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28/04/2010 - 09:54

Alice no país das “maravilhas” do iPad

(…) “Meu Deus! Meu Deus! Como tudo é esquisito hoje. E ontem era tudo exatamente como de costume! Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando eu levantei de manhã? Eu estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente…” (Alice no país das maravilhas, Lewis Carroll).

A perplexidade de Alice me parece muito contemporânea, especialmente frente às mudanças trazidas pela tecnologia e que alteram diariamente a forma de nos relacionarmos com a literatura, a escrita e o livro. A despeito dessa surpresa, cabe ressaltar que a história do livro é marcada por inovações técnicas e pela evolução da indústria gráfica – avanços que permitiram o acesso de mais pessoas ao livro. Diante dessa perspectiva histórica, por que players importantes do setor editorial estão em pânico diante do iPad? Será que é porque estão acostumados a publicar livros da mesma forma há várias gerações? Ou se trata apenas de “paúra tecnológica”?

Em viagem ao Estados Unidos, exatamente na semana em que o iPad foi lançado pela Apple, pude acompanhar in loco o fenômeno de vendas do produto; aliás, 500 mil unidades foram vendidas em poucos dias. Em face a tudo que li na imprensa norte-americana e ao que vi nas ruas, lojas e livrarias, teimo em acreditar que a tecnologia nunca esteve tanto ao nosso lado. Em especial, ao lado de executivos do setor editorial cujo objetivo é investir para disseminar o hábito da leitura no maior número de pessoas possível. Acredito nisso porque assisti ao fascínio que o iPad desperta nas pessoas; a atração exercida é inquestionável. E o melhor exemplo desse hipnótico fascínio é a versão de “Alice no País das Maravilhas”!

Quem já teve a oportunidade de ler um livro no iPad vai perceber a diferença e quem teve a oportunidade de ler a versão digital de “Alice no País das Maravilhas” para crianças vai concordar que todos os meios a favor da literatura de qualidade são válidos. Os leitores vão continuar associando o livro a bons momentos, acrescentando a eles as opções de interagir com o texto, com imagens… Em “Alice”, os leitores vivem a emoção de fazer parte da história e do cenário. Um “dispositivo” de conhecimento concreto, palpável e que nos leva a vivenciar e criar uma história única, pessoal. Apesar de o conteúdo ter sido escrito por um autor, todo o cenário – embora tecnológico – continua a depender da imaginação do leitor. E a imaginação é muito estimulada entre os leitores contemporâneos.

Embora os novos tempos causem um certo atordoamento – o mesmo de Alice – acredito que além de inevitável, a convivência com as novas tecnologias dos livros contemporâneos pode ser prazerosa. Entretanto, essa experiência será mais intensa à medida que houver coragem para tirar proveito do passado sem temer o novo. Estamos diante de uma aventura extraordinária, da qual podemos ser protagonistas!

. Por: Lourdes Magalhães, presidente da Primavera Editorial. Executiva graduada em matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, EUA). Com experiência como consultora por 20 anos, a executiva atua no mercado editorial nacional e internacional desenvolvendo parcerias e contratos com agentes literários na avaliação de obras para a compra de direitos autorais, além de participar ativamente de feiras internacionais do setor. Lourdes Magalhães atuou em editoras consideradas referência no mercado como Ática, Scipione, Grupo Abril e Editora Brasiliense.

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