Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

18/05/2010 - 12:23

Hoje atleta, amanhã gestor

Precisamos formar novos campeões. Precisamos preparar nossos atletas para disputar o pódio olímpico em 2016. Não podemos fazer uma grandiosa festa sem medalhas brasileiras nos Jogos Olímpicos do Rio. O tempo todo se fala nisso, mas pouco se aborda da importância do atleta que está em processo de transição do final de carreira nas quadras, campos, piscinas, pistas, nos diversos palcos das competições.

As conquistas e derrotas de um atleta são ensinamentos levados para a vida toda, mas o mundo das competições não é infinito. Parar é sempre um momento da reflexão e de questionamento. O tempo passou. O que fazer agora?

A transição de carreira é um processo de transformação do que éramos e somos para o que queremos ser. É importante pensar no futuro durante o período competitivo com o aprimoramento em atividades voltadas à educação profissional. Quando possível, logo após a conclusão do ensino médio e/ou graduação — fato este muito incomum na grande maioria dos atletas brasileiros de alto rendimento, principalmente pela falta de tempo que os treinos e competições proporcionam.

Poucos atletas de hoje serão os esportistas das Olimpíadas de 2016, mas eles podem ser grandes gestores até o final das suas vidas profissionais. Mais além, os eventos esportivos possuem datas para começar e acabar, mas o esporte é perene. O surgimento de novos atletas é um processo da humanidade motivado pelas nações e do desejo dos jovens em se tornar conhecidos, reconhecidos e heróis, e que tornam a gestão esportiva também um processo permanente. Um grande espetáculo é composto de palco, planejamento, gestão, recursos financeiros, infraestrutra, mas sem atores nada acontece. Um grande evento esportivo não tem nenhum valor sem os atletas.

A escolha por ser atleta é levada pela paixão, amor, aptidão, disciplina, motivação, engajamento, a busca da perfeição para vencer desafios em uma carreira realmente apaixonante. Porém, cada vez mais curta - em algumas modalidades, como a ginástica artística feminina, a média de idade das finalistas de Pequim 2008 era de 16 anos. Estes fatores e valores são essenciais e de suma importância para um novo momento, quando o atleta se depara com a realidade de não mais competir, sem ter tido tempo de se preparar para uma segunda profissão — apesar de possuir, no mínimo, mais 45 anos de vida útil para qualquer outra atividade laboral.

A gestão esportiva no Brasil passa por uma grande transformação motivada pelo crescimento da indústria do esporte, pela necessidade de maior profissionalização das confederações, federações, clubes de futebol, representações sociais e pelo interesse das empresas em associar suas marcas ao esporte. Este é um caminho sem volta, para uma década que representa muito para o Brasil nesse campo - algo que talvez não vá acontecer nem no próximo século. Teremos os Jogos Mundiais Militares 2011, Copa das Confederações 2013, Copa do Mundo de Futebol 2014, eventos testes das 42 modalidades olímpicas entre 2013 e 2015, e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016. Isso significa dizer que um raio da natureza cai duas vezes no mesmo lugar ao mesmo tempo.

Gestão no mundo corporativo é entender de planejamento estratégico, criar processos, estruturar o marketing, comercializar produtos e serviços, ter controles financeiros e contábeis, saber equilibrar receitas e despesas, entender as questões jurídicas e gerenciar pessoas. Estes fatores, com certeza, não fazem parte da atividade de um atleta.

Buscar novos conhecimentos e habilidades em gestão, no momento de transformação de carreira, combinados com valores trazidos na formação como atleta - como o costume do trabalho em equipe, foco no resultado, determinação, respeito aos companheiros, adversários, hierarquia e regras -, com certeza contribuem muito para os desafios de uma nova profissão fora das competições, além de ajudar na formação de novos atletas e encurtar as distâncias da gestão esportiva com a realidade do mundo corporativo.

O Comitê Olímpico Brasileiro é hoje um exemplo do bom aproveitamento de ex-atletas e técnicos que se destacaram por seus resultados olímpicos e pan-americanos e que, posteriormente, se qualificaram para uma segunda profissão. Entre os quatorze atletas que lá trabalham, podemos citar Paulinho Villas Boas, olímpico do basquete, Sebastian Pereira, olímpico e campeão Mundial de judô, Agberto Guimarães, finalista Olímpico do atletismo, e Soraya Carvalho, ginasta olímpica, que agora são alguns dos executivos por trás da grande expectativa de resultados do “Time Brasil” nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

. Por: Ricardo Mathias, gestor da Trevisan Escola de Negócios – Unidade Rio de Janeiro; e Marcus Vinicius Freire é superintendente executivo de esportes do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira