Educação financeira é solução contra crescimento de inadimplentes

O nível de inadimplência do consumidor de maio deste ano aumentou 1,9% em comparação ao mesmo período ano passado, em relação ao mês de abril o crescimento foi de 4,3% apontam dados divulgados pela Serasa Experian. O dado é assustador, mas já era esperado em função do crescimento do consumo nos últimos meses, motivado por notícias positivas sobre nossa economia, como queda do desemprego e aumento de renda da população. A isso junta-se a falta de educação financeira gerando dívidas e conseqüentemente atrasos das prestações.

Entre as modalidades de pagamento, na comparação com abril as dívidas com financeiras e cartões de crédito aumentaram 8,1%; os protestos, 2,6%; as dívidas com bancos, 2,5%; e com cheques, 2,3%. No acumulado do ano, o valor médio das dívidas com cheques sem fundos aumentou 42,7%.

Assim, já temos claro qual é o grande problema que vamos enfrentar nos próximos anos, mas, em contrapartida, soluções para isso são muito difíceis de serem apontadas. No decorrer de meu trajeto de aprendizagem pelo mundo das finanças pessoais, observei que o problema vai muito além do consumismo exacerbado ao qual a população está exposta, com meios de comunicações com muita publicidade, criando no imaginário a idéia de necessidade dos novos produtos que o mercado oferece. A real deficiência está em todo o processo educacional, que omite o dinheiro como parte fundamental de nossas vidas.

Endividar-se não é um crime, senão não existiriam parcelamentos e cartões de créditos, que nada mais são do que formas de dívidas, mas capacidade de pagar as prestações assumidas é a grande vilã do problema. Com a ausência da educação financeira em nossas escolas estamos correndo um sério risco de continuarmos com as futuras gerações sendo consumistas descontroladas, sendo o endividamento seja somente o efeito deste problema, temos que inserir imediatamente esta disciplina nas grades curriculares.

Se a população não tem ensinamentos básicos de como devem tratar seus salários ou outras fontes de rendas, como que podemos esperar que, de uma hora para outra, saiba as formas de lidar com dificuldades financeiras e com endividamento?

É preciso combater a causa do problema do analfabetismo financeiro, infelizmente isto não vem acontecendo. Para as pessoas endividadas uma dica para aliviar o problema é planejamento financeiro, uma dica imediatista é a utilização da portabilidade do crédito, que neste ultimo mês bateu recorde. Mas isso é apenas um paliativo, trocar um crédito por outro mais barato faz parecer que se está administrando melhor o dinheiro, mas afirmo que isto não é verdade. Nesse caso está se combatendo o efeito e não a causa do problema.

Temos que assumir as “rédeas” das finanças pessoais, fazer um bom diagnóstico financeiro, descobrindo a situação financeira que se encontra e traçar os objetivos que se pretende atingir, com planejamento financeiro. Mas esse é só o começo, é preciso reduzir inadimplência em nosso país mudando hábitos e costumes com relação ao dinheiro, criando um novo comportamento de consumo consciente, é preciso respeitar o dinheiro que passa e passará por nossas mãos, pois, ele não aceita desaforo.

. Por: Reinaldo Domingos, Educador e Terapeuta financeiro. Também é autor do livro “Terapia Financeira” - (Editora Gente), e criador da Metodologia DiSOP – Educação Financeira - Presidente do DiSOP Instituto de Educação Financeiro. (www.disop.com.br). Twitter – www.twitter.com/reinaldodisop