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26/05/2010 - 09:02

“Brasil tem estrutura para não ser assolado pela crise européia”, argumentam especialistas na ACSP

País não sofrerá os piores efeitos do cenário econômico mundial, porém, sua falta de planejamento a médio e longo prazo pode impactar no crescimento, apontam economistas .

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promoveu, no dia 24 de maio (segunda-feira), em sua sede no Centro de São Paulo, mais um seminário “Perspectivas da Economia”, apresentando especialistas como Gustavo Loyola, Ulisses Gamboa e Marcel Solimeo.

O presidente da ACSP e FACESP, Alencar Burti, abriu o evento, comentando sobre os prognósticos que os especialistas estavam prestes a dar, sobre a crise européia. “Em tempos de crise, ou vamos muito mal, ou conseguimos nos blindar”, comentou.

“A crise que atualmente assola a Grécia também se arrastou à Espanha, Portugal, Itália e Irlanda. Esses países respondem por 30% do PIB da União Européia, daí a preocupação em escala global”, aponta o economista, sócio da Tendências Consultoria e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.

De acordo com Loyola, o elevado “default” (a possibilidade de dar calote na dívida) é outro fator que volta as preocupações do mercado mundial à Europa. “Com isso, a Alemanha, que apresenta uma das políticas fiscais mais austeras da Europa, é que será uma das responsáveis por reerguer a Grécia. E deverá fazer isso pelo bem da comunidade européia, caso contrário eles também serão impactados pela crise”, alerta Loyola acrescentando a improbabilidade da Grécia sair da zona do Euro: “para o país, o custo político é muito alto, o que inviabiliza essa possibilidade”, pondera.

Para o especialista, mais uma vez serão os países emergentes que sustentarão o cenário de crise, mantendo o ritmo forte de crescimento. Dentro dessa conjuntura, Loyola comenta a situação do Brasil: “O País está mais resistente a crises: contamos com um sistema financeiro mais sólido, menos exposto às ondas de turbulência da economia mundial”. Segundo o economista, essa solidez é sustentada pelo seguinte tripé: “O câmbio flutuante absorve os choques externos, enquanto o Banco Central autônomo mantém as metas de inflação e, por fim, o regime fiscal robusto ajuda a gerar superávit primário”, aponta.

Quanto às perspectivas para 2010, o especialista aposta nos seguintes números: PIB crescendo a 6,5%, massa salarial a 5,6%, produção industrial a 11%, vendas no varejo a 9,7%, crédito a pessoa física a 11% e a pessoa jurídica a 8%. “A inflação ficará acima da meta de 4,5%, porém ainda dentro da banda de tolerância”, comenta.

“Hoje o Brasil tem capacidade de crescer mais do que na década passada e estamos indiscutivelmente mais preparados para enfrentar turbulências externas. Contudo, ainda estamos muito atrasados em termos de reformas, além de contarmos com um sistema tributário ineficiente e uma reinserção do Estado nas questões empresariais”, finalizou Loyola.

Na sequência, o economista da ACSP e professor da USP, Ulisses Gamboa, apresentou mais perspectivas do cenário econômico nacional, destacando a retomada do emprego nas áreas de comércio e serviço. “São os setores que empregam majoritariamente trabalhadores das classes D e E, o que contribui diretamente para o aumento do poder aquisitivo desse extrato social”, indica.

Para 2010, Gamboa aposta na geração de empregos formais em todos os setores – inclusive na indústria, que amargou grandes perdas durante a crise econômica. “A perspectiva é que geremos 2 milhões de empregos até o final de 2010”, prospectou o economista.

Assim como previsto por Gustavo Loyola, Gamboa também apostou na alta da inflação (segundo o especialista, 5,5% em 2010 e 4,8% em 2011) como consequência do excesso de consumo. “O aumento na Taxa Selic está sendo importante para reter a inflação, evitando que haja uma bolha de consumo”, pondera.

De acordo com o economista, os fatores de expansão para o Brasil são: crescimento do consumo das famílias, recuperação do investimento produtivo e crescimento do gasto público. “Por outro lado, nossos fatores de risco são: crescimento, embora limitado, da inflação; menor solvência fiscal, desvalorização das contas externas e do câmbio”, finalizou.

Após Gamboa, o economista-chefe e superintendente institucional da ACSP, Marcel Solimeo, apresentou os impactos da economia no cenário nacional de crédito e inadimplência. Dentre os fatores que impulsionarão a expansão no crédito para 2010, o especialista aposta na combinação juros menores e prazos mais longos, o que diminui o valor das prestações. “Além disso, contamos com a disseminação dos créditos com garantia, especialmente, para veículos e consignado”, aposta o executivo.

Apesar do cenário de crescimento, Solimeo alerta sobre a ilusão de lidar com números recordes. “Fala-se muito em crescimento chinês, mas ao mesmo tempo esquece-se daquilo que foi perdido. Ou seja, estamos crescendo sim, mas sob percentuais modestos”, defende.

Sobre a explosão do crédito no Brasil, Solimeo comenta o fato do País estar vivenciando um aumento de demanda mais de acordo com o crescimento da renda. “Além disso, a inadimplência está em queda e deverá manter-se assim. Afinal, o desemprego, que é considerado a principal causa de débitos não-quitados, está sob controle”, comentou o economista.

Para 2010, o executivo aposta em um cenário favorável até dezembro. “Provavelmente veremos em 2011 os impactos da alta da Selic e da inadimplência”, alertou.

Retomando as afirmações de Gustavo Loyola e Ulisses Gamboa, Marcel Solimeo também comentou sobre a necessidade de planejamentos a médio e longo prazo na economia brasileira. “Estamos e estaremos bem em curto prazo, porém, é vital e necessário que haja o planejamento para médio e longo prazo”, finalizou o economista.

Perfil da ACSP e o SCPC - A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus mais de 115 anos de história, atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, tem estado sempre ao lado do pequeno, médio e grande empresário, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços no país. No ambiente de negócios, a ACSP administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que dispõe do mais moderno e completo banco de dados de informações comerciais, com dados de pessoas e empresas e cobertura nacional. O SCPC oferece soluções inteligentes para a tomada de decisão na gestão de crédito e, com o apoio da alta tecnologia, está preparado para atender às novas demandas decorrentes da implantação do Cadastro Positivo, com modelos estatísticos desenvolvidos com exclusividade para cada tipo de negócio. [www.acsp.com.br].

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