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18/05/2010 - 12:18

Hipocrisia corporativa

Vivemos em um País democrático e podemos afirmar que as estruturas sociais estão sólidas. Essa solidificação coloca à disposição da sociedade todos os meios possíveis e necessários para se divulgar e transmitir ideias e pensamentos.

Contudo, difundir ideias e pensamentos utilizando-se de ferramentas do poder econômico passa a ser uma aberração social, que foge dos princípios éticos do debate e da construção das teorias democráticas, pois o que está por trás é o interesse eminentemente econômico, tornando a informação manipulada de acordo com interesses elitistas, políticos e econômicos.

Neste contexto, apresenta-se como novidade um órgão recentemente criado, segundo alegam, para construir teorias e difundir ideias e pensamentos: o CEDES - Centro de Estudos e Desenvolvimento Econômico e Social. Mas, em uma análise mais profunda, constata-se que seu objetivo é defender os interesses de grandes corporações condenadas pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, para o qual usarão, como meio de coação, a publicação de artigos, estudos, pareceres; a realização de eventos, seminários, congressos e outros meios; sempre com a intenção de gerar opinião pública favorável às suas causas.

Ora, toda a sociedade tem o direito de se manifestar, mas quando essa manifestação vem com a nítida intenção de proteger empresas reconhecidamente infratoras da ordem econômica, passa a ser hipócrita, pois o que se busca é a alienação de ideias. Em outras palavras, estamos presenciando uma verdadeira corrupção de pensamentos e agindo como se fossemos “engrenagens animadas” e de fácil manipulação.

Note-se que grandes corporações que estão com problemas no CADE, como Ambev, Nestlé e outras de igual monta são patrocinadoras desta nova entidade, e têm em comum algum prejuízo com os órgãos antitrustes. Por exemplo: a Ambev, que recebeu do CADE uma multa no valor de R$ 352 milhões, alega textualmente nas notas explicativas de seu relatório de Demonstrações Financeiras, que “de acordo com a análise dos nossos consultores legais, entendemos ser esta uma contingência com a probabilidade de perda possível (mas não provável)”; também é curioso o caso da Nestlé, que adquiriu a fabricante de chocolate de renome nacional, a Garoto, e foi condenada pelo CADE a vender a empresa a uma concorrente que tivesse participação de mercado inferior a 20%. Ou seja, as duas empresas patrocinadoras do CEDES que sofreram prejuízos com a atuação dos órgãos antitrustes brasileiros.

Agora, com a ajuda de pessoas influentes, que darão suporte intelectual aos seus interesses, por meio de ações desenvolvidas no novo Centro de Estudos e Desenvolvimento Econômico e Social, fica nítido que a intenção destas e de outras grandes empresas nacionais e internacionais é justamente mudar a teoria econômica, servindo-se de princípios democráticos, socialmente aceitos, para adquirir benesses próprias. Que hipocrisia!

A sociedade civil e também a economicamente ativa precisa estar atenta e devidamente informada para criar antídotos contra ações que aparentam ser positivas e revestidas de princípios democráticos, mas que no fundo trazem verdadeiras armadilhas econômicas e sociais, em benefícios de alguns e em prejuízos de toda a sociedade.

. Por: Fernando Rodrigues de Bairros, presidente da Afrebras – Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil

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