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04/05/2010 - 09:54

Alta da Selic e a necessidade de investimentos

O Copom resolveu, por unanimidade, elevar a meta da taxa Selic de 8,75% para 9,5% ao ano. Esta deve ter sido o primeiro de uma série de aumentos que virá nas próximas reuniões. Acredita-se que, até o final do ano, a taxa Selic chegue acima de 11%.

Muitos veem estes movimentos de elevação da taxa básica de juros como um retrocesso em relação às reduções conquistadas anteriormente. Porém, devido ao aquecimento do consumo e o desequilíbrio entre a oferta e a demanda, há uma real ameaça de descontrole dos preços.

Ao invés de criticar o Banco Central (BC), o que devemos fazer é nos perguntar porquê, quando a economia acelera, sempre é necessário aumentar a taxa de juros?

Por que o Brasil está condenado a crescer pouco? Por que nossa taxa de juros é tão superior à média dos países do G20? A resposta é: porque nossa taxa de investimentos é muito baixa. Com pouco investimento, qualquer aumento da demanda pressiona os preços, então o BC precisa aumentar as taxas de juros para conter a demanda. Com juros altos, no entanto, o custo financeiro dos investimentos aumenta e a taxa de investimentos tende a cair. Entramos num círculo vicioso: crescimento leva a inflação, inflação leva a aumento dos juros, aumento dos juros leva a queda dos investimentos, queda dos investimentos impede aquecimento da economia sem inflação.

Como podemos sair deste círculo vicioso e entrar num círculo virtuoso do tipo: mais investimentos, mais oferta de bens e serviços, crescimento sem inflação, queda dos juros e mais investimentos?

O movimento tem que começar pelo ajuste fiscal. O setor público precisa zerar o déficit nominal, isto é, gastar só aquilo que arrecada, incluindo os custos do serviço da dívida pública. Assim, parte dos recursos que hoje são gastos para o serviço da dívida pode ser utilizado para investimentos. Além disso, se houver um compromisso do governo com déficit nominal zero, o setor privado – interno e externo – passa a ter mais confiança no crescimento sustentado da economia brasileira e tende a aumentar seus investimentos no País.

O próximo governo federal deve começar com um compromisso de forte ajuste fiscal. Isto não significa reduzir os gastos sociais, mas sim reduzir os gastos supérfluos.

Até agora foi possível chegar a taxa de juros básicos de 8,75% ao ano. Para levá-la a níveis civilizados, isto é, juros reais em torno de 1% a 2% ao ano, é necessário virar a página. O atual governo fez muito, mas esgotou seus esforços.

Agora precisamos avançar mais. A população brasileira sabe que é possível avançar mais, sem perder aquilo que já foi conquistado.

. Por: Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios e autor do livro “Brasil, a trajetória de um país forte”, da Trevisan Editora Universitária. | E-mail: [email protected]

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