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01/05/2010 - 08:22

Petrobras na OTC 2010, por Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente executivo do Cenpes


O gerente executivo do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga, fala sobre a participação da Companhia na Offshore Technology Conference 2010, investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil e os desafios do pré-sal.

.Qual é a importância da participação da Petrobras na OTC? . Carlos Tadeu: Bom, a OTC é o maior e mais importante evento mundial da indústria de estímulo à produção offshore. Tradicional, o evento reúne os maiores especialistas no assunto, as mais importantes empresas do petróleo e os mais importantes fornecedores. E a Petrobras e o Brasil são, hoje, atores muito importantes na indústria de exploração e produção de petróleo offshore. Não só pelos resultados alcançados no passado em águas profundas, mas principalmente pelas descobertas feitas no pré-sal, que indicam a possibilidade de um volume de atividades nos próximos anos certamente maior do que em outras áreas do globo. Esses trabalhos criarão oportunidades para novos desenvolvimentos tecnológicos, que vão servir de referência para o restante da indústria. A Petrobras tem sido participante ativa em todas as edições da OTC. A Petrobras é ganhadora, inclusive, de dois prêmios da OTC como empresa e com um empregado da Petrobras - o Marcos Assayag – que é o único não americano ganhador do prêmio individual na OTC. É uma oportunidade excelente de trocarmos experiências com o restante da indústria.

.Quais trabalhos a Petrobras vai apresentar este ano? . Carlos Tadeu: Nosso propósito é apresentar sete trabalhos e o Cenpes tem participação em todos, sendo que um desses trabalhos é elaborado em parceria com equipe da Petrobras America, voltado para o Golfo do México. Os seis outros trabalhos são sobre os mais diversos temas na área de perfuração, de construção de plataformas, de ancoragem de sistemas de produção, de projetos e de instalações de tubulações de produção, enfim, trabalhos vinculados aos desafios da indústria offshore. E há um trabalho com grande foco no pré-sal, relativo ao desenvolvimento de um sistema flutuante para liquefação de gás natural. Como sabido, o fato do pré-sal estar distante da costa impõe alguns desafios de logística, inclusive de como escoar o gás natural que vai ser produzido. A Petrobras está desenvolvendo um projeto de instalação de um sistema de liquefação de gás natural em ambientes offshore e, junto com fornecedores internacionais, nós vamos poder apresentar isso também na OTC.

.Como o investimento da Petrobras em pesquisa e desenvolvimento (P&D) tem transformado o parque tecnológico brasileiro na área de energia? . Carlos Tadeu: A Petrobras, por cinco anos consecutivos, tem estado entre os oito maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento da indústria de óleo e gás do mundo, incluindo companhias de petróleo e companhias de serviço. Nos anos de 2008 e 2009 nossos investimentos foram da ordem de US$ 900 milhões. Esse nível de investimento foi uma parte significativa do desenvolvimento de pesquisas em cooperação com universidades brasileiras. Essas pesquisas, em particular a parceria com universidades brasileiras, têm nos dado uma oportunidade de construir em conjunto, usando parte desses recursos, infraestruturas experimentais que não existiam no Brasil até então. A Petrobras tem pleno conhecimento dos mais importantes laboratórios existentes no mundo na área de exploração e produção marítima e estamos, através desses investimentos feitos ao longo dos últimos anos, reproduzindo no Brasil os laboratórios que nós mais utilizávamos fora do Brasil. Esses investimentos feitos nas universidades, associados aos investimentos que nós estamos fazendo com a expansão do Cenpes, estão transformando o parque tecnológico nacional na área de óleo e gás num dos mais bem aparelhados do mundo.

.Um efeito importante desse movimento está sendo a percepção, por parte de nossos grandes fornecedores internacionais, da existência no Brasil desse parque tecnológico. Levando-se em conta o interesse desses fornecedores em estabelecer relações comerciais com a Petrobras, mais intensas ainda vindas pelas encomendas do pré-sal, nós estamos aproveitando para poder também desenvolver com esses fornecedores relações intelectuais mais intensas. Quer dizer, desenvolvendo pesquisas com esses fornecedores no Brasil. Então, para completar tudo isso, fornecedores internacionais estão construindo no Brasil centros de pesquisas. É um movimento que a imprensa tem batizado de “a criação do Vale do Silício do pré-sal”. Evidentemente, não é só o pré-sal que vai se beneficiar com isso, já começam a aparecer discussões sobre parcerias nas áreas de refino, de gás natural, de biocombustível e de meio ambiente. Certamente esse é um movimento que já começa a trazer benefícios à Petrobras e já começa a ser conhecido na indústria internacional.

