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06/05/2010 - 08:41

Hamburg Süd desafia a crise econômica mundial


Empresa encerrou 2009 com 2,3 milhões de TEUs movimentados e faturamento de 3,2 bilhões de euros.

Hamburgo – A economia global e o comércio mundial passam por um colapso desde a metade de 2008. Imediatamente antes da crise financeira internacional ainda era previsto um crescimento da economia de quase 4% para 2009. Ao contrário disto, o resultado econômico sofreu uma retração de 0,8% depois que previsões ainda mais pessimistas prevaleceram em meados do ano passado.

O volume de embarques de contêineres, que havia crescido anteriormente pelo menos duas vezes em comparação com a economia global, sofreu uma queda de cerca de 15% no âmbito geral pela primeira vez na história.

Ao mesmo tempo, a capacidade de slots de contêineres continuou aumentando com base nas entregas de novos navios. Entretanto, o crescimento da capacidade foi menor do que se esperava. Ao contrário das previsões originais, que estimavam um aumento da capacidade de cerca de 15%, o incremento se situou em torno de 5,6%, resultado significativamente abaixo do observado em anos anteriores. Isto foi causado pelo cancelamento dos contratos de construção de novos navios e pelo adiamento das datas de entrega.

Os navios porta-contêineres adotaram um programa de "slow steaming" (navegação em velocidade reduzida) significativo em 2009. Para manter a frequência da programação, semanal em grande parte, com uma velocidade menor, houve a necessidade de navios adicionais. Portanto, o “slow steaming” não apenas contribuiu para reduzir o consumo de combustível, mas também para ajustar a capacidade.

Porém, as medidas citadas não foram suficientes para estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura. Consequentemente, as taxas de charter para navios porta-contêineres, que recuaram significativamente no início do verão de 2008, persistiram em um nível que não foi nem mesmo suficiente para cobrir os custos operacionais; para não falar dos pagamentos de juros e amortizações.

As taxas de charter somente começaram a se recuperar um pouco no final do primeiro trimestre de 2010, embora apenas para navios maiores, acima de 4.000 TEUs. Além de um colapso nas taxas de charter, o excesso de capacidade em 2009 levou a um declínio significativo na utilização da capacidade e a uma pressão substancial nas taxas de frete. Somente com o aumento do volume de embarques na segunda metade do ano as taxas de frete se estabilizaram em um patamar baixo.

Não foram apenas os volumes e os fretes que causaram problemas no ano passado. Ao cair para abaixo de US$ 200 por tonelada no início 2009, como resultado da crise, o preço do combustível (bunker) mais do que dobrou novamente na segunda metade do ano, chegando a aproximadamente US$ 450 por tonelada no final do período. Apesar de uma média anual de US$ 350 por tonelada, o preço ficou quase US$ 125 abaixo dos níveis de 2008 e, com isso, produziu um significativo alívio nos custos para os armadores. Os clientes também se beneficiaram da queda das sobretaxas dos combustíveis.

Da mesma forma, os embarques a granel sofreram um colapso considerável em meados de 2008, mas houve uma recuperação significativa no decorrer do ano devido, principalmente, ao reinício das importações de matérias-primas para a China.

O desempenho da Hamburg Süd - A Hamburg Süd também sofreu com a crise econômica mundial e a queda dos embarques. Com 2,3 milhões de TEUs movimentados, o volume foi 13% menor do que no ano anterior e os fretes caíram significativamente. Assim, o turnover caiu 28%, para 3,2 bilhões de euros, comparado com 2008.

Em contraste com o cenário de declínio no volume de embarques, o pool de contêineres foi reduzido significativamente pelo retorno dos contêineres alugados e pela venda de unidades antigas. Em contrapartida, a capacidade de slots dos navios em operação, de 304.000 TEUs, permaneceu praticamente constante. Porém, a quantidade de navios porta-contêineres caiu 13%, para 96 unidades. Com a substituição de navios charter menores por novos navios maiores, a estratégia de reduzir os custos unitários continua. A frota operada pela Hamburg Süd, incluindo 52 navios na divisão “tramp” (sem rota regular), totalizou 148 unidades, sendo que 36 delas pertencem à empresa.

