestre, além da expectativa de mudanças graduais em sua política cambial que podem ser anunciadas em breve. Adicionalmente, o risco de um aquecimento excessivo da economia também tem incentivado o governo a promover medidas restritivas no país, especialmente no setor imobiliário.

No Brasil, os números do setor varejista continuam cada vez mais sólidos, reflexo da evolução positiva do mercado de trabalho e do crédito. O aquecimento da demanda interna amplia o debate em torno do ajuste a ser promovido na Selic, não apenas na reunião do Copom da próxima semana, mas em todo o ciclo de alta dos juros que está por vir. Nosso cenário atual contempla aumento de 50 pontos em abril e 250 no total, embora existam opiniões crescentes de que as elevações devem ser mais agressivas.

A agenda da semana traz, nos EUA, alguns indicadores de atividade (bens duráveis, vendas de imóveis) e diversos balanços corporativos – ver no calendário anexo. No Brasil, a semana será entrecortada pelo feriado de quarta-feira, mas terá dados importantes de contas externas e índices de inflação, como o IPCA-15.

Nos mercados, a semana ainda se abre com o tom negativo da sexta-feira, mas o desenrolar dos fatos ao longo dos próximos dias pode amenizar o sentimento dos investidores. O ajuste ocorrido foi normal diante dos ganhos recentes, e poderá abrir espaço para novos períodos de otimismo em breve.

Para Ficar Atento – Drivers da Semana: Contas Externas – BRA: Nesta quinta-feira o BC divulga os números do balanço de pagamentos de março, que deve ter registrado novo déficit expressivo em transações correntes, acima de US$ 4 bilhões. Já os investimentos diretos (IED) não têm acompanhado esta tendência, fazendo com que o ajuste do balanço recaia sobre os fluxos em carteira (ações e renda fixa). Os dados devem continuar apontando uma tendência de piora das contas externas daqui em diante, o que poderá requerer um ajuste no câmbio no médio/longo prazo.

. Inflação – BRA: Os índices da semana tendem a confirmar o cenário de inflação ainda pressionada. No varejo, os preços dos alimentos ainda predominam, enquanto no atacado, as altas do minério de ferro e aço já voltam a afetar mais intensamente o IPA industrial.

. Atividade – EUA: Alguns indicadores da economia norte-americana podem influenciar o ambiente externo na semana, com destaque para indicadores antecedentes e pedidos de bens duráveis, que devem confirmar a trajetória de recuperação do país. No frágil setor imobiliário, vendas de casas novas e usadas ainda estão sob risco de baixa.

. Balanços – EUA: A temporada de balanços corporativos do 1º trimestre ganha força nesta semana, com destaque para a divulgação dos resultados de bancos (Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Wells Fargo) e de empresas do setor tecnológico (IBM, AT&T, Yahoo, Qualcomm).

. Bancos – EUA: A nova onda de preocupações com o setor financeiro, que surgiu com o episódio envolvendo o Goldman Sachs na última sexta-feira, poderá ter desdobramentos nesta semana. Países europeus informaram que também pretendem investigar operações semelhantes. Nos EUA, outras instituições também podem entrar na mira da Securities and Exchange Commission (SEC).

. Atividade – Europa: As prévias das pesquisas PMI da Zona do Euro de abril saem nesta semana, e devem mostrar estabilização da trajetória recente de alta. Já o Reino Unido anuncia o PIB do 1º trimestre, com perspectiva de ter registrado crescimento ainda modesto na margem (próximo a 0,5%).

Consumo segue muito aquecido. Há desaceleração à frente?[ Há um forte ritmo de crescimento do consumo no país, reflexo da combinação favorável de maior renda, emprego e crédito. Assim como em ciclos passados, os desequilíbrios resultantes serão combatidos pela ação do BC, que irá subir a Selic neste mês. Ainda assim, os sinais de curto prazo seguem positivos, embora alguma moderação à frente.

