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02/06/2007 - 07:42

Competitividade multifária

O sistema capitalista impõe a lei da oferta e da procura. Sobrevivem nesse mundo de concorrência os que mais se destacam. No caso das empresas, as mais procuradas são as de maior qualidade e menor preço. Mas só isso não basta, as empresas precisam aperfeiçoar os serviços continuamente. A relação entre consumidor e as corporações devem ser de fidelidade. Mas se todas fazem trabalhos diferentes, desenvolvem projetos atrativos, como ser competitivo e manter a clientela em um ambiente de extrema concorrência? Confira o artigo e saiba um pouco mais sobre a competitividade inerente à sociedade.

Ainda que tenha existido desde os primórdios, a competitividade tomou forma nas últimas décadas do século passado, assumindo ritmo de mutação constante e diferenciado, com apresentação multifacetada ou multifária.

Diz o dicionário que competir é concorrer com outrem na mesma pretensão. É rivalizar-se. Neste enfoque seria, então, guerra, onde os adversários seriam vitoriosos ou derrotados. Aí valendo usar todos os recursos de que dispunham, talvez até agressivos, pois ser vitorioso é destruir o inimigo. Implica, então, dominar o território.

Ainda que exista, nos diversos campos, aqui vamos nos limitar à competitividade econômica. No passado distante, em que a produção e o comércio eram predominantemente locais ou regionalizados, quando havia um fornecedor, outros evitavam intrometer-se, até porque, por serem poucas ou modestas as necessidades de consumo, era fácil satisfazê-las. Todavia, com o passar do tempo, em que as necessidades se diversificaram e ampliaram, isso foi desaparecendo e a disputa na oferta pelo espaço da demanda foi acirrando os ânimos. Intensifica-se a concorrência e, consequentemente, a busca pelo menor preço. O preço era, então, a variável predominante ou até exclusiva.

Nos dias atuais, em que as fronteiras sócio - econômicas se flexibilizaram e os meios de comunicação se intensificaram, o preço não é mais a variável exclusiva e, muitas vezes, nem a predominante.

Com a ampliação e diversificação das necessidades, amplia-se a oferta e acirra-se a disputa pelo mercado. Agora, porém, só a diferença de preço é irrelevante. A disputa no mercado impõe a diferenciação. Mas a simples diferenciação também não basta. É preciso ter diferenciação valorizada. Isto é, a diferenciação que tenha importância para o Cliente.

Esta diferenciação deve ocorrer no produto e nos serviços. E, registre-se, o Cliente torna-se cada vez mais exigente, o que é bom. Mas valor é relativo e distinto. Isto é, nem todos os clientes dão importância e peso iguais a um diferencial. Entra, então, a idéia da diferenciação customizada.

Mas os gostos e preferências do Cliente nem sempre se perpetuam. E a empresa fornecedora não deve relaxar e fazer que não vê, pois se o fizer, o Cliente a substituirá facilmente. Sendo os valores relativos, diferenciados e mutáveis, isto é, cada cliente tem os seus valores e os modifica, o desafio é, então, fazer diferenciação customizada continuadamente, em que a inovação e a criatividade são importantes elementos. Aí, então, dependendo da importância atribuída a esses diferenciais, o fornecedor, com respaldo na sua marca, pode estabelecer um "over-price" que pode representar um ganho adicional.

Mas, para tanto, seria bom que a empresa fornecedora conhecesse a elasticidade - preço da procura de seu produto, para saber até que ponto o preço poderá ser elevado sem afetar negativamente a escala de produção com impacto na curva de custos. Porém, se a empresa, além de oferecer uma diferenciação valorizada ainda puder praticar preço semelhante ou mais baixo, com certeza terá uma forte preferência que poderá transformar-se em fidelidade do Cliente.

Para isso, é fundamental a produtividade dos fatores, aí incluídos: natureza, trabalho, capital e conhecimento (know-how). Porém, quando uma diferenciação chama a atenção, não demorará a ser copiada, se não protegida. Isto leva à necessidade de as empresas estarem continuamente pensando na mudança e até a "canibalização" do produto. Isto é, lançar um produto e já preparando outro para concorrer com ele mesmo no momento certo.

A atividade empresarial é, então, um empreendedorismo contínuo. As empresas que não souberem instituir a criatividade e a inovação em suas equipes de trabalho, com certeza terão seu Ciclo de Vida Empresarial encurtado, com todos os ônus decorrentes. Vê-se, então, a complexidade e mutabilidade das características do produto para atender às preferências customizadas.

Isto exige constante criatividade e inovação surgindo, então, a conveniência da institucionalização da Gestão do Valor. Essa capacidade de criar diferenciais valorizados, ainda que, para os não inovadores, não alivie o peso da concorrência, reduz a hostilidade, visto que o próprio perdedor entenderá que ele mesmo foi o culpado de sua exclusão por não ter inovado. Assim, a competitividade que antes se baseava quase exclusivamente no preço, hoje é muito mais complexa, mas apesar de mais intensa, pode ser menos hostil.

Existe no ar o desejo de que essa competitividade agressiva evolua para a "CO-Opetitividade" que busca se não possível transformá-la em paz, que também não fique só na guerra. Seria, então, a configuração guerra-paz simultânea, em que, pelo exercício da criatividade, busquem-se a complementaridade, as alianças estratégicas e outros recursos da inteligência empresarial, ao que deve estar muito atento o Economista Empresarial. Igualmente, merece atenção a desgastante competitividade interna, que precisa avançar firmemente para a "co-opetitividade".

Encaminhar o esforço empresarial para essa direção é contribuir para a sobrevivência e o desenvolvimento da empresa, da região, do País e do mundo. Isto vai além da recreação. É desafio. Mas vale à pena.

. Por: Humberto Dalsasso, Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão /Cofecon

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