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06/05/2010 - 09:00

Recuperação Econômica da América Latina e Caribe é rápida, mas desigual, diz novo relatório do FMI

A recuperação na América Latina e no Caribe (ALC) avança com mais rapidez do que se esperava, mas em ritmos diferentes em cada país, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) no último relatório Perspectivas Econômicas Regionais – Hemisfério Ocidental, lançado hoje em Montevidéu, no Uruguai. Segundo o relatório, o crescimento continua a acelerar na região, impulsionado sobretudo pela forte recuperação do consumo privado e das condições externas. Em 2010, projeta-se um crescimento de 4% para o PIB regional, após a contração de 1,8% registrada em 2009. Contudo, o relatório aponta disparidades marcantes entre as perspectivas dos vários países.

“Em geral, as economias da ALC deverão apresentar bom desempenho em 2010”, afirmou Nicolas Eyzaguirre, Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI. “No contexto regional, porém, a recuperação provavelmente será mais vigorosa nos países que mantêm fortes vínculos com os mercados financeiros globais, amparados por amplo acesso a financiamento externo e altos preços de suas commodities. Em contraste, muitas das economias menores terão crescimento lento e algumas chegarão a sofrer contração. Portanto, as abordagens de política econômica terão de ser bastante específicas para assegurar uma recuperação sustentável em todos os países.”

Em sua análise das perspectivas regionais, o relatório divide os países da ALC em quatro grupos: 1) países exportadores de commodities, com pleno acesso aos mercados financeiros globais (como Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru); 2) outros exportadores de commodities; 3) importadores de commodities com forte dependência do turismo estrangeiro (sobretudo os países do Caribe); e 4) importadores de commodities que dependem de remessas de trabalhadores no exterior (como muitos na América Central).

No primeiro grupo, o desafio é identificar a melhor forma de administrar o reaquecimento da economia em uma conjuntura externa muito favorável. Com a retomada da atividade econômica e a redução dos hiatos de inflação e de produção, será preciso abandonar gradualmente as políticas de estímulo macroeconômico, começando no lado fiscal, sobretudo onde a demanda privada esteja em franca expansão. Em alguns dos outros países exportadores de mercadorias, um dos principais desafios será romper os antigos padrões de políticas fiscais procíclicas à medida que a alta dos preços internacionais das commodities provoque um aumento da receita pública. Em países importadores de commodities, o espaço para o estímulo macroeconômico está quase esgotado, e seria prudente preservar a margem de manobra restante e reconstituí-la, se possível, para prevenir-se de eventuais riscos. Nos países que dependem do turismo, onde a atividade foi prejudicada pela fragilidade das condições de emprego nas economias avançadas, a política econômica deve concentrar-se em aliviar o sofrimento dos pobres e preservar a estabilidade macroeconômica.

Quanto aos Estados Unidos e Canadá, onde a recuperação está em curso, o foco no curto prazo é a transição para estratégias de saída de políticas adotadas para enfrentar a crise. O estímulo tem-se mantido na medida correta para apoiar o crescimento. Nos Estados Unidos, porém, a atenção terá que começar a se deslocar em breve para o controle dos desequilíbrios fiscais. Em particular, será essencial definir uma forte estratégia de consolidação a médio prazo para reforçar a confiança na sustentabilidade fiscal.

Em guarda contra novos booms - O relatório examina em profundidade os desafios impostos pelo retorno de condições financeiras externas favoráveis, analisando como as economias da América Latina e de outras regiões reagiram a cenários similares no passado. A ocorrência episódica de financiamento externo barato e abundante aumenta o risco de ciclos de expansão e recessão, pois pode provocar picos na demanda e no crédito internos, além de bolhas de preços de ativos e aumento dos déficits de conta corrente.

“O abrandamento das condições financeiras externas é um fato positivo para as economias emergentes em geral”, afirmou Eyzaguirre. “Mas esses episódios temporários acarretam riscos que precisam ser bem administrados. Há que se cuidar para que as condições favoráveis não provoquem um crescimento rápido demais da demanda e do crédito, levando a novos booms que poderiam ter um final infeliz.”

O relatório conclui que a prevenção desses riscos depende das políticas adotadas. “Uma mensagem importante de nossa análise é que a política econômica pode atenuar ou amplificar os eventuais riscos associados à ampla oferta de financiamento externo”, disse Eyzaguirre. “Portanto, as decisões tomadas pelas autoridades agora são muito importantes para evitar problemas mais tarde.”

Segundo Eyzaguirre, enfrentar essa situação requer uma combinação de políticas em diferentes campos. “As prioridades são flexibilizar a taxa de câmbio, manter a disciplina fiscal e orientar a política fiscal para coibir o crescimento excessivo da demanda, assim como utilizar políticas macroprudenciais que preservem a estabilidade dos sistemas financeiros.” Ele acrescentou que, se esse conjunto de medidas não for suficiente, uma solução temporária seria a adoção de impostos cuidadosamente formulados sobre a entrada de capital estrangeiro.

. [ Íntegra do relatório: http://www.imf.org/external/pubs/ft/reo/2010/WHD/eng/wreo0510.pdf].

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