De acordo com o IBGE, as vendas do varejo cresceram 12,3% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2009 – maior taxa anual desde fev/08. Na margem (ante o mês anterior), a expansão foi de 1,6%, após a vigorosa variação observada em janeiro (3%). Com isso, a média móvel trimestral da série cresceu 1,29% em fevereiro, o maior ritmo desde janeiro de 2008.

Após a desaceleração observada a partir de outubro de 2008, em virtude dos efeitos da crise internacional, os últimos meses têm mostrado claros sinais de expressivo aquecimento do consumo no país, reflexo do retorno do crédito e do momento muito positivo do mercado de trabalho.

Com isso, está se configurando um novo ciclo de expansão do consumo no país, conforme já observado em períodos recentes da economia. Após 2003, podemos identificar duas fases muito favoráveis: a primeira se estendeu ao longo do ano de 2004, até o primeiro trimestre de 2005, tendo sido esfriada pelo ciclo de alta de 3,75 pp. da Selic na época. O segundo se iniciou ao final de 2006 e perdurou até a crise externa, em outubro de 2008.

Nestes dois ciclos anteriores, os impactos do crescimento do consumo em ritmo forte se fizeram sentir na economia, com aceleração inflacionária e, especialmente no período recente, piora dos resultados em transações correntes (aumento das importações). Diante disso, em ambos, o Banco Central teve que promover aperto na política monetária, visando moderar o ímpeto dos consumidores e minimizar os desequilíbrios – o que certamente será novamente observado agora, com a alta dos juros que virá a partir deste mês.

Além da ação do BC, outros aspectos conjunturais irão ditar os rumos do consumo daqui em diante.

. O mercado de trabalho ainda se manterá aquecido nos próximos meses, dando novos impulsos ao consumo.

· Por outro lado, o crédito deverá receber impactos do aumento recente dos compulsórios e dos juros mais elevados, podendo crescer em menor ritmo.

· A proximidade da retirada dos estímulos fiscais, como o IPI reduzido, pode ter gerado antecipação das vendas. Diante da eliminação dos descontos em praticamente todos os setores, a intenção de consumo pode se moderar.

· Apesar da expansão da renda, o endividamento das famílias está crescendo com maior intensidade, o que pode contribuir para alguma desaceleração.

· Por fim, a inflação recente em alta já tem afetado negativamente na margem a confiança dos consumidores, conforme mostrado por dados da Fecomércio-SP.

Em relação a este último ponto, os índices de confiança dos consumidores são sinais antecedentes úteis para avaliar a trajetória mais provável das vendas do comércio.

Desta forma, os sinais apontam para alguma moderação do ritmo do crescimento do consumo ao longo dos próximos meses. A princípio, isto não deverá ocorrer no curtíssimo prazo (1º semestre), quando as vendas tendem a seguir bem puxadas, diante dos efeitos benignos da renda, emprego e crédito. Mas durante o segundo semestre é provável observarmos variações menores na margem, com o crescimento anual recuando do nível atual de dois dígitos – embora não muito abaixo disso.

Para 2011, o desempenho estará condicionado em grande medida ao tamanho do ajuste da Selic neste ano e à postura da política fiscal adotada pelo novo governo. A despeito do modelo atual que tem privilegiado o consumo, são necessárias políticas mais contidas (especialmente no âmbito fiscal), que tornem compatíveis os ritmos de expansão do consumo e da oferta dos bens e serviços.

Índices de Inflação e Expectativas Futuras - No geral, os preços dos alimentos estão subindo menos, embora ainda existam produtos em aceleração, como feijão e leite. De todo modo, os IPCs devem seguir uma trajetória de desaceleração moderada neste 2º trimestre. No atacado, os IGPs serão novamente pressionados no curto prazo, agora pelos reajustes do aço e do minério de ferro.

