Medalha Post Mortem para Frei Tito reforça luta contra a tortura

“São noites de silêncio, vozes que clamam em um espaço infinito. Um silêncio do homem e um silêncio de Deus”. As palavras escritas por Frei Tito antes de morrer, em 1974, serviram de base para que o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Marcelo Freixo (PSol), realizasse, no dia 25 de maio (terça-feira), um evento que se transformou em uma “manifestação contra qualquer tipo de tortura no mundo”. Freixo entregou a amigos e familiares de Tito a mais importante comenda concedida pelo Legislativo Fluminense, a Medalha Tiradentes. “Foram muitas as vitórias que já conseguimos aqui na Casa, mas essa homenagem e esse resgate da memória de Frei Tito alimentam-nos de esperança e nos levam cada vez mais na direção da luta contra os atos de desrespeito aos direitos humanos”, justificou o parlamentar.

Os freis Betto e Oswaldo Rezende, que tiveram a luta junto a Tito retratada no filme “Batismo de sangue”, de Helvécio Ratton, receberam a medalha “post mortem” para o homenageado. “Betto ajudou o Tito a caminhar e a segurar a sua luz na prisão. Essa cerimônia se realiza aqui nesta Casa, onde nasceu a Constituição de 1946, que foi rasgada por aqueles cujo primeiro dever era o de obedecê-la”, lembrou Frei Oswaldo, referindo-se aos militares que tomaram o poder no País em 1964. Tito de Alencar Lima nasceu em 1945, assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica em 1963 e foi preso em 1968 por participar de um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando passou a ser torturado na cadeia. Em 1971, o religioso foi deportado para o Chile. Tito morreu em Lyon, na França, em 1974 e seu corpo só foi trazido para o Brasil em 1983.

Também participaram do evento o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Rio, Wadih Damous; a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, Cecília Coimbra, e o deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ), dentre outros.