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16/06/2010 - 08:50

Incubadoras para o futuro

Sempre fico muito empolgado quando vejo um produto de alta tecnologia chegar ao mercado depois de ter nascido numa sala de aula ou laboratório de uma universidade brasileira. Produtos atualmente incorporados ao cotidiano das pessoas, como os chips, computadores ou mesmo um celular, por exemplo, tiveram sua origem em instituições de pesquisa e desenvolvimento, ou em incubadoras de empresas, ou seja, em ambientes que estimulam a criação de novos produtos e serviços, que disseminam o empreendedorismo e/ou fomentam a criação de novas empresas. É um grande salto na capacidade humana de gerar conhecimentos e transformá-los em riquezas. Esse fenômeno vem acontecendo com freqüência crescente na região de São Carlos, interior de São Paulo, onde, em decorrência da existência dos Campi da USP, UFSCar, Embrapa, entre outros, há uma elevada concentração de doutores / Ph.D’s, sendo 01 doutor para cada 160 habitantes – a média nacional é de um para cada 5.423 habitantes. É importante mencionar que, a primeira incubadora brasileira foi criada no Município de São Carlos, no ano de 1984, numa iniciativa que contou com a participação do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura do Município de São Carlos, entre vários outros parceiros, que contribuíram para a concretização desta idéia. Desta forma, existe atualmente, nesta região, uma vigorosa cultura de incubadoras e geração de empresas, principalmente de base tecnológica.

As incubadoras surgiram de maneira espontânea. A experiência pioneira e certamente a de maior sucesso nasceu no final dos anos 1940 na Califórnia (Estados Unidos), quando a Universidade de Stanford buscou articular a produção de conhecimento científico à geração de novas tecnologias. Essa iniciativa propiciou vários empreendimentos bem-sucedidos, principalmente nos segmentos de micro-eletrônica, que foram a origem do famoso “Vale do Silício”. Tempos depois, o entendimento de que a sinergia entre a pesquisa acadêmica e as iniciativas empresariais potencializava o desenvolvimento tecnológico levou universidades e empresas à criação de um sistema planejado. Nasceram assim os parques tecnológicos, que se generalizaram pelo mundo a partir dos anos 60. Atualmente, eles estão presentes de maneira muito significativa nos EUA, na China, no Japão, na Europa e em Israel. No Brasil, a experiência surgiu timidamente nos anos 70; hoje, empresas originárias de incubadoras exportam para até para a NASA e tem suas ações negociadas na Nasdaq, a bolsa americana de valores eletrônica.

Em todo o mundo existem cerca de três mil incubadoras – 800 delas instaladas nos Estados Unidos. No Brasil, mesmo com muitos casos de sucesso, o número de incubadoras ainda é pequeno – algo em torno de 400. Cidades como São Carlos e outras, por serem pioneiras, são alguns dos locais onde a presença delas se faz notar de maneira mais significativa, principalmente nos últimos anos, quando o mercado de tecnologia descobriu o Brasil. E essa descoberta conseguiu inverter a tendência de “evasão de cérebros” existente até pouco tempo atrás, em que os quadros mais qualificados das nossas universidades iam buscar aperfeiçoamento e trabalho no exterior. Atualmente, ao contrário, muitos estudantes e executivos estrangeiros vêm para cá para compartilhar experiências com universidades e empresas nacionais.

E São Carlos, que foi pioneira na implantação de incubadoras no Brasil, prepara-se agora para entrar num patamar superior dessa iniciativa. Trata-se do lançamento do Parque Eco-Tecnológico Damha, que veio para viabilizar uma nova geração de iniciativas, incluindo a instalação de uma incubadora de empresas de base tecnológica, de um Núcleo de Inovação, além de um Centro de Pesquisa - CITESC-, entre outros. O Parque Eco-Tecnológico Damha incorpora o conceito de sustentabilidade às edificações e aos processos produtivos que serão instalados no local, de modo a minimizar os impactos e a preservar o meio ambiente. Desta forma, além do baixo impacto ambiental, o Parque priorizará também a instalação de empresas que realizam pesquisas e/ou desenvolvem produtos ou serviços, fortemente ligadas às universidades e institutos de pesquisas, ou seja, empresas voltadas a transformar conhecimento em negócios econômico, social e ambientalmente sustentáveis.

Numa era de grandes desafios, países emergentes como o Brasil despontam como portadores de alternativas globais. A cultura de criação de parques tecnológicos e de incubadoras de empresas, essencial para o desenvolvimento integrado de um país, ainda é pouco disseminada entre nós, mas certamente temos todas as condições de desenvolvê-la numa versão e visão mais moderna ainda. Assim, estaremos criando condições para ingressarmos efetivamente no clube dos países mais avançados seja do ponto de vista tecnológico, como social e ambientalmente desenvolvidos.

. Por: José Octávio Armani Paschoal, autor é presidente do Instituto Inova de São Carlos, entidade responsável pela gestão do Parque Eco-Tecnológico Damha do Município de São Carlos.

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