A lenta acomodação dos preços dos alimentos em geral começa a contribuir com a desaceleração dos índices aos consumidores, embora no atacado estejam surgindo novos focos importantes de pressões. O IPC-S teve alta de 0,80% na 2º semana de abril, variação inferior à registrada na semana anterior (0,98%). O grupo alimentação foi o principal responsável pela desaceleração da inflação no período, ao recuar de 3,11% para 2,36%, diante de menor alta do tomate e da queda mais acentuada da laranja. Por outro lado, os preços do feijão e do leite e da cebola aceleraram a alta.

Entre os outros grupos que compõem o índice, transportes segue com deflação por conta da queda do álcool, enquanto vestuário está pressionado por aspectos sazonais. Os demais não apresentaram alterações significativas entre os levantamentos.

Nesta segunda-feira, a Fipe anunciou o IPC da 2º quadri do mês, com a mesma alta de 0,23% apontada na 1º quadrissemana.

O IGP-10, por sua vez, subiu 0,63% em abril, mesma variação registrada pelo IGP-DI de março. O IPA agrícola se reduziu no período, para 1,12%, embora esteja sofrendo forte impacto da alta dos preços do feijão (31,8%). Entre os industriais, a mudança de metodologia para o IPA a partir deste mês já pode ter ajudado a reverter a pequena deflação recente, gerando uma alta de 0,32%.Este movimento no IPA industrial deve se intensificar daqui em diante, conforme forem captados os reajustes do aço e do minério de ferro. Em breve, deveremos ter os IGPs rodando novamente em torno de 1% até a absorção total destes aumentos.

Com a variação de abril, o IGP-10 já acumula alta de 3,04% neste ano, e de 2,67% nos últimos 12 meses.

Ao longo desta semana serão anunciados o IPCA-15 de abril (prevemos ligeira desaceleração para 0,49%), o IPC-S da 2º semana de abril e a 2º prévia do IGP-M do mês.

Expectativas Futuras: De acordo com o Boletim Focus divulgado pelo BC na manhã desta segunda, a mediana das projeções para o IPCA de 2010 voltou a subir, estando agora em 5,32%. Para 2011, se manteve em 4,80%.

Caged aponta recorde de contratações em um mês de março - Reforçando o cenário de aquecimento da economia e do mercado de trabalho, a criação de vagas em março foi recorde histórico para este mês. Todos os setores estão registrando contratações líquidas, sinal claro de disseminação do bom desempenho entre as atividades. Segundo o ministro, abril deverá registrar recorde geral da série.

As 266,4 mil vagas líquidas formais de trabalho criadas em março representam número recorde da série histórica para este mês. Com isso, o 1º trimestre fechou com geração de 657 mil empregos, também o melhor desempenho para o período de análise. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

O setor de serviços foi o que mais contratou em março, com 106 mil empregos, seguido pela indústria (73 mil), construção civil e comércio. São números que reforçam o cenário de economia em forte expansão, com aquecimento intenso do mercado de trabalho.

De acordo com o ministro do trabalho, abril deve ser o melhor mês da história do Caged, o que se confirmado, representaria superar o recorde alcançado em junho de 2008, quando foram criadas 309 mil vagas de trabalho.

Economia Internacional - Os dados recentes não alteraram o sentimento de que a economia dos EUA está melhorando, porém há ainda sinais controversos que trazem cautela. A confiança do consumidor recuou e a produção da indústria praticamente não cresceu em março. Na China, o PIB cresceu no maior ritmo em 3 anos no 1º trimestre, ampliando o risco de medidas restritivas.

Estados Unidos: Em uma semana bem movimentada de indicadores, foi mantida a percepção de recuperação moderada da economia norte-americana, embora alguns sinais de fragilidades ainda existam, como a inesperada queda da confiança dos consumidores.

