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06/05/2010 - 08:45

As mães contemporâneas abrem espaço para o “novo pai”?

Há muitas gerações, os homens vêm sendo criados por mulheres. Desde o nascimento e até a adolescência, o filhote humano está sempre rodeado por hordas femininas: mãe, avós, tias, madrinhas, babás, enfermeiras, vizinhas, empregadas, professoras, orientadoras… Os homens – em especial, pais e professores – só entram em cena quando os meninos chegam à adolescência, na hora da solene conversa de homem para homem. Desse cenário emerge uma “rebelião masculina”; a geração de pais do século 21 exige participar mais da vida dos filhos e quer conquistar mais espaço na vida familiar. Mas, será que as mães contemporâneas estão dispostas a ceder território? No livro “O anel que tu me deste – o casamento no divã”, da Primavera Editorial, a terapeuta Lidia Rosenberg Aratangy faz uma importante reflexão sobre o tema.

São Paulo – O comprometimento das mulheres com a carreira e o declínio do paternalismo, que ajudou a libertar os homens dos esteriótipos herdados da familia patriarcal tradicional, têm impulsionado o surgimento de uma nova geração de pais. Hoje, muitos homens estão mais próximos dos filhos e mais dispostos a participar da administração da casa e a desempenhar tarefas tidas como femininas. No entanto, esses homens têm que improvisar uma maneira de desempenhar um novo papel para os quais não foram preparados. Mas, será que as mães estão dispostas a ceder território? Essa reflexão contemporânea é abordada com maestria pela terapeuta Lidia Rosenberg Aratangy, no livro O anel que tu me deste – o casamento no divã, lançado pela Primavera Editorial.

Há muitas gerações, os homens vêm sendo criados por mulheres. Desde o nascimento e até a adolescência, o filhote humano está sempre rodeado por hordas femininas: mãe, avós, tias, madrinhas, babás, enfermeiras, vizinhas, empregadas, professoras, orientadoras… Os homens – em especial, pais e professores – só entram em cena quando os meninos chegam à adolescência, na hora da solene conversa de homem para homem. Desse cenário emerge uma “rebelião masculina”; a geração de pais do século 21 exige participar mais da vida dos filhos e quer conquistar mais espaço na vida familiar. Hoje, assistimos às mesmas disputas que se deram entre homens e mulheres quando elas saíram de casa para participar mais do mercado de trabalho. Na época, as mulheres ingressaram em um mercado em sua totalidade ocupado por homens; elas tiveram que batalhar com armas com as quais não estavam acostumadas, sujeitando-se a critérios de sucesso moldados por homens para avaliar homens. De início, o masculino moldou o comportamento da mulher; com o passar do tempo, homens e mulheres criaram novos parâmetros e recursos para desenvolver um novo modelo corporativo.

Segundo Lidia Aratangy, a intensa presença feminina no ambiente familiar criou uma desigualdade entre o desenvolvimento masculino e feminino, pois as meninas podem aprender a ser mulher com base em inúmeras figuras diferentes, mas o menino aprende a ser homem a partir de um antimodelo. “Os meninos são obrigados a compor uma figura masculina com base em informações equivocadas; em frases como expressar emoções é coisa de mulher ou lidar com crianças é prerrogativa e obrigação das mulheres. Para mudar essa situação, não é preciso presentear os meninos com panelinhas e bonecas, pois esses são objetos bastante numerosos no ambiente em que nossos garotos são criados”, afirma a terapeuta, acrescentando que o que falta é o menino ter oportunidade de ver um homem adulto que ele respeita e admira, usar no cotidiano esses objetos com naturalidade e desenvoltura.

A terapeuta chama a atenção para a necessidade de uma evolução no universo familiar: os homens precisam conquistar seu lugar nesse território; as mulheres precisam reconhecer e respeitar o espaço masculino. “Os filhos precisam aprender a lidar com o pai que eles têm, não com uma imagem de pai filtrada pela mãe. Nenhuma mulher pode ensinar um homem a ser pai, sobretudo porque elas pouco sabem dessa função. Um homem aprende a ser pai com o pai que ele teve e com os filhos que tem. Se as mulheres abrirem mão da crença de que têm algum domínio sobre esse relacionamento, aprenderem conter a ansiedade e desviar o olhar quando um homem lida com filhos de qualquer idade ajudarão a criar condições mais favoráveis para que pai e filhos se conheçam e estabeleçam uma comunicação verdadeira. Com isso, todos os membros da família poderão ter boas surpresas”, afirma.

Em alguns trechos do capítulo “Novo pai”, do livro O anel que tu me deste – o casamento no divã, a terapeuta fornece importantes elementos para a reflexão sobre o tema.

Página 71 - (…) “Não basta emprestar um cantinho em um território que continua sob o domínio da mulher. Para que haja uma mudança verdadeira, é preciso que os homens se aproximem do universo doméstico e que as mulheres não só tolerem, mas encoragem essas incursões. Esses homens nunca puderam desenvolver uma maneira de trocar uma fralda, dar uma mamadeira, preparar uma papinha ou lavar a louça do jantar – tarefas que devem necessariamente ser executadas de um modo diferente do que fazem as mulheres, pois as medidas e a ergonomia de homens e mulheres não são iguais.”

Página 72- (…) “Há de haver uma maneira masculina (e satisfatória) de dar banho no bebê, preparar uma mamadeira e acompanhar o desempenho escolar dos filhos. Há de haver, inclusive, uma maneira masculina de expressar emoções – que talvez nem passe pelas lágrimas. Para desenvolver seu estilo, é preciso que o homem possa errar e corrigir o erro à sua moda.”

(…) “Na maioria dos casos, quando as mulheres reclamam da falta de cooperação dos parceiros nas atividades domésticas, o que elas querem de fato é a participação de um ajudante qualificado, disposto a cumprir as tarefas que lhe forem designadas conforme as orientações e exigências delas. Mas é pouco provável que um homem concorde em simplesmente obedecer: quando dispõe a envolver-se, seja com os serviços da casa, seja com os cuidados com os filhos, ele pretende ter uma participação integral e criativa, de acordo com os seus critérios, seu ritmo e sua escala de prioridades. ”

(…) “Um pai participativo pode querer dar palpites no que as crianças comem e vestem, tem o direito de ser ouvido quanto aos projetos de férias e fins de semana dos filhos, e até de opinar sobre os amigos e programas. Dificilmente as mães estão dispostas a ceder espaço para tudo isso. No fundo, as mulheres estão convencidas de que só elas têm competência para cuidar dos filhos, principalmente quando ainda são pequenos.”

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