Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

17/06/2010 - 09:50

Matança em águas internacionais

A resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas que, em 1948, determinou a partilha da Palestina, previu a criação ali do Estado de Israel e de um Estado Palestino.

À época, a agressiva reação das lideranças árabes à instauração de um estado judeu levou à primeira guerra entre os dois povos. O conflito gerou uma situação adversa a que os palestinos também pudessem contar, em algum momento, com um Estado capaz de concretizar os seus objetivos nacionais.

Há um amplo consenso entre os analistas da realidade do Oriente Médio de que a pacificação daquela área passa pela criação de um Estado Palestino.

Condição prévia de sua instauração será o reconhecimento explícito, pelo conjunto de Estados árabes e islâmicos ali existentes, do direito de Israel à existência e ao estabelecimento de relações pacíficas com seus vizinhos.

Lastimavelmente, estamos longe disso. Veja-se, a título de exemplo, a atitude de um dos Estados mais fortes da região, o Irã, cuja população é de origem persa e não árabe. Sua liderança proclama aberta e reiteradamente sua intenção de varrer Israel do mapa.

Essa recusa ao reconhecimento do Estado de Israel é usada, pelos grupos mais extremados do governo de Jerusalém, para impor limitações à população palestina, em especial na faixa de Gaza, restringindo indevidamente os direitos de homens, mulheres e crianças e pondo em risco sua subsistência.

Esse emaranhado de hostilidades está na origem de um incidente que colocou Israel numa situação moralmente indefensável. Uma flotilha, fretadas por uma ONG turca, levava ajuda humanitária aos palestinos da faixa de Gaza. Em águas internacionais, foi atacada por forças militares israelenses. Parte dos ativistas que a integravam foi morta.

O governo de Israel justificou o ataque negando o caráter humanitário da expedição. E explicou o fuzilamento de ativistas, com disparos de moderníssimas armas automáticas, como um recurso de defesa de seus soldados.

Estes, ao desceram de helicópteros nos conveses dos barcos, encontraram resistência dos ativistas, alguns dos quais “armados” com bastões, canivetes e atiradeiras com bolinhas de gude...

A recusa do reconhecimento do mútuo direito à existência permanece como o principal fator de obstrução à instauração da paz duradoura no Oriente Médio. Quanto a esse aspecto, não há como isentar de responsabilidade nenhuma das partes envolvidas.

No caso específico do ataque à flotilha de ajuda humanitária, os excessos são todos de responsabilidade do governo de Israel, para tristeza e decepção dos que têm se empenhado no sentido de aplainar as arestas entre ele e seus vizinhos.

É esse, especificamente, o caso da Turquia, cujos esforços para reduzir as tensões naquela região sofreram um duro golpe com a reação desproporcional do governo de Jerusalém à viagem da flotilha humanitária e desarmada.

Não será por essa via que os israelenses alcançarão o seu objetivo de viver em paz dentro de fronteiras seguras.

. Por: Antonio Carlos Pannunzio, deputado federal, membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), é vice-líder do PSDB.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira