Casa França-Brasil “a céu aberto”

Exposição irá ocupar a área externa do espaço com quatro obras de grandes dimensões.

O corredor cultural do Rio de Janeiro não será o mesmo a partir de 29 de maio, data de inauguração da exposição A céu aberto, da Casa França-Brasil, idealizada pelo curador Marco Antonio Teobaldo para ocupar a área externa do espaço, com uma programação adicional ao calendário da Casa.

A mostra apresentará obras de Leonilson, Paulo Vivacqua, Geléia da Rocinha e Smael, que irão ocupar o entorno do prédio com palavras, pinturas e instalação sonora. A partir de obras em diferentes suportes, A céu aberto tem como objetivo criar novas situações para promover ocupações artísticas na arquitetura externa do prédio, levando o público que circula pelo centro da cidade a observar e deixar-se atrair pela arte ao seu redor.

O projeto de ocupação do espaço exterior da Casa França-Brasil será realizado nas seguintes áreas: pátio ao lado do café, curva do gradil, beiral do edifício (face voltada para Avenida Presidente Vargas) e divisa lateral com o Centro Cultural dos Correios. “O projeto A céu aberto irá estabelecer uma relação harmônica com a construção histórica do prédio, com o público e com as obras que serão exibidas”, diz o curador. Acreditando na proposta, Evangelina Seiler, diretora da Casa, que apoiou a iniciativa desde a apresentação do projeto, ressalta : “A Casa França Brasil visa a integração das suas atividades no contexto urbano e esta exposição terá também esta qualidade”.

As áreas, as obras e os artistas: Pátio – Instalação sonora, Paulo Vivacqua - "Porto de aproximação" é o nome da instalação sonora que será exibida no Pátio. Criada a partir de acordes românticos extraídos de músicas clássicas, promove um deslocamento temporal do som e reordena os seus fragmentos, em um intervalo de tempo igual ao das saídas e chegadas das barcas da Praça XV. Estruturas de auto-falantes instaladas sobre tripés e cobertas por um manto plástico, formam um conjunto de espectros do que seria o eco dos tempos em que o mar chegava até o pátio, localizado na Casa França-Brasil.

Estudioso e pesquisador da arte sonora, Vivacqua é um artista apaixonado pela música e pelos sons. No entanto, sua produção abrange tanto o campo das instalações sonoras quanto o da criação escultórica. Desde 2001 desenvolve projetos relacionados com a criação de imagens mentais por meio do som e as sensaç?es que elas provocam em seu ouvinte.

Curva – Pintura, Geléia da Rocinha - "O mergulho", gigantesca pintura de tinta acrílica sobre tela, ocupará o gradil curvado nos fundos da Casa, na esquina da Avenida Presidente Vargas. Na obra o artista irá retratar, com o seu peculiar bom humor, uma cena em que o mergulhador observa os personagens de um balneário imaginário. "Eu quero que as pessoas se divirtam com o meu trabalho e saiam desta exposição com um belo sorriso no rosto", diz Geléia.

Artista auto-didata, iniciou a sua carreira artística pintando faixas e letreiros. Com um traço diferenciado e habilidade intuitiva para combinar cores, partiu para a pintura em materiais reciclados e desde então não parou mais. Seus trabalhos se transformaram em capas de CD, cenários, editoriais de moda e murais. Participou de diversas exposiç?es, coletivas, e, individuais, e consta em diversas publicações nacionais e estrangeiras.

Beiral – Arte e palavra, Leonilson - O conceito deste segmento baseia-se em reunir arte e literatura, com a exibição de frases de impacto escritas por artistas contemporâneos, afixadas no beiral do edifício voltado para a Avenida Presidente Vargas, numa extensão de 35 m X 1,5 m, sobre uma superfície removível que garanta a integridade da fachada da Casa França-Brasil. – Uma forma poética de transmitir uma mensagem a um maior número de pessoas – ressalta Marco Antonio Teobaldo.

A frase selecionada para participar desta exposição foi encontrada em um diário de Leonilson, de 1989: “Observar e dar chance à minha curiosidade”.

A idéia é de que os visitantes e as pessoas que passam pelos arredores da Casa França-Brasil possam ver e ler claramente as palavras do artista - e refletir sobre elas.

Leonilson passou a infância entre os retalhos de tecidos no quarto de costura de sua mãe e ali brincava de construir formas e organizar cores e padronagens. Era o início da trajetória de um dos principais expoentes de sua geração. Criou uma iconografia própria no desenho, pintura, bordado e instalação, na qual o uso da palavra passou a fazer parte fundamental para a significação de muitas de suas obras. Mesmo após a sua morte prematura em 1993, sua arte mantém-se forte e viva.

Muro - Painéis (área de divisa lateral com o Centro Cultural dos Correios), Smael - Nos painéis criados especialmente para a exposição, que ocuparão uma área de 37 metros, o artista apresentará uma pintura que trata da harmonia e delicadeza. Com linguagem dinâmica e transgressora, peculiar do meio da arte urbana, a intenção do artista é transformar as superfícies frias de concreto e metal em coloridas alegorias de felicidade.

Smael iniciou seu trabalho nas ruas do Rio de Janeiro em 1999, com uma lata de spray na mão. Com a experiência, adquiriu maturidade gráfica e estilo próprio grafitando muros e objetos que encontrava pelo caminho. Esta identidade possibilitou que experimentasse telas e outros suportes, conquistando também galerias do Brasil e do exterior.

Paralelamente à mostra, será editado um material gráfico de apoio para contextualizar cada uma das obras expostas e seus autores, dentro do universo das artes visuais e outras mídias. Tal característica agregará um caráter pedagógico ao projeto A Céu Aberto com a realização de atividades complementares como palestras com artistas e oficinas abertas ao público.

.[ A Céu Aberto, na Casa França-Brasil, Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro, de 29 de maio a 03 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 20h.Entrada [email protected] | Atualmente a Casa exibe a mostra de Rosana Palazyan, além dos projetos Música + e Mesa Palco. Tel: (21) 2332-5120 ].