No ano passado, ocorreu a entrada em operação de um novo navio da classe “Monte” (5.550 TEUs) e de três navios da classe “Rio” (5.900 TEUs), que foram inseridos no trade da Europa e Ásia para a Costa Leste da América do Sul, juntamente com os navios idênticos entregues nos anos anteriores. O aumento da frota de navios deve continuar nos próximos anos. Até 2012, doze navios, com capacidade total em torno de 80.000 TEUs, aumentarão a frota própria do Grupo Hamburg Süd. Entre eles estão dez navios da classe “Santa”, com capacidade nominal de 7.100 TEUs, os maiores navios da frota da companhia.

Na crise do ano 2009, o volume de investimentos ficou limitado a um mínimo de 167 milhões de euros (2008: 530 milhões de euros). Para os próximos três anos, está planejado um gasto de capital de 700 milhões de euros em navios e contêineres.

Apesar da pressão econômica, a empresa evitou qualquer redução substancial no quadro pessoal para preservar a experiência e a motivação. A quantidade de colaboradores em terra, no ano passado, encerrou em 3.597. Já em mar, o número ficou em 1.194. O número total de colaboradores aumentou em 17, encerrando em 4.791.

Em virtude do declínio significativo nos lucros, a Hamburg Süd fez esforços consideráveis para cortar custos, que chegaram a aproximadamente 300 milhões de euros. Para reduzir os gastos dos sistemas de navios, os serviços de linha foram racionalizados – em grande parte com parceiros – e foram instituídos programas de slow steaming (velocidade reduzida). No caso dos custos relativos às cargas, foram tomadas muitas medidas individuais na área de manuseio de carga, intermodal e custos de depósitos. Neste contexto, as taxas de combustível menores cobradas pelas transportadoras e companhias ferroviárias parceiras tiveram um efeito positivo.

As taxas de câmbio das moedas importantes para a Hamburg Süd tiveram um impacto positivo. Em face do excedente estrutural, isto se aplica ao dólar mais forte, assim como às taxas mais fracas das moedas dos custos, como o real brasileiro e o dólar australiano.

A forte queda dos preços de bunker aliviou a pressão sobre os custos e sobre os resultados. Os gastos com combustível caíram para aproximadamente US$ 700 milhões, US$ 400 milhões a menos que no ano anterior. Destes números, aproximadamente 3/4 (três quartos) foram atribuídos aos preços menores de bunker, e 1/4 (um quarto) ao consumo reduzido em função do slow steaming e da reestruturação da frota para menos unidades, porém maiores.

Apesar do desempenho comparativamente positivo dos embarques de cargas "dry" (secas) sem rota regular (tramp), a Hamburg Süd não conseguiu obter um resultado positivo em 2009. Entretanto, considerando-se a crise histórica no transporte de cargas, o fato de a empresa em geral ter registrado um fluxo de caixa operacional positivo suficiente para cobrir o orçamento de investimentos (embora reduzido), pode ser visto com um sucesso.

Em contraste com a recuperação relativamente rápida dos volumes de carga, o declínio das taxas de frete foi mais constante. As receitas dos fretes caíram até agosto, recuperando-se levemente na segunda metade do ano. Embora as rotas entre a Ásia e a América do Sul tenham sido atingidas duramente pela queda dos volumes e dos fretes, elas foram responsáveis pela maior contribuição para a recuperação na segunda metade do ano. A leve recuperação dos fretes continuaram no primeiro trimestre de 2010, embora não tenham conseguido alcançar os níveis do ano anterior.

Em virtude do colapso nos volumes do último trimestre de 2008, a capacidade da rede de sistemas dos navios foi excessiva no início do ano reportado. Para reduzir o excesso de capacidade, os sistemas de navios foram retirados das rotas em seis trades, em colaboração com parceiros. Ao todo, 36 navios – incluindo os dos parceiros – com uma capacidade de slots de aproximadamente 90.000 TEUs, foram removidos das rotas. Além disso, a Hamburg Süd fez o “lay up” (navios parados) de algumas unidades da frota. Os esforços para alinhar a capacidade concentraram-se na redução da velocidade, que diminuiu consideravelmente o consumo de bunker e as emissões de poluentes.

Em 2009, a redução de velocidade envolveu nove sistemas de navios na Hamburg Süd, com uma queda estimada no consumo de bunker de 200 mil toneladas por ano. A medida ajustou a capacidade em torno de 26.000 TEUs, e ao mesmo tempo, reduziu cerca de 10% a capacidade utilizável de slots da empresa.

O departamento de contêineres afretou cerca de 78 porta-contêineres, a maioria empregada nos serviços de linha da Hamburg Süd. Isto representa uma redução de 15 navios, comparada com o ano anterior. Porém, considerando-se que ao mesmo tempo o tamanho médio dos navios afretados aumentou, a capacidade de embarques permaneceu praticamente inalterada.

Perspectivas para 2010 - Embora, de acordo com as previsões atuais, a economia global e o comércio mundial vão crescer novamente em 2010, com um aumento estimado dos embarques de contêineres entre 7% e 8%, ainda vão estar bem abaixo do volume global de embarques de 2008. Atualmente, cerca de 7,5% da capacidade de navios porta-contêineres disponível globalmente não estão em operação.

Mesmo se, em virtude de mais adiamentos das entregas e do cancelamento dos pedidos de construção, menos navios novos entrarem em operação com relação ao que havia sido previsto anteriormente, pode-se esperar que haja um crescimento da capacidade de slots de 10% em 2010. Como resultado, o excesso de capacidade aumentará novamente. Os lucros e a posição financeira da maioria das companhias de navegação só vão se estabilizar no presente ano quando o excesso de capacidade for reduzido ainda mais pela entrada de novos navios em operação e pela redução da velocidade. Provavelmente, o equilíbrio entre o volume de carga e a capacidade das rotas em termos globais não vai ocorrer até 2012 e 2013.

A Hamburg Süd pretende voltar a crescer em seus principais negócios em 2010. A empresa dará atenção especial à expansão dos negócios no setor de cargas refrigeradas, que está crescendo mundialmente. Os primeiros indicadores positivos estão se tornando evidentes nas tendências dos volumes no primeiro trimestre de 2010. Entretanto, os fretes ainda estão bem abaixo do nível de 2008. Acima de tudo, é importante buscar um gerenciamento de custos sem prejudicar a alta qualidade do serviço. Porém, mesmo assim, é improvável que se consiga um resultado satisfatório.

As atividades para economizar recursos estão focadas essencialmente na redução do consumo de combustível e, consequentemente, na redução das emissões dos navios. Além de medidas para otimizar as rotas e a programação em geral, melhorias técnicas estão sendo testadas e praticadas a bordo das embarcações.

Na área de contêineres, a empresa continuará implementando medidas voltadas para o uso de materiais ambientalmente corretos, assim como o uso de tecnologias que permitam o transporte de produtos perecíveis com prazo de validade curto.

Em geral, a empresa espera uma revitalização das atividades comerciais em 2010 e uma melhoria significativa do desempenho e do fluxo de caixa, em comparação com o ano passado. Entretanto, dadas as incertezas apontadas, o avanço é muito frágil. Além da continuação do crescimento econômico, é necessário que haja uma abordagem responsável por parte de todos os participantes do mercado.

Perfil da Hamburg Süd - Fundada em 1871, a Hamburg Süd é um dos maiores grupos operando no transporte marítimo e está presente nas Américas, Europa, África, Ásia e Oceania, seja diretamente ou através de empresas coligadas. A Hamburg Süd, adquirida pelo Grupo Oetker no fim da década de 40, também é um dos maiores especialistas no transporte de cargas congeladas e refrigeradas com tecnologias inovadoras.

Em 2009, a empresa movimentou 2,3 milhões de TEUs. O maior fluxo de mercadorias concentra-se nos trechos Brasil e Argentina para a Europa. Nesta rota, os produtos mais transportados são café, tabaco, autopeças, carne, frango e frutas. Na rota inversa aparecem os produtos químicos e autopeças.

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