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12/06/2010 - 10:55

Aumento da Selic reflete uma preocupação com a deterioração dos índices inflacionários, analisa executivo do Banco Schahin

Taxa deve fechar 2010 em 11,75%.

“Em reunião encerrada na noite do dia 9 de junho (quarta-feira), o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,75 pp., para 10,25% ao ano, repetindo o ajuste promovido no encontro anterior. Tal decisão foi tomada de maneira unânime entre os membros do Copom e veio em linha com as expectativas dos analistas. O comunicado divulgado ao término da reunião trouxe exatamente o mesmo conteúdo apresentado em abril, informando apenas que ‘dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória das metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,25% a.a., sem viés. Ou seja, sem nenhum sinal relevante neste breve e lacônico texto.

Este movimento representa a continuidade do ciclo atual de aperto monetário, diante do forte aquecimento da economia do país, que tem contribuído para a deterioração do cenário inflacionário nos meses recentes. O ambiente favorável ao consumo, com expansão do emprego, renda e crédito, proporcionou forte recuperação da confiança de consumidores e empresários, levando inclusive à retomada rápida dos investimentos na economia. Apesar de representar um ciclo benigno, o ritmo excessivo de crescimento, conforme evidenciado pelos dados do PIB do 1º trimestre, tende a acentuar os desequilíbrios provenientes de um cenário onde a demanda interna se expande a uma taxa acima da capacidade de oferta da economia. Além da aceleração inflacionária, que levou também à elevação das expectativas futuras para níveis acima da meta central, o déficit em transações correntes também é um reflexo desta conjuntura.

Neste contexto, cabe à política monetária agir no sentido de promover ajustes no ritmo de crescimento da demanda interna, o que já está em andamento. Adicionalmente, a retirada dos estímulos tributários recentemente, além do retorno dos compulsórios bancários para os patamares próximos aos pré-crise, são medidas que também contribuem com esta necessidade de realinhar o crescimento da economia ao seu potencial.

Diante dos sinais que, embora em ritmo menos intenso, a economia permanece muito aquecida – o que pode ser constatado pelo desempenho vigoroso do mercado de trabalho – é de se esperar novos ajustes na taxa Selic nas próximas reuniões do Copom. Isto também é reforçado pelo comportamento da inflação, que apesar de estar em desaceleração com a perda de fôlego da alta dos alimentos, ainda exibe núcleos em patamares acima dos desejáveis e incompatíveis com a trajetória das metas. Além dos referidos ajustes internos, um possível atenuante exógeno provém do cenário externo, caso a situação negativa da Zona do Euro se agrave a ponto de gerar reflexos na economia real – cuja transmissão para a economia brasileira viria principalmente através da menor demanda por exportações do país. Entretanto, ainda não existem elementos suficientemente claros neste sentido.

Para a reunião de julho (dias 20 e 21), acreditamos que há possibilidade de alteração no ritmo de alta da Selic, para 0,50 pp., que poderia dividir as apostas com a manutenção do ajuste em 0,75 pp. Desta forma, a leitura da Ata na próxima quinta-feira será de grande relevância, a fim da obtenção de indícios que possam sinalizar qual será a decisão mais provável, ou ainda, quais serão os fatores chave para a definição da seqüência da política monetária. Por hora, mantemos nossa expectativa de ajuste total de 300 pontos-base neste ciclo total de aumento dos juros básicos (150 já promovidos), o que levaria a Selic a encerrar 2010 em 11,75% ao ano.” [ . Por: Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin ].

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