. Quantas redes, centros de pesquisas e universidades estão envolvidas nesse processo? . Carlos Tadeu: Hoje nos temos 50 redes, que funcionam de maneira bastante alinhada com os nossos desafios tecnológicos. Nós identificamos 50 temas de interesse tecnológico da Petrobras e as universidades brasileiras que têm maior capacitação em cada um desses temas. No conjunto das redes, nós temos cerca de 80 universidades e institutos de pesquisas brasileiros participando. É um movimento de abrangência nacional, muitas universidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, obviamente, mas muitas universidades da região Nordeste, da região Sul, da região Norte, do Centro-Oeste. A área construída de laboratórios novos ou de laboratórios reformados dessas universidades corresponde a quatro vezes a área do Cenpes, é como se tivéssemos multiplicado por quatro a nossa capacidade experimental, com as construções dessas redes e da infraestrutura associada.

Estamos, no momento, empenhados em aumentar a articulação internacional, estamos trazendo universidades estrangeiras para participar dessas redes. Hoje nós temos melhorescondições de fixar no Brasil pesquisadores estrangeiros porque temos laboratórios mais adequados e assim eles podem transmitir conhecimento, criar massa crítica, nos ajudar a aumentar a quantidade e a qualidade de recursos humanos de pesquisa no Brasil. Algumas empresas estão vindo para o parque tecnológico da Cidade Universitária na Ilha do Fundão (RJ). Já são quatro empresas. A Schlumberger, que é um dos maiores fornecedores de serviços especializados na área de exploração e produção do mundo, a Baker Hughes que é uma concorrente importante da Schlumberger, também parceira da Petrobras há muitos anos, ambas com altíssima capacidade de investimento em tecnologia, e a FMC Technologies, que é o maior fabricante de equipamentos marítimos para área de produção de petróleo no mundo. Esses três já tiveram as decisões de investimentos tomadas e a Usiminas, a primeira empresa nacional a fazer esse movimento, tem interesse em desenvolver com a Petrobras pesquisas na área de materiais para o pré-sal. A Usiminas já declarou a intenção de também se instalar aqui e aguardamos somente aprovação da universidade, o que eu acho que vai acontecer em breve. E no rastro, seguindo essas quatro empresas temos informações de diversas outras com planos semelhantes. Algumas vão se instalar no Rio de Janeiro, outras em outros estados da Federação e o nosso intuito é que elas se instalem no Brasil com atividades de pesquisas para que não tenham somente fábricas, mas tenham também pesquisas sendo feitas no Brasil em parceria com a Petrobras e com universidades brasileiras. Na prática, com cada uma dessas empresas a Petrobras construiu uma carteira de projetos de pesquisas em conjunto, onde em conjunto aportamos dinheiro, recursos humanos e pessoas.

. A partir desse cenário, quais seriam os próximos passos da Petrobras em P&D nas próximas décadas? . Carlos Tadeu: O estabelecimento desse parque tecnológico certamente vai ser um grande salto na possibilidade de realizar pesquisas no Brasil. Mas não vamos deixar de lado nossa articulação internacional. Num mundo globalizado como nós vivemos, o conhecimento pode estar presente em outros centros de excelência e nós temos que buscá-lo, mas aumentamos a capacidade de articulação do Brasil com os outros núcleos importantes mundo a fora. A Petrobras tem três grandes linhas de atuação na área de P&D. A primeira linha visa expandir os atuais limites do negócio atual de exploração, produção e refino de petróleo e gás natural. Para a segunda linha, a Petrobras tem dado uma ênfase maior a cada ano, porque é a linha que busca aumentar os leques de produtos energéticos que a Companhia oferece para a sociedade. Nessa segunda linha estão as energias renováveis com grande ênfase nos biocombustíveis. A Petrobras, através do Cenpes, está estudando e implementando com a área de Gás e Energia, projetos de energia eólica, energia solar e energia de mares. E o terceiro grande eixo do futuro é a linha da sustentabilidade. Nossas operações são feitas com todos os cuidados necessários em relação à preservação ambiental e à inclusão social. Nesse eixo, há questões importantes como a diminuição do consumo de água nas nossas operações, já que a água é um recurso cada vez mais escasso, cada vez mais valioso e esse é um tópico muito importante. Reduções de emissões também é outro tópico extremamente importante. Por fim, o tópico da eficiência energética, consumir menos energia nos nossos processos e garantir cada vez melhor uso da energia que está presente em nossos produtos para que mais pessoas no globo possam se beneficiar com a energia como portadora de bem estar da sociedade. Hoje 1/3 da população do mundo não conhece as fontes modernas de energia, é algo impressionante numa sociedade que está hoje com um grau de avanço tecnológico que nos traz novidades a cada dia. Quem produz energia, tem que produzir consumindo cada vez menos energia nos processos internos e disponibilizando à sociedade mais energia.

