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15/06/2010 - 12:52

O poder econômico da educação na primeira infância

Se disséssemos no passado que o sucesso econômico de um país seria afetado pela quantidade de crianças na primeira infância inseridas no sistema de educação formal, não seríamos levados à sério. Pois em um país onde a taxa de analfabetismo entre jovens com mais de 15 anos ultrapassava os 20% na década de 80, havia pouco espaço para pensar em crianças que estavam ainda em seus primeiros anos.

Com o decorrer dos anos, vimos a mudança da situação econômica brasileira e a taxa de alfabetização chegou a índices nunca antes alcançados. O incremento de renda fez também com que mais pessoas freqüentassem as escolas cada vez mais cedo e não faltaram estudos para comprovar os benefícios da educação infantil. A mudança radical que assistimos nos últimos anos, porém, é a junção de especialistas em teoria econômica a essa discussão.

Cientistas do campo da neurociência que estudam o desenvolvimento da primeira infância há muito tempo apontam para um considerável volume de pesquisas que conclui que mais de 85% das conexões neurais de uma criança são formadas nos primeiros cinco anos de vida. E que fatores ambientais e de saúde, combinada com as primeiras experiências de aprendizagem, unem-se para determinar a capacidade ao longo da vida de uma criança de aprender, de se relacionar com os outros, para ser produtivo no trabalho, e ser um cidadão totalmente engajado na sociedade.

O que tem sido particularmente notável é que, recentemente, uma série de avaliações e estudos realizados pelo Federal Reserve – uma organização que normalmente não é conhecida por seu sentimentalismo ou o seu foco no bem-estar das crianças - têm afirmado que os investimentos públicos no atendimento precoce e educação oferecem retorno de até 18 dólares para cada dólar investido. De fato, em um comunicado divulgado por Art Rolnick, diretor de pesquisa e Grunewald Rob, analista econômico, para o Federal Reserve Bank de Minneapolis, concluíram que o investimento na primeira infância proporcionou um maior retorno para dólares dos contribuintes do que qualquer outra abordagem de investimento público.

Outro estudo, conduzido no Brasil pela Fundação Getúlio Vargas, aponta que ao se comparar adultos que freqüentaram a escola na primeira infância com os que não tiveram a mesma oportunidade, o primeiro grupo leva vantagem em diferentes situações. No aspecto social, pode-se dizer que 66% daqueles que freqüentaram a educação infantil terminou o ensino médio no tempo certo, contra 45% dos alunos que não estudaram durante a primeira infância.

O primeiro grupo também leva vantagem ao se comparar efeitos econômicos. 41% das pessoas do primeiro grupo nunca participaram de programas sociais na idade adulta, contra 20% das pessoas do segundo grupo. Os que estudaram na primeira infância também estão em maior porcentagem quando se fala em casa própria. 36% desse grupo possuem casa própria, contra 13% dos que não tiveram a mesma oportunidade.

Quando se leva em consideração o salário, a diferença também é grande. 29% das pessoas no primeiro grupo possuem uma renda superior a U$ 2.000 mensais contra 7% do segundo grupo.

Pode ser senso comum pensar que intervir cedo na vida de uma criança oferecendo excelentes experiências de aprendizagem trará resultados positivos, mas a análise pormenorizada que levou o Federal Reserve a concluir que o dinheiro do contribuinte é mais bem investido nos primeiros cinco anos de vida de uma criança é feita de modo tão cuidadoso quanto um plano de negócios de uma empresa antes de uma tomada de decisão.

Também é fato que líderes empresariais enfrentam importantes decisões todos os dias. Escolhas que podem ter conseqüências imediatas ou a longo prazo. Uma série de boas escolhas se reflete em nossa base - a organização cresce e floresce. Se queremos que no futuro tenhamos talentos que possam levar adiante as nossas corporações e fazer com que o Brasil continue a crescer e seja elevado a um patamar de país realmente desenvolvido, é necessário cuidar das raízes desse ciclo hoje.

O destino econômico do nosso povo e nosso país depende também do engajamento de líderes empresariais. Se nossos filhos falham na escola por não terem o apoio inicial de que precisavam, quando era possível ter feito uma diferença real, como é que vamos encontrar funcionários brilhantes, curiosos e bem preparados que precisamos para garantir nosso futuro?

. Por: Rogério Arns Neumann, diretor executivo da United Way Brasil. | Perfil: United Way Brasil – A United Way Brasil (UWB) é uma organização social sem fins lucrativos, que atua captando recursos de empresas e de seus funcionários para investir em projetos de instituições sociais voltados à educação e à capacitação de jovens, com o propósito de incluí-los no mercado de trabalho. Recebeu do Ministério da Justiça o título de Oscip, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público¹. A United Way Brasil faz parte da rede United Way, presente em outros 46 países e territórios, somando mais de 3000 organizações pelo mundo

O Committee for Economic Development (CED) é uma organização independente, apartidária, de líderes executivos seniores de empresas e universidades que se dedicam à pesquisa de políticas sobre as principais questões econômicas e sociais de nossa época e à implementação de suas recomendações pelos setores públicos e privados.

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