Em março, as vendas no varejo surpreenderam positivamente, com alta de 1,6% na margem e 10% na comparação com o mesmo mês de 2009. Até por este motivo, foi controversa a queda do índice de confiança de Michigan na prévia de abril, para 69,5, patamar mais baixo desde novembro. Incertezas provenientes do mercado de trabalho podem ter condicionado o sentimento dos consumidores – dados anunciados na última quinta-feira indicaram que o número de pedidos de auxílio desemprego voltou a subir na semana encerrada no dia 9, para o maior nível desde fevereiro.

Ou seja, apesar da inquestionável evolução mais positiva dos últimos meses, a sustentabilidade desta retomada irá depender da capacidade da economia voltar a gerar empregos, caso contrário os consumidores poderão voltar a se retrair.

A atividade industrial também vinha mantendo um bom ritmo de recuperação, mas em março a produção ficou praticamente inalterada na margem (+ 0,1%). Foi a menor taxa mensal desde junho de 2009, mostrando que, após o ciclo de recomposição de estoques ocorrido nos meses recentes, a economia poderá passar por uma fase de maior estabilização antes de retomar a tendência ascendente. Os demais índices do setor (Empire, Philadelphia), continuaram em elevação em abril.

O Livro Bege, divulgado pelo Federal Reserve na última semana, trouxe como mensagem principal o fato que a atividade econômica se expandiu desde o relatório anterior em 11 dos 12 distritos pesquisados. Em geral, foram reportadas melhoras nas vendas de veículos e do varejo, além da manufatura. Por outro lado, o texto voltou a descrever o mercado de trabalho como fraco, embora com contratações mais evidentes, especialmente de mão-de-obra temporária.

Esta conjuntura de retomada moderada da economia não está, ao menos por enquanto, gerando problemas inflacionários. O núcleo do CPI veio zerado em março, acumulando apenas 1,1% nos últimos 12 meses – a inflação mais baixa desde o início de 2004. Até por este motivo, o presidente do Fed Ben Bernanke voltou a reiterar na última semana que a taxa de juros deverá permanecer nos níveis excepcionalmente baixos por um longo período.

Para esta semana, a agenda traz uma menor quantidade de dados, com destaque para vendas de imóveis, pedidos de bens duráveis e PPI.

China: O PIB do gigante asiático cresceu 11,9% no primeiro trimestre de 2010, na comparação com o mesmo período de 2009. Foi o maior ritmo de expansão desde o segundo trimestre de 2007 e superou as expectativas dos analistas. Este resultado, inclusive, levou algumas importantes instituições globais a elevaram suas projeções para o crescimento do PIB em 2010, saindo de patamares em torno de 10% para algo mais próximo a 11%.

O forte desempenho da economia, que ultimamente vem sido qualificado como um superaquecimento, tem gerado temores de riscos inflacionários e bolhas nos preços dos ativos. Dados recentes mostraram situações controversas: o CPI desacelerou ligeiramente para 2,4% em março (de 2,7% em fevereiro) na base anual; por outro lado, os preços dos imóveis subiram 11,7% em março (Y/Y), variação recorde.

Neste contexto, fica a expectativa para medidas restritivas por parte do governo/BC, que possam amenizar o ritmo de crescimento da economia chinesa – lembrando que o governo havia feito uma previsão inicial de apenas 8% de expansão, que evidentemente será superada. Dentre as possibilidades, o aumento dos juros e a tão aguardada valorização do yuan. A este respeito, o presidente Hu Jintao cogitou na última sexta-feira a alteração da política cambial para um regime de flutuação administrada, sem, entretanto, fornecer detalhes adicionais.

.Principais Variáveis Econômicas:

.[ Expectativas Schahin.: IPCA-15 abril – 0,49% | IGP-M 2º prévia abril- 0,56% | IPC-S 3º semana abr- 0,65% | Taxa de Câmbio abr10- R$ 1,78 | Taxa de Câmbio jun 10 - R$ 1,80 | Taxa Selic abril 10- 9,25% | Taxa Selic junho 10- 9,75%].

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