. E o pré-sal? . Carlos Tadeu: Pois é, todo esse desafio de superar as barreiras tecnológicas para garantir acesso a um número cada vez maior de pessoas às formas de energia moderna fazendo isso de maneira sustentável, tudo isso está ocorrendo num momento muito oportuno da Companhia. A Petrobras descobriu recentemente jazidas muito importantes de óleo e de gás na costa brasileira, na chamada camada pré-sal, abaixo da camada de sal. Essas jazidas têm um potencial, em termos de produção do petróleo em curto prazo, que pode colocar a Petrobras num outro patamar. A Petrobras, que vinha crescendo de maneira constante e gradual ao longo de sua história, pode dar um grande salto num espaço de tempo muito curto. Obviamente, toda experiência anterior que a Petrobras acumulou pelas suas inovações aplicadas em águas profundas representam um excelente ponto de partida para que nós superemos os eventuais desafios que nós venhamos a ter com o pré-sal e que a coloca numa posição privilegiada, não só por ter descoberto esses volumes, mas também por ter muita experiência em operações em águas profundas. Os volumes previstos são gigantescos, que permitem uma escala que vai nos ajudar a desenvolver a indústria nacional, transformando-a numa indústria mais competitiva a nível internacional. Recursos humanos vão ser cada vez mais necessários para Petrobras, para seus fornecedores, para universidades, para academia.

Tudo isso traz um novo vetor de desenvolvimento econômico e social para o país. O pré-sal tem atrativos do ponto de vista tecnológico, questões atraentes para que a Petrobras possa trabalhar e aprimorar os métodos e processos que hoje nós já aplicamos nos poços que já estão em produção nos sistemas de teste de longa duração e mais do que a Petrobras, o pré-sal é para o país uma grande plataforma de desenvolvimento. A Petrobras vai estar como já tem feito, trabalhando em articulação com nossos principais fornecedores de bens, fornecedores de serviços, com as universidades, com institutos de pesquisas para melhor aproveitar essa oportunidade. O pré-sal é uma das grandes atrações da indústria de óleo e gás no mundo e certamente vai ser um tema relevantes durante a OTC.

. Por ser uma nova fronteira tecnológica? . Carlos Tadeu: Em termos. O pré-sal não deixa de ser uma nova fronteira, mas a experiência da Petrobras em águas profundas nos garante uma posição privilegiada. Temos um excelente ponto de partida. Nossa experiência acumulada é reconhecida internacionalmente. É interessante porque mesmo com toda essa efervescência do pré-sal, a Petrobras nos Estados Unidos, lá no Golfo do México, nos campos de Cascade e Chinook, está implantando sistemas que, para a região, são inovadores, como uso dos navios plataforma do tipo FPSO (unidade flutuante de produção, estocagem e escoamento), baseado em toda experiência que nós desenvolvemos no Brasil. E ao atuarmos no Golfo também incorporamos experiências de outras operadoras. Algumas soluções que estão sendo utilizadas no Golfo como, por exemplo, as plataformas de pernas atirantadas (TLWP), terão espaço para aplicação no Brasil, talvez no Pré-sal, e certamente em outras situações, como no campo de Papa-Terra. A presença internacional da Petrobras traz esse outro beneficio, a possibilidade de utilizar mundo a fora tecnologias que tenhamos desenvolvido e aplicado no Brasil e a oportunidade da Petrobras estar em contato com aquilo que está sendo em outras partes do mundo